Capítulo 2

Mulai dari awal
                                    

— Era outra pessoa. Minha irmã gêmea, talvez. Não era eu não. Eu não faço isso, vou à igreja todo domingo!

Walter apenas suspirou, passando a mão pela testa, parecendo tentar pensar em algo. Então, ele se virou para encarar as crianças e os jovens uniformizados em sua frente.

— Espero que tenha ficado claro para todos vocês o que conversamos. — Concluiu rispidamente.

— Como vamos tomar café da manhã? — O garotinho de óculos perguntou. — Não existe mais cozinha.

O Diretor pareceu pensar por um momento.

— Vão ter que esperar.

O silêncio tomou conta do local, e ninguém se atreveu a falar mais nada, pois sabiam que, por mais que tentassem defender o que viram e o que aconteceu, o Diretor não iria os escutar, e talvez, até lhes darem algum tipo de punição. Porém, também sabiam que o Diretor possuía conhecimento do acontecido, apenas nunca admitiria.

A cada minuto que passava, a raiva de Tiago só aumentava. Não aguentava mais ficar olhando para a cara daquele homem. Camila estava desaparecida, e ele não estava nem aí. Mas não era surpresa alguma. O Diretor sempre esteve mais preocupado com a imagem que passaria à família que financiava o orfanato, do que com os órfãos.

Percebendo que ninguém falaria mais nada, o Diretor se virou e caminhou em direção ao corredor, junto de três Zeladores que estavam presentes no local. Antes de sumir pelo corredor, Walter lançou um olhar raivoso à Graça, que ainda estava parada na entrada do saguão. Ela apenas o encarou de volta, com uma cara de paisagem. Após isso, olhou para as crianças e adolescentes que a encaravam.

— Estão olhando o que, seus idiotas?

— Estamos com fome, Graça. — Uma garotinha comentou.

— Não é problema meu. — A Zeladora saiu cambaleando pelo corredor, até também sumir de vista.

☿ ☿ ☿

Uma semana já havia se passado desde o ocorrido. O Diretor e os Zeladores agiam normalmente perante a tudo que havia acontecido, e os moradores do orfanato ainda conversavam sobre o ocorrido, porém, escondido, pois uma nova regra havia sido imposta: todos estavam proibidos de saírem inventando "mentiras" como essa, ou seriam castigados severamente.

Camila realmente havia desaparecido, e a certeza de Tiago de que era ela quem estava na cozinha apenas aumentava ainda mais. Se perguntava se teria a encontrado caso também fosse sugado para aquela coisa, e se culpava por isso. Por que não foi? Por que justamente quando ele iria cair naquilo, a coisa simplesmente sumiu? Ele não entendia o que era aquilo, nem o que havia acontecido, e isso o frustrava.

Mas ainda tinha uma pouca esperança de que ela ainda estivesse por ali, e que nada de ruim tivesse acontecido com ela. Porém, ele sabia, no fundo, que era uma falsa esperança, e não se conformava com isso. Nunca mais a veria novamente? Já havia dias que não conseguia dormir direito, pensando no que poderia ter acontecido. Ela não estaria morta, estaria? Não queria nem pensar nessa possibilidade.

Olhou para o relógio digital em cima de uma cômoda, ao lado da cama da frente, e percebeu que eram duas e quinze da manhã. Os moradores do orfanato eram obrigados a irem dormir às nove, e desde aquela hora, não conseguiu nem ao menos fechar os olhos, como sempre. Seus sonos eram substituídos por pensamentos do que poderia ter acontecido, e por lembranças que passara com sua amiga, pensando que nunca mais poderia viver nada ao lado dela, o que a fazia se sentir exausto durante o dia.

Resolveu se levantar. Precisava sair um pouco e respirar ar puro. Então, saiu do quarto com o maior cuidado do mundo. Estava acostumado a andar pelo orfanato durante a madrugada. Já lhe era algo rotineiro, então, não sentia medo de ser pego. Sabia como não ser.

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang