29.

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Na manhã seguinte Christopher voltou a visitar Dulce no hospital. Levava uma caixa branca atada com dois laços embaixo do braço, que deixou sobre a cama.

— Olá, tudo bom? Sente-se bem hoje? — perguntou tomando-a pelo queixo e beijando-a brevemente.

— Bem — contestou ela desejando que aquele beijo se tivesse prolongado, e repreendendo-se ao mesmo tempo —. Pode ser que hoje mesmo me tirem o soro. De fato, vou tomar uma dieta leve.

— Bem.

— Mas isso não significa que possa comer.

— Verdade — assinalou Christopher sentando-se na cama —. Esta manhã fiz alguns telefonemas. Podemos casar-nos em dois dias.

— Dois dias! Bom... Está bem. Para isso tenho que sair do hospital, claro.

— Não parece que a ideia se entusiasme muito — riu Christopher.

— Não, é só que... Ultimamente custa-me acreditar. O médico quer ver como reajo quando me tirem a medicação contra as náuseas. Se voltar a sentir-me mal voltará a prescrever-me, e poderei ir pra casa — comentou Dulce sentando-se na cama —. Tudo bem com as coisas na galeria?

— Venho de lá, precisamente. Penny e Melissa estão trabalhando, e Penny tem outra garota, uma tal de Jil, de reserva — explicou Christopher a olhando esperando sua aprovação.

Dulce sorriu satisfeita.

— Venderam quatro peças da coleção Ramirez e uma bolsa de contas de cristal. As vendas mantêm-se.

— Essas são boas notícias — contestou Dulce. Emanuel Ramirez é um artista norte-americano, desenha jóias de prata. Mandou-me coisas realmente bonitas.

— Onde o conheceu?

— Em Arizona. Uma amiga minha viu suas peças. Ficou tão impressionada, que me chamou. Voei até lá e marquei uma entrevista. Trouxe-me algumas peças para provar, e ver se vendiam bem em Boston — sorriu Dulce satisfeita —. Foi um sucesso, sua mercadoria mal fica na loja.

— Gosta muito de seu trabalho — comentou Christopher.

— Sim, é excitante buscar novos artistas. Tenho pensado em introduzir presentes de bebê, quando expandir o negócio.

— Falando de presentes de bebê. Por que não abre este?

— O que é?

— Queria ser eu a dar o primeiro presente aos nossos filhos — contestou Christopher encolhendo os ombros.

Dulce abriu-o. Eram dois tigres brancos de olhos azuis. Dulce tirou-os da caixa e acariciou-os

— São lindos, poremos um em cada berço.

— Há outra coisa — sorriu Christopher.

Dulce se alarmou ante o tom de voz de Christopher. Lentamente, afastou os bonecos e olhou na caixa de papel de seda, tinha uma caixinha de joalheria dentro.

— Christopher, se é o que creio, não tinha por que...

— Shhh! — ordenou Christopher pondo um dedo sobre seus lábios —. Conhece-me o suficiente para saber que nunca faço nada que não deseje fazer, Dul. Abra-a.

Dulce pegou a caixinha de veludo. Dentro tinha um anel espetacular, tal como tinha imaginado. Com um diamante no centro e quatro menores aos lados, sobre a banda de ouro. Era elegante, clássico. E as pedras refletiam a luz ao movê-lo.

—É lindo, christopher, é... — comentou Dulce, tratando de acrescentar que não podia aceitar.

Christopher, no entanto, voltou a tampar-lhe a boca suavemente com a mão, dizendo:

— Obrigada, Christopher. Usá-lo-ei sempre.

Dulce reprimiu uma gargalhada, e ele por fim apartou a mão.

— Mas não posso aceitar — assegurou ela séria.

— Claro que pode. Vai ser minha mulher, a mãe de meus filhos. Algum dia dará este anel a um de nossos filhos. Tem ideia de quão feliz me faz? — acrescentou inclinando-se sobre ela para tomá-la pelos ombros. Sua voz era profunda, seu olhar intenso. Dulce vacilou —. Por favor, Dul. Não lhe dê mais importância do que tem. É tão bela, que quero lhe dar presentes bonitos — continuou lhe tirando o anel para deslizá-lo em seu dedo.

— Acha que sou... Bela? — perguntou Dulce aclarando a garganta —. Achava que me via como à vizinha gorducha que perseguia-o e a Emily Preswick, quando só tinha dez anos.

Um filho teu (Adaptação) Vondy Where stories live. Discover now