14.

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— Espera — interrompeu-a Christopher levantando uma mão —. Conheço bem o que segue. Passei por isto com Wendy, quando provamos à inseminação artificial. Foi então quando descobrimos que suas trompas estavam obstruídas.

— Sigo sentida porque não me disse nada.

— Já lhe disse que era algo muito pessoal — contestou Christopher desviando a vista.

E, evidentemente, não era assunto seu. Dulce não pôde evitar se sentir de novo ferida, igual à primeira vez, quando Christopher lhe contou.

— Sinto muito, não pretendia me meter onde não me chamaram — se desculpou Dulce vacilante —, mas me chateia um pouco saber que há partes muito importante de sua vida das que não sei nada. Quando éramos jovens compartilhávamos tudo, recorda?

— Faz muito tempo — respondeu Christopher rapidamente, cortante —. Deixamos de compartilhar tudo quando você começou a sair com aquela estrela de futebol.

Dulce ficou atônita ante a veemência que demonstrava Christopher. O Christopher que ela recordava sempre estava absorto em seus estudos, levantando dinheiro. Mal a ia procurar, mal tinha o que dizer-lhe quando ela ia a sua casa. Seria possível que ele se tivesse sentido ferido, naquele tempo? Teria o ofendido, sem nem sequer se dar conta? Dulce desejava perguntar, mas não estava segura de que nenhum dos dois estivesse preparado para manter semelhante conversa.

— Talvez devamos mudar isso desde agora. Se tudo sair bem, em menos de um ano pode ser que estejamos compartilhando uma família.

Christopher assentiu sem olhá-la, permaneceu em silêncio. Então, levantou uma mão e tomou a dela.

— Bem, é uma boa ideia — disse acariciando os nós de seus dedos com o polegar suavemente, criando uma intimidade entre ambos que percorreu suas veias —. Tenho a sensação de que isto sairá bem. Vamos estar muito bem juntos, em muitos sentidos.

Aquele calor começou a expandir-se pelo corpo de Dulce, e sua respiração se entrecortou, enquanto sua imaginação criava vívidas imagens de ambos, num desses sentidos nos quais se encontrariam muito bem.

— É... Sim, é provável — assentiu ela afastando a mão —. Bom, amanhã tenho que trabalhar, será melhor que nos vamos.

Enquanto despediam-se próximo ao restaurante, Dulce compreendeu que sua vida acabava de dar um brusco giro. Voltou-se para Christopher, levantando ambas as mãos, e disse:

— Obrigada.

— Graças a você, Dul — contestou ele sorrindo e tomando suas mãos para estreitá-las —. Ligo para você amanhã.

— Muito bem.

Dulce subiu no carro e foi para casa nervosa e contente. Quase saltava de alegria. Para ser sincera, tinha que admitir que não era o fato de que fora converter em realidade seu sonho o que mais a entusiasmava. Se tudo ia bem, se casaria com Christopher. E, apesar de que jamais tivesse suspeitado, a ideia lhe era imensamente atraente.

Um filho teu (Adaptação) Vondy Where stories live. Discover now