24.

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Naquela mesma segunda-feira, ao meio dia, Christopher olhou o relógio. Acabava de descer do avião, de volta de Chicago, e mal podia esperar para ver Dulce. No aeroporto buscou um telefone, desejoso de ouvir sua voz. Devia estar na galeria, pensou. No entanto enganava-se.

— Sinto muito, mas a senhorita Saviñon não pode atender ao telefone. Posso ajudá-lo?

— Diga-lhe que é Christopher.

— Não posso senhor, não está na galeria. Quer que lhe dê alguma mensagem?

— Quando voltará? — voltou a perguntar Christopher.

— Não sei lhe dizer, senhor.

— Que ocorre? Está doente?

— Pois... Quem é você... Um amigo?

— Sou, sim, suponho que essa seria uma boa descrição.

— Ainda bem! Está em casa. Por que não vai vê-la?

— E por que não está na loja?

— Não posso lhe dizer senhor.

— Está bem, esqueça. Irei vê-la em sua casa.

Christopher dirigiu para a casa de Dulce muito tenso, pensando na possibilidade de que ela tivesse perdido a criança. Sabia que os primeiros meses de gravidez eram perigosos. Buscou um lugar onde estacionar e subiu apressado para o apartamento. Chamou à porta e esperou. Esperou e esperou. Golpeou impaciente com o punho, e voltou a chamar. Finalmente, optou por utilizar a chave que lhe tinha dado Dulce.

— Christopher!

Christopher observou-a. Aferrada ao marco da porta, seu aspecto era lamentável. Com olheiras, o cabelo despenteado e revolto, suas bochechas pareciam mais delgadas, e estava suando. Era evidente que tinha perdido peso.

— Perdeu a criança? — exigiu saber, angustiado.

— Não — contestou ela perplexa —, estou... Desculpe-me — acrescentou correndo ao banheiro para vomitar.

Christopher foi incapaz de reagir, ante o súbito da situação. Depois de uns instantes recompôs-se. Não tinha perdido a criança, mas então, que...? De repente ouviu um som inconfundível. Fechou a porta principal e apressou-se ao banheiro. A porta estava encostada, quase fechada.

— Dul vou entrar.

— Não! — contestou ela, mal sem forças.

Mas Christopher não fez caso e entrou. Dulce estava deitada no chão, junto à pia. Tinha os olhos fechados e o rosto muito pálido. Christopher tomou uma toalha, molhou-a e ajoelhou-se a seu lado para secar-lhe o suor.

— Tem mal-estar matutino?

— Não, são constantes, todos os dias.

— Desde quando?

— Faz uma semana. A princípio só tinha uma ligeira náusea, mas a cada dia estou pior. Só estou bem quando deitada.

— Bem — contestou Christopher a agarrando por debaixo dos ombros e os joelhos para levá-la nos braços à cama —. Por que não me disse?

— Não queria preocupá-lo — contestou ela com voz débil.

— Onde está o telefone?

— Por quê?

— Vou chamar o médico — repôs ele impaciente —. Isto não é normal.

Um filho teu (Adaptação) Vondy Where stories live. Discover now