Dê Uma Chance

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Entra Rebecca- Edwin segurou meu ombro.

_me afastei de imediato dele, Edwin tinha perdido o direito de me tocar, e só vai me ter por perto por que sou obrigada, pelo bem de todos.

Dei passos para frente e entrei dentro daquela casa novamente, eu sabia que iria voltar para cá, mas não sabia que ia ser tão cedo. Com certeza algum vizinho dedurou a chegada de uma desconhecida naquela casa.

Finalmente vocês chegaram- Riley veio até mim sorridente- A festa com certeza foi ótima.

Veio mais uma onda de lembranças encima de mim e eu não consegui segurar a vontade de sumir que eu estava sentindo, não era um sonho, eu estava acordada e pronta para chorar mais um monte.

Passei trombando em Riley e subi segurando minha saia para que eu não tropeça-se, entrei naquele maldito quarto onde a lembrança da primeira vez que ficamos juntos vieram a minha cabeça.

Estávamos ali, estávamos bem ali demonstrando algum tipo de sentimento um pelo outro a um mês atrás, e eu fiquei aqui um mês sozinha esperando ele voltar para que aquela lembrança se torna-se realidade mais uma vez.

Eu fui tão boba de construir uma vida mentalmente para nós dois, fui tão boba que criei na minha mente um amor entre nós dois, sem saber que a única que se importava com essa besteira era eu.

Parambulei pelo quarto tentando pensar em uma saída para que eu não volta-se a chorar, alguma maneira que poderia haver para que eu não derrama-se mais lágrimas.

Fui até a cômoda e arrastei as coisas que haviam encima, em direção ao chão, haviam alguns objetos de vidros que se quebraram, empurrei a penteadera também.

Era óbvio que isso não iria aliviar a raiva que eu estava sentindo, será que não dava pra perceber, nenhuma carta, nenhuma ligação durante todo esse tempo.

Ele estava com sua família, e para manter o lance em segredo, não me escreveu, nem me telefonou. Me abandonou aqui, e se não fosse por Mozart, aquele infeliz, eu ainda estaria sendo enganada.

Mais uma peça que ele iria manipular facilmente.

Rebecca, para- Ele entrou e trancou a porta, sabia que eu não iria escutá-lo e sairia pela mesma- A gente tem que conversar.

Eu já falei que não quero ouvir você- Continuava andando de um lado para o outro com a mão na cabeça, tentando desestressar.

Eu sei que não, mas também sei que você não vai se aliviar enquanto não falar tudo que sente, enquanto não dizer o que está sentindo...- O interrompo.

Você quer que eu me humilhe, quer que eu confesse que cai no seu papo igual uma idiota!?- Perguntei parando de andar e o olhando com raiva- Você quer que eu fale como eu tô quase morrendo de raiva de você, que estou com raiva de não estar no lugar daquela mulher, de não ser ela, de não ser a mãe do teu filho!?- Gritei sentindo um fervor dentro de mim, me sentei na cama sentindo que iria cair de tanto que tremia de nervosismo- Quer que eu confesse o quanto estou decepcionada em ter te dado minha confiança, do quanto me arrependo de ter me aproximado de você, de ter ficado com você?- Chorei de cabeça baixa, rendida aquela dor- Eu digo então, por que diferente de você, eu não minto.

Deixa eu me explicar agora?- Ele veio se aproximando da cama.

Explicado o que?- Perguntei e ergui minha cabeça para olhá-lo- Explicar como foi o seu casamento?

Isso, exatamente isso!- Estapeou a mão em confirmação e se sentou na cama, ao meu lado.

Ah, deixa de ser um babaca- Me levantei da cama enxugando as lágrimas enquanto ia em direção a porta- Sai daqui Edwin.

Rebe...- Tentou novamente e se levantou para insistir.

Edwin, agora!- Gritei firme e abri a porta o encarando nos olhos- Por favor, vá em-bo-ra, a minha obrigação é te atender lá embaixo, está dentro do meu quarto e está me incomodando.

_se aproximou mais e tocou no meu rosto, virei desviando de seu olhar, eu tenho vergonha na minha cara.

Eu vou pedir mais uma vez para o senhor se retirar do meu quarto, ou se não, saiu eu- Sentia meu peito se elevar cada vez mais alto, meu coração batia com tanta força.

_ele se retirou devagar do meu quarto, e eu bati a porta com força, não estava afim de olhar para sua cara, não estou boa, e nem pretendo descobrir quando poderei estar.

[...]

Escutei batidas na porta...

Rebecca, posso entrar?- Era Riley.

_me levantei e fui até a porta abrir para ela entrar.

Voltei pra cama e me deitei apertando um travesseiro abaixo da cabeça novamente, ela se sentou olhando para frente, pronta pra me fazer milhares de perguntas, tenho certeza.

Quer compartilhar, dizer para sua melhor amiga o que aconteceu?- Perguntou calmamente.

_o quarto entrou em silêncio total, eu estava pensando em como dizer a ela. Eu queria falar pouco, e escutar muito, era a única pessoa que poderia entender o que eu estava sentindo.

Na verdade, qualquer mulher me entenderia.

O Edwin, está noivo- Fechei os olhos, como se isso me fizesse fugir daquela vergonha.

Entendi...- Respondeu de imediato- E você descobriu isso, justo na festa?- Assenti com a cabeça- Como a mulher dele reagiu?

Não reagiu- Disse tentando ser natural ao me lembrar dela- Sabe, o Edwin nem ao menos me convidou- Me sentei na cama pronta para contar tudo.

Como assim?- Se sentou de lado para que pudéssemos adentrar no assunto.

O Mozart. O Mozart planejou tudo, para que eu descobrisse ali, em uma festa de reencontro, aquele moleque só pensou no umbigo dele- Liberei tudo de uma vez, e ela se apresentou surpresa, não era de menos- Ele queria que eu descobrisse a verdade, mas fez isso sem pensar nos meus sentimentos.

Eu sinto muito Rebecca, você não merecia passar por isso- Pegou a minha mão e apertou- Sabe, não querendo defender ele nem nada, mas para pra ouvir a versão da história dele.

Não tem versão de história Riley- Acabei com aquela frase antes que ela fizesse eu mudar de ideia- Ele me enganou, enganou a mulher dele, o filho dele. Se eu tivesse exagerado quando descobri, neste exato momento eu estaria mal falada, e ele estaria esfregando aquele maldito sobrenome no asfalto.

Não estaria não, você sabe como é que funciona quando são os homens que traem- Negou com a cabeça- A mulher dele que seria taxada de idiota, e você sairia vitoriosa, olha essa casa Rebecca, ela é toda sua, a roupa que você tá usando, as joias, com certeza ela não estava mais sofisticada que você- Deu uns pulinhos para se aproximar de mim- O Edwin estava tentando te agradar antes de te contar tudo, ele te ama Rebecca, e faria de tudo para te ter ao lado dele.

Então que ele renegue aquela mulher, aquela vida, desfaça aquele noivado e venha viver comigo...- Me interrompe.

E o filho dele?- Ela perguntou.

Eu seria uma ótima mãe...- Me interrompeu novamente.

Você por acaso está se escutando?- Me perguntou- E se além de você passar vergonha na rua por ter sido traída, perde-se o homem que você ama pra outra, e ainda perde-se seu filho?- Se levantou da cama- Você está agindo igual o Mozart, aquele moleque!- Disse com desprezo- Pensa em vocês dois, é uma situação complicada, mas ele vai dar um jeito.

Igual ele deu um jeito de acabar comigo?- Perguntei me deitando novamente.

_achei que ela iria falar sobre como dar uma lição nele, não como aceitar o destino e deixar ele mais uma vez guiar minha vida, como ele está fazendo desde que eu cheguei aqui.

Eu não tô muito bem, vou ir dormir um pouco pra vê se passa- Ela foi andando até a porta enquanto pensava em me dizer algo- Sabe, pensa direito sobre o que você vai fazer, vê o lado dele antes de tudo, tá bom?

Não respondi, ela se retirou do meu quarto e eu fiquei com aquela dúvida na cabeça. Eu não sei se lhe daria a chance de se explicar, mas poderia tentar escutar, somente escutar.

CONCUBINAWhere stories live. Discover now