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Três semanas depois, Dulce estava sentada no escritório de sua casa, numa manhã, antes de ir ao trabalho, com gesto de enfado. A resposta do segundo banco tinha sido muito rápida, e o terceiro informava-a de que a comissão de empréstimos tinha decidido paralisar todos os créditos durante os próximos seis meses. Fechou um envelope para uma nova solicitação. Antes ou depois, teria sorte.

Durante os últimos dias, Dulce tinha estado buscando locais em outras avenidas, mas os aluguéis eram tão altos que teria sido uma loucura.

Enquanto seu principal competidor tinha celebrado a inauguração do novo local com alarde. Inclusive alguns dos clientes de Dulce tinham tido o descaro de lhe comentar, maravilhados, que a nova loja era espetacular. E, para cúmulo, ultimamente sentia-se mal. Dulce pressionou a tecla do computador que punha em andamento os pagamentos mensais. Durante toda semana, ao se levantar, tinha se sentido tão mal, que tinha sido incapaz tomar o café da manhã. Ao meio dia não comia mais que uma bolacha ou duas e um refresco, que parecia lhe acalmar o estômago. E para jantar, beliscava algo rápido. Não lhe apetecia nada, estava cansada. Custava-lhe levantar-se para ir trabalhar. E ao meio dia precisava apoiar a cabeça em algum lugar, e descansar. Christopher estava viajando toda a semana, e ainda demoraria outros dez dias mais para voltar. Ligava para ela todas as noites, mas Dulce não lhe tinha contado nada a respeito de seu mal-estar. Confiava que tivesse passado quando ele estivesse de volta.

Era ridículo, mas tinha saudades. Dulce caminhou animada pela rua em direção à galeria, esperando que seu estômago revolto se acalmasse. No dia anterior o mal-estar tinha-lhe durado quase todo o dia, mal tinha podido suportar o cheiro da comida, E tinha vomitado o jantar.

Deitada era como melhor se sentia, mas não podia passar o dia assim, sem fazer nada. No entanto nesse dia, à hora de comer, mal podia se ter em pé. Penny a encarregada, corria da loja ao depósito, onde Dulce tinha se sentado apoiando a cabeça no suporte do cabide.

— Deus meu, Dul, tem um aspecto horrível! Deveria ir para casa. Se isto é um vírus, que Deus nos proteja!

— Ora, obrigada, Pen! Acho que tem razão será melhor que vá para casa — contestou Dulce se agarrando àquela desculpa. Não queria contar a ninguém que estava grávida —. Por que não pergunta a Melissa, se pode vir hoje e manhã?

Penny assentiu e correu a ligar para Melissa. Depois, sem dizer nada, chamou um táxi para Dulce.

— Mas ainda é muito cedo! — queixou-se Dulce.

Um filho teu (Adaptação) Vondy Onde as histórias ganham vida. Descobre agora