Estranhamente Atencioso

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Muito obrigado pelo chá, pela companhia, e pela partida de damas- Dizia pronto para ir embora pela porta já aberta- Foi um prazer te conhecer, mas já deu minha hora. Tenha uma boa noite.

Pegou minha mão e a beijou novamente, após alguns segundos me olhando daquela maneira em meus olhos, ele se foi e fui obrigada a fechar a porta e perdê-lo de vez da minha vista.

De toda a minha vida, ele foi o homem mais educado que eu já vi. Mas também um dos mais estranhos, por que em primeiro lugar tá o Sr. Baumann. Ele disse coisas que só quem tinha proximidade com aquele orfanato sabe.

Foi um campeonato? Foi! Mas isso não quer dizer que veio pessoas de outros países só pra me assistir jogar. Porém, não irei ficar pensando nisso. Vou subir, tomar um banho, escovar os dentes, e tentar ir dormir.

(...)

Olhei o relógio na minha penteadera e ele ainda marcava sete e quarenta e cinco da noite. Estralei a língua por ainda ser tão cedo, não tinha nem um pouco de sono, de fome, de nada.

Terminei de vestir minha camisola, e ao olhar para baixo, em busca de meu par de chinelos, pude ver minha mala entre um espaço vago do armário de sapatos.

A peguei por saber que haviam algumas coisas ali dentro, e logo de cara, vi um livro que tinha a muito tempo. Não era o meu preferido, porém, gostava de ler ele, mas já ficou chato.

Eu sei de tudo que irá acontecer, o nome é ODTA. Ele era muito bem escrito, mas eu não gostei muito do final, chegou até a me deixar bastante irritada.

Porém, depois eu entendi o conceito dele. Caminho pelo quarto lendo pela vigésima vez a sinopse na capa dele. Enquanto caminhava, pensei em ir buscar algum chá.

Talvez eu leia ele até dá sono, abri o porta e sai em busca do meu desejo noturno. Desci as escadas, planejando entrar no escritório, colocar uma xícara de chá na mesinha ao lado da poltrona que iria me sentar.

Mas ao abrir a porta percebi que os planos eram outros. O Sr. Baumann já estava lá, a minha espera possivelmente. Será que não poderia ser Mozart, destino?

Boa noite Sr. Baumann- Segurei firme o livro grande no decote da camisola sobre o meu peito- Não fazia ideia que o senhor estava aqui.

Não iria te chamar, só queria sair um pouco de casa- Respondeu frio como sempre. Ele não gostava muito de conversar, por isso ia sempre direto ao ponto comigo.

Saiu de perto da janela e me olhou com suas mãos no bolso, ele encarou o livro que eu segurava com firmeza e veio até mim para pegá-lo de minha mão, ou eu pensei que era isso que ele iria fazer.

Posso ver?- Perguntou estendendo a mão.

Claro...- Educação com Baumann não combina, aí tem Rebecca, cuidado.

_soltei o livro e o entreguei.

ODTA- Ele disse enquanto folheava- Por que você não adquiri sabedoria usando essa sua força de vontade de ler livros, ao invés de ler algo fictício e bobo?

Pronto, ele voltou!

Nada ver você perder tempo com essas bobeiras, mas fazer o que- Negou com o cabeça e me devolveu o livro com grosseria- Vem cá.

Passou por mim e abriu a porta saindo do escritório, decide segui-lo e confiar no que estava por vir. Subimos as escadas novamente, e fomos parar em frente a uma das portas que tentei abrir ontem.

Quando ele tirou aquele molho de chaves de dentro do seu bolso minha cabeça girou e minha pressão caiu. Como eu pude ter esquecido disso, ele matou América.

O que houve?- Ele se virou e analisou meu rosto- Está pálida, o que você tá sentindo?

Nada, foi só uma queda de pressão- Neguei com a cabeça andando alguns centímetros para trás.

Você almoçou hoje?- Confirmei com a cabeça- Vou perguntar isso para empregada depois, quero ter certeza- Se virou para a porta novamente e a abriu, logo após acendeu as luzes da enorme sala, me fazendo dar de cara com uma...

Biblioteca...- Falei maravilhada enquanto adentrava mais a sala.

Parecia até que a minha pressão tinha voltado ao normal, não tinha coisa que eu mais amava nesse mundo que não fosse ler. Todos nós temos que amar alguma coisa, eu amo letras.

Por que não me disse antes?- Queria adentrar mais as prateleiras, mas estava esperando o consentimento dele.

Por que tudo que você tem feito nos últimos dias é chorar, e ficar trancada naquele quarto, como quer que eu te mostre alguma coisa desse jeito?- Me olhou negando com a cabeça- Vai lá, escolhe quantos você quiser pra gente sair, aqui tem muita poeira e pode te fazer mal.

Vou fingir que não senti essa pontada de preocupação, e seguir rumo em busca de algo bom para ler. Tinha milhares, muitos, se eu pudesse, lia todos de uma vez só.

Com muita dificuldade em deixar muitos livros de escritores famosos para trás, escolhi apenas alguns escritores que eu não sabia que exista.

Nem a pau eu vou obedecer ele e mudar meu gosto por livros, quando eu tiver com vontade de ler algo do tipo, eu leio e pronto! Não vai ficar mandando em mim como se eu fosse uma criança.

Aqui, eu vou levar esses- Segurei três livros um pouco distante da minha roupa, se não iria sujar.

Ele acentiu com a cabeça e logo após se retirou da sala, obviamente fui atrás já que ele teria que trancar e não me deixaria presa naquela sala de poeira, pelo menos eu acho que não.

Vamos, lá em baixo a gente limpa- Seguiu rumo às escadas.

...

Eu olhava ele um pouco confusa. Ele pegou os livros das minhas mãos e nesse exato momento estava limpando eles, sem eu pedir, ou por obrigação, só estava o fazendo.

Confusa ficarei, nem adianta perguntar.

Vou mandar alguns empregados limparem a biblioteca, você vai poder ir lá quando quiser- Empilhou os livros que escolhi sobre a mesa- Pode ser?

Cla...Claro!- Respondi um tanto animada

_parou, e suspirou fundo de olhos fechados.

Volte pro seu quarto, já está tarde e eu já estou indo embora- Colocou o pano que ele estava limpando os livros perto do vasinho de água- Pegue os livros e vá.

Fiz o que ele me pediu sem estranhar nada, ele mandar em mim já estava na rotina, o que aconteceu antes foi pura obra do destino, e eu não prefiro perder tempo em pensar nisso ao invés de ler.

CONCUBINAحيث تعيش القصص. اكتشف الآن