A Carta

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Então quer dizer, que tem alguém, que sabe de tudo?- Mozart falava, enquanto encarava a carta em sua mão.

Sim, e você vai colocar essa carta no correio, e eu, sinceramente espero encontrá-la em seu destinatário, se não, vou mandar eles entregarem a primeira carta que eu deixei lá, direto pra polícia- Mantinha uma calmaria em meu semblante que eu não fazia ideia da onde havia tirado, minha postura ereta, minha respiração normal, e minhas pálpebras, eu as batia sem pressa, tendo um sorriso ladino no rosto.

Pode deixar, eu entrego, fique despreocupada, pode confi...- O interrompo.

Nunca- Falei com o mesmo sorriso- Eu não vou cair na sua ladainha duas vezes, por isso estou te avisando do perigo, desde já.

_ele me pareceu um pouco nervoso, porém, em um instante aquele nervosismo passou. Nunca que ele se demonstraria abalado, principalmente por minha causa.

Foi apenas por isso, que você me chamou aqui?- Ele colocou a carta encima da minha cama, e me olhou com aquele seu sorriso irônico de sempre.

Não, não foi só por isso- Me levantei ainda o olhando nos olhos- Eu quero que você me ensine a atirar.

[...]

Sua expressão se caiu inacreditavelmente, ele com certeza não esperava por esse meu pedido, mas era o que eu queria, aliás, ele mesmo me disse que eu devia ter algo para me defender.

Onde... onde você arrumou uma arma?- Me perguntou receioso.

Não arrumei ainda, mas você vai arrumar- Me aproximei dele- Vamos, não é preciso horas, nem dias para que eu possa aprender, apenas, me ensine.

Assentiu, acredito que só iria fazer aquilo, pelo bem de todos. O que ele achava afinal, eu não iria matar ninguém, apenas queria ter uma garantia de segurança, não havia mais ninguém que eu confiasse para me proteger.

Nem ao menos Riley, para conseguirmos lutar juntas. Ela havia me abandonado, me trocado por Mozart, e já que ela acha que esse é o melhor caminho a se tomar, que ela possa continuar por ele.

Por que eu, vou atrás do meu.

[...]

Primeiro, tenha firmeza, o impulso do revolver pode ser muito forte pra esse seu corpinho aguentar- Ele ri.

Assim que eu aprender, meu alvo será você- Disse alto o suficiente, para ele calar sua risada.

Segundo, segure o cabo com a sua boa mão- O fiz- Terceiro, use sua mão, não dominante de apoio- Me perguntei como poderia segurar de apoio, o Mozart aproveitou para ter algum tipo de aproximação comigo, mas o empurrei.

Quer me ajudar, então em primeiro lugar, mantenha distância- O encarei.

Eu tô tentando te ajudar irmãzinha, nào tô dando encima de você não- Suspendeu suas em defesa, e logo após me ensinou como apoiar- Estique seu cotovelos, de uma maneira firme- Mirei para aquela árvore, que poderia servir para receber o tiro, e não atingir nenhum inocente- Engatilhe o revolver- Essa eu já sabia como fazia- Concentre-se, e mire- Disse baixo- Coloque o dedo, gentilmente no gatilho, não atire ainda- Exigiu- Preste atenção na sua respiração, nunca a paralise quando estiver se preparando para atirar.

Tem isso também é?!- Perguntei já irritada.

No três, você vai puxar o gatilho devagar, por que se você fizer isso com pressa, vai desviar do seu alvo- Foi para trás de mim- Use seus punhos e antebraços para absorver a pressão do tiro- Concentrei bem a minha força nos punhos- Um...dois...três!

Sente toda aquela energia percorrendo meu corpo em uma fração de segundo, a onda de choque passando pelos meus músculos e ossos, a pressão no rosto, um verdadeiro coice de mula no ombro.

Que sensação!

Um estrondo bem grande pode ser ouvido, os pássaros que haviam pousado naquela árvore, agora estavam voando, todos assustados, tanto pelo grande barulho, quanto pelo choque que eles sentiram.

Isso, foi, incrível!- Disse para Mozart enquanto abaixava a arma- Isso aqui tira o estresse de qualquer um, é mágico!

Eu sei...- Assentiu sorridente com a cabeça- Vai lá, atira mais uma vez, depois voltamos, eu ainda tenho um serviço para fazer hoje.

[...]

Essa arma é sua, está inteiramente carregada, e eu espero, que você nunca use nenhuma- Ele dizia enquanto pegava a carta na minha cama.

Estou só me garantindo, não confio mais em vocês, então não confio mais nas suas propostas de proteções para mim- Olhei a arma pela última vez, antes de colocá-la na gaveta ao lado da minha cama- Eu não preciso mais de nada, muito obrigada por me ajudar.

Não há de que- Me olhou, com uma certa repreensão, e saiu do meu quarto.

Esperei Riley entrar de imediato, mas pelo o que parecia, ela não iria entrar aqui. Então fui atrás dela, talvez a mesma estivesse envergonhada por eu ter descoberto seu plano.

_cheguei na porta e pude vê-la sentada em sua cama, tampando seu rosto enquanto chorava. Estralei a língua quando vi, não era possível que Riley, logo Riley, estivesse chorando por ter feito algo ruim.

Riley, por que você está chorando?- Perguntei encostando meu ombro no batente da porta.

Ela ergueu sua cabeça um tanto assustada, passou os antebraços fortemente pelo seu rosto, deixando aquelas marcas bem avermelhadas aparentes.

O que aconteceu?- Perguntei novamente, cruzando os braços.

Nada, nada demais...- Ela sorriu disfarçadamente.

Eu não vou colocar pressão nela.

Fui até ela, e lhe dei um abraço forte. Eu estava precisando tanto de uma amiga, e o fato dela com certeza ter contribuído pelo meu sofrimento, me magoou muito.

Mas havíamos passado doze anos juntas, crescemos juntas, aprendemos juntas. Eu não podia largar sua mão, iria dar uma segunda chance a ela, afinal, quem nunca errou por amor?

O Mozart já foi embora?- Ela perguntou assim que nós nos afastamos.

Foi, e espero que nunca mais venha- Segurei seu ombro, falei aquilo pro seu próprio bem.

É melhor ela se acostumar logo com essa ideia.

Não fala isso, pelo amor de Deus- Ela se curvou novamente e voltou a chorar- Ele tem que vir, ele prometeu que ficaria comigo.

Riley, pra que isso, o que aconteceu entre vocês dois mulher!?- Perguntei alterada.

Nada- Negou me olhando nos olhos.

Então pra quê esse desespero?- Suspirei fundo, depois dela não me dar uma resposta- Tenha um pingo de consideração por você mesma, se valorize Riley, já está provado que Mozart, assim como Edwin, não presta. Você não pode ficar se remoendo por quem não te merece.

Mas se ele não voltar Rebecca, eu morro, eu morro!- Gritou alto e se levantou da cama- Eu me jogo por essa janela, se ele não voltar, eu me mato!

Para de falar essas asneiras Riley!- Me aproximei dela, pretendendo dar-lhe mais um abraço, para tentar consolá-la, ou acalmá-la.

Não tô falando asneiras!- Gritou ainda mais firme e me empurrou- Mozart tem que voltar...- Tampou sua boca com o punho fechado, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas- Eu preciso dele Rebecca, eu preciso dele!!

CONCUBINAWhere stories live. Discover now