1.

700 36 0
                                    


"O gênio das finanças de Boston, Christopher Uckermann, fica em sexto lugar em nossa lista de solteiros mais cobiçados do Nordeste. Uckermann, de trinta e dois anos, multimilionário com interesses financeiros em negócios diversos, ostenta a patente de Securi-Lock, uma inovação tecnológica criada faz dez anos que tem revolucionado o mundo da seguridade no lar. Viúvo faz dois anos, e sem filhos, é um homem que fez a si mesmo. Vive no exclusivo bairro residencial de Brookline, em Back Bay, Boston, mede um metro noventa e dois e pesa noventa e três quilos. Se você quiser captar o interesse deste eminente solteiro de ouro, não precisará mais do que ir nadar, remar, ou fazer jogging".

Christopher Uckermann escutou seu acompanhante na mesa ocultando mal o mau humor. Olhou-a, e disse:

— Afasta isso de minha vista.

— Estou impressionada — respondeu Dulce Saviñon guardando a revista na bolsa com um sorriso e um brilho no olhar que Christopher conhecia bem, após terem crescido juntos —. Quem teria pensado que o fracote de meu vizinho ia se converter num "eminente solteiro de ouro"?

Mas a irritação de Christopher durou pouco. Dulce estava tão linda como sempre, com seu traje de jaqueta cinza e suas botas pretas, de inverno. Christopher sentiu uma vez mais a atração sexual que tinha sentido sempre por ela, só em sorrir.

— Se soubesse que ia trazer esse lixo, não teria vindo.

A verdade era que Christopher jamais teria desperdiçado uma oportunidade de ver Dulce. E ele sabia. Dulce tinha sido sua vizinha durante a infância, seu primeiro amor não correspondido durante a adolescência, e sua melhor amiga durante toda a vida. Encontravam-se todas as terças e quartas-feiras do mês para comer. Dulce sacudiu o cabelo ruivo lançando brilhos. Christopher era perfeitamente consciente de que mais de um homem a observava, no bar do hotel Ritz-Carlton.

— Pois me alegro de que tenha vindo. Tenho pensado em você, me perguntando se tudo estaria bem — respondeu Dulce contemplando o parque pela janela, com seus olhos verdes.

Christopher sabia que não se referia a tudo bem em geral. Na realidade, o que Dulce queria saber era se tudo bem estava depois da morte de Wendy. Ela lhe tinha feito essa pergunta todos os meses, ao longo de dois anos, no meio da conversa e de uma forma completamente natural. Mas naquele dia Christopher preferia não pensar nisso, de maneira que contestou com um tópico.

—A vida vai bem. Os negócios andam bem. E você, tudo bem?

— Bem — contestou ela com uma breve expressão de desaprovação, deixando passar —. Os negócios... São os negócios.

— Algo vai mal na galeria?

— Não, mau exatamente não — vacilou Dulce —. Esta manhã fiquei sabendo que meu maior competidor está se expandido. Por enquanto não me afetou, mas com um local maior, e mais mercadoria... Estou preocupada.

Dulce era proprietária de uma galeria de objetos artísticos a uma quadra dali, em Newbury Street, e provinha, de artigos seletos, aos ricos que aspiravam a um elegante estilo de vida. Christopher tinha comprado presentes muitas vezes, e sempre lhe tinha impressionado a qualidade e a exclusividade dos objetos ali reunidos. Os preços, por suposto, iam dirigidos diretamente às classes mais poderosas.

Um filho teu (Adaptação) Vondy Where stories live. Discover now