Foi Eu

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Depois daquele banho me senti um pouco mais aliviada, mas não cem porcento, eu ainda estava pensando se dava uma chance para Edwin se explicar.

Mas antes que eu tivesse meu raciocínio concluído, comecei a escutar vozes alteradas nesse andar de cima. Vinha do quarto de Riley, era ela e Mozart discutindo.

Não, eu não vou ficar prestando atenção na conversa deles.

Me retirei do quarto e desci as escadas indo atrás de algo para comer, desde que cheguei não havia comido nada ainda, eu não podia ficar doente por causa disso, tinha que me alimentar.

[...]

Entrei na sala procurando alguma coisa para me distrair, não estava com vontade de ler, muito menos de bisbilhotar alguma coisa nessa casa, estava só andando.

Rebecca- Levei um susto quando ouvi a voz de Mozart.

O que foi?- Perguntei grossa após o susto.

Eu sei que você não tá querendo me ver, nem ver o Edwin, mas eu vou falar algo pra me defender, e você vai ter que me ouvir- Prossegui de costas com os braços cruzados- Você iria sofrer uma hora ou outra por causa disso, o Edwin nunca ia te contar...

E isso te deu o direito de se intrometer na nossa vida?- Perguntei e me virei.

Não, mas eu tinha que dar um jeito- Suspirou fundo e veio até mim- Eu só fiz isso pro seu bem, nunca foi minha intenção te machucar, mas você tinha que saber, e de um jeito ou outro, isso iria doer da mesma forma- Parou ao meu lado- Me desculpe?

Pronto, agora que eu ouvi Mozart, vou ter que ouvir Edwin também!

Se desculpar não vai fazer a dor que eu tô sentindo passar- Recostei na mesa do escritório cruzando os braços novamente- Mas você tem razão...

Eu sei o que poderia tirar essa dor...- Me olhou malicioso.

O que é?- Perguntei receiosa.

Nada de errado, aliás, você já é maior de idade- Se afastou de costas e foi até a mesa de bebidas.

Não Mozart, nem vê!- Reclamei, e me afastei da mesa.

Rebecca, só um pouco, daí você vai ver o porquê que bebemos isso- Vi ele colocando uma certa dose no copo- O gosto é ruim mesmo, mas a sensação é boa, prova um pouco.

_virei as costas para ele negando por completo aquela opção, mas ele era insistente demais.

Só um gole, e isso que você tá sentindo vai sumir- Era uma proposta tentadora, acabar com aquela dor.

_surgiu nas minhas costas e elevou o copo até a minha boca, para me fazer beber, mas não estava disposto a me obrigar.

Devagar, elevei a minha mão ao copo, e o segurei com um pouco de fraqueza, eu sabia que estava fazendo a coisa errada, mas ele havia me dito que isso acabaria com a minha dor.

_encostei na boca e bebi um gole daquele negócio amargo.

Calma, e devagar garota- Riu enquanto empenhou mais o copo para eu beber tudo.

_virei o copo de vez pretendendo tomar tudo, mas a porta se abriu, e em uma fração de segundos o copo estava no chão e eu estava tossindo para tentar desentalar.

Você tá maluco, eu já te avisei, fica longe dela!!!- Edwin gritava com Mozart enquanto o que eu mais me preocupava era tentar desentalar daquilo- Não percebe que está a machucando!?

Eu não tô fazendo nada de errado...- Dizia um tanto tranquilo pelo ato.

Não se faça de sonço, some daqui Mozart, some!- O empurrou pela camisa- E é melhor você não voltar mais aqui!

Recostei na mesa com uma mão no peito, o olhei se virar ainda irritado para mim, mas ele não estava irritado comigo, isso era óbvio. Eu ainda estava tentando relaxar após aquele susto.l

Mesmo depois de tudo isso você ainda não percebeu que o Mozart, não é de confiança?- Perguntou se aproximando de mim.

Eu sei que não é, mas qual o problema de beber?- Perguntei e olhei para o chão, vendo o copo quebrado no chão.

O problema não é você beber, o problema é você beber porque foi influenciada por ele- Disse olhando o copo também- Vem cá, deixa eu ver se te machuquei- Pegou em meu rosto e analisou para ver se não havia me machucado com aquela agressividade toda.

Ele olhava cada canto atenciosamente, e eu também prestava atenção em seus olhos rodando sobre meu rosto. Prestava atenção naquele homem que estava na minha frente, me fazendo lembrar do que ele fez.

Encostei em suas mãos para que ele as afasta-se de mim, mas eu não queria isso, o que eu realmente queria era que aquele episódio se apagasse da minha memória.

Que pudéssemos ser novamente um só, que pudéssemos ficar como éramos antes, discutir e depois estarmos juntos demonstrando nosso afeto um pelo outro.

Ele olhou em meus olhos, e sabia que eu o clamava como nunca havia antes, se aproximou, e selou nossos lábios acabando com aquela minha ansiedade.

Seu beijo calmo não me lembrava aquele cheio de desejo das nossas vezes antigas, mas era tão apaixonado, eu realmente estava pronta para cair em mais um papinho dele.

Não Rebecca, não se renda!

Me afastei dele percebendo o erro que estava cometendo, não iria ceder, não podia voltar a trás, ou então, seria enganada de novo, eu tinha que cobrar a verdade dele.

O que você veio fazer aqui?- Perguntei virando o rosto.

Eu vim te pedir mais uma vez, eu vim pronto até mesmo para te implorar, para me deixar explicar, me ouve, por favor Rebecca- Ele me prensou contra a mesa- Eu precisava te beijar, talvez seja o nosso último beijo.

Não finja que se preocupa com isso.

Tá Edwin, pode falar, mas saí...- Fechei meus olhos e o empurrei com os antebraços em seu peito.

Não, eu quero falar olhando dentro dos seus olhos, pra provar que eu não estou mentindo, você vai tirar suas conclusões- Pegou em meu queixo e virou em sua direção- A mulher que vice conheceu, Amélia, ela é minha noiva, mas eu quero que você entenda que isso não significa nada para mim. Eu simplesmente posso desfazer isso agora, pelo telefone- Abri meus olhos para encará-lo- E o Allan, ele já veio de outro relacionamento.

Então você já traiu sua noiva com outra pessoa?- Franzi o cenho para ele- E se simplesmente acha que pode terminar com Amélia pelo telefone- Me virei um pouco para trás, e peguei o telefone- Está aqui. Ligue para ela.

Rebecca...- Ele suspirou fundo- O Allan é filho de outro relacionamento meu... olha, só pra você entender, eu tô noivo dela a poucos meses. Eu não a amo e nem amei a outra... e...

Você só tá piorando as coisas- Neguei com a cabeça, sem compreender nada- E porquê só fica com quem não ama?

Por que...- Ele abaixou a cabeça e suspirou fundo negando- A mulher que eu amo nunca teve idade pra mim- Voltou a me olhar novamente- Em algum lugar da sua memória, Rebecca, eu estou lá, bem guardado em algum canto. Por que eu te conheço desde sempre, eu te coloquei naquele ofenato, e depois de tantos anos te perdi em meio a milhares de outras pessoas que tinham a mesma idade que você. Queria ter te tirado de lá a dois anos atrás, mas disseram para o responsável que dói te buscar, que já tinham te enviado para um convento.

Se afastou de mim, passando a mão no rosto, e se sentou na poltrona, sem coragem para me olhar novamente.

Eu me casei, com uma mulher que sempre esteve na minha sombra, ela sabia que eu guardava sentimentos por outro alguém, mas simplesmente decidiu que queria ficar comigo- Ele engoliu seco antes de terminar- Rosalía morreu poucos dias depois que Allan nasceu. Eu consegui cuidar dele, mas precisava de alguém, pedi Amélia em casamento e depois você apareceu. E além de tudo...- Ele se levantou e chegou bem próximo a mim- Por que, quem matou seus pais, foi eu.

CONCUBINAWhere stories live. Discover now