Começou a caminhar em direção aos arbustos. Olhou para os lados, se certificando de que ninguém reparava nela. Notou que todos os alunos passavam direto pelos gramados, indo em direção à saída. Ao chegar em frente as plantas, se virou e olhou para Dian, que a olhava confuso.

— O que estamos fazendo aqui?

— Aqui atrás tem uma passagem que vai nos ajudar a sair da escola. Você não tem motorista, tem?

— Não. Eu vou de ônibus. Moro em Pandiógeis. Bem, não eu, o Mike.

— Certo. Então, ninguém vai dar falta de você.

— Mas você tem motorista, não é? Bem, você é rica.

— Tenho. Mas vou me atrasar um pouquinho, e por isso mesmo tenho uma pequena impressão que ele não vai me esperar. Então, temos que sair por aqui. — Tirou sua mochila das costas e a jogou por entre as plantas. — Você vai achar uma parte da grade que está faltando, e vai sair por ela.

— Então..., estamos fugindo? — Ele deu uma pausa. — Isso é tipo uma aventura de um livro de fantasia, onde temos que fugir para fazer algo bem maior do que nós! — Ele sorriu. — Que daora!

Camila se agachou para entrar nos arbustos, sumindo, em seguida.

— Ley... Camila? — Dian a chamou ao perdê-la de vista.

Sentiu a falha na grade mais à frente, passou a mochila por ela e logo em seguida, passou o corpo, pegando sua mochila e se levantando em seguida.

— Vem! — Cochichou para o garoto, que estava ainda do outro lado da grade, dentro da escola. Ele deu um pulo para trás, arregalando os olhos.

Dian jogou a mochila no arbusto e se agachou. Depois de alguns segundos, ele se pôs ao seu lado.

— E agora?

— Agora... — Camila olhou para a esquina, mais a frente. Viu alguns carros parados ali. Por sorte, o de Bartolomeu não estava ali, pois sempre parava próximo à entrada da escola. — Vamos pegar um ônibus e ir para Presépsis. — Começou a andar na direção oposta da esquina da escola, indo para o ponto de ônibus que fora com Lucas, no ano anterior.

— Mas eu não tenho dinheiro! — Ele a seguiu. — Só para uma passagem.

— Eu tenho. — Sorriu, agradecendo mentalmente por ser quem era ali.

Quando chegaram ao ponto de ônibus que ficava em frente a uma praça, observou os veículos que passavam na rua, procurando algum ônibus em que o letreiro estivesse escrito "Presépsis". De repente, um pensamento a fez arregalar os olhos. Sabia onde Heliberto morava, mas não sabia como chegar, o que a fez levar a mão à testa.

— Eu não sei como chegar lá.

— Lá onde? — Dian perguntou.

— Na casa dos meus amigos.

— Dos outros como nós?

— Eu sei que é em Presépsis. Mas não sei como chegar.

— Lá tem algum ponto de referência? Podemos perguntar ao motorista do ônibus.

Vasculhou sua mente, tentando encontrar algum lugar que pudesse servir. Se lembrou do Satō Ichiba, o mercado que havia ido com Heliberto e Godofredo, na véspera de Natal. Seu rosto de iluminou com a descoberta, e não pôde deixar de sorrir.

— Claro lembrei. Você é um gênio, Mi... Dian!

Viu um ônibus escrito o nome da cidade que era seu destino, e fez sinal para o veículo parar. Antes de entrar, lançou um olhar para o outro lado da calçada, onde havia uma outra rua, na qual era onde se localizava a escola. Sabia que ao entrar no ônibus, estaria bem encrencada. Mas era necessário.

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Where stories live. Discover now