93 - Não importa o que aconteça.

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Thomas se voltou para trás e avistou os dois guardas, ausentes até então, correndo na direção deles com rapidez. Não diminuíram o ritmo ao passarem por eles, apressando-se rumo à extremidade mais distante do Palácio. Nenhum deles portava mais o Lança-Granadas.

- Ei! - gritou Minho. - Voltem aqui!

O guarda de bigode olhou para trás.

- Disse para correrem, seus idiotas! Vamos!

Thomas não hesitou mais. Correu atrás deles, e Minho, Jorge e Brenda o seguiram. Relanceou o olhar para trás e viu um bando de Cranks em seu encalço. Pelo menos uma dúzia deles. E distante do grupo estava Scarllet, parada, os olhos perdidos nos Cranks malucos, como se não ligasse pro que fosse acontecer. Thomas freou, arrependido de ter a soltado. Sabia que isso poderia acontecer. Antes mesmo que pudesse fazer ou dizer algo, Minho já estava correndo de volta até a garota, agarrando sua mão com rapidez e a obrigando a correr ao seu lado.

- Nós vamos embora, Scar! - ele gritou enquanto corriam, a mão apertando a da garota como se nunca mais fosse soltar. - Eu não vou te deixar, entendeu? Não importa o que aconteça!

Thomas e os outros voltaram a correr, tentando alcançar os guardas mais a frente, mas não se distanciando muito do casal atrás deles. A mente de Scarllet pareceu finalmente ter retornado a terra, e agora ela se esforçava para correr ao lado de Minho. Pareciam estar relembrando os dias dentro do Labirinto, e aquilo com certeza era melhor do que fugir de Cranks Insanos.

- O que aconteceu? - perguntou Minho, as palavras entrecortadas pela respiração pesada.

- Nos expulsaram da Zona Central! - gritou o guarda mais baixo. - Juro por Deus que iam nos comer vivos. Escapamos por pouco.

- Não parem de correr! - gritou o outro guarda. Os dois de repente partiram em outra direção, aparentemente tomando um atalho.

Eles seguiram o caminho rumo ao Berg. Assobios e vaias os acompanhavam, os Cranks com roupas esfarrapadas, cabelos ensebados e rostos imundos continuavam os perseguindo. Mas ainda não haviam se aproximado o suficiente para apresentar risco. Naquele momento, Scarllet e Minho já haviam alcançado o grupo a frente, e não demoraria muito para alcançarem os guardas. As raízes de corredores continuavam impregnadas em suas veias, não importava quanto tempo se passasse.

O grupo conseguiu chegar ao portão e o transpôs sem se deter por um segundo sequer. Não se deram ao trabalho de fechá-lo, apenas se apressaram em direção ao Berg, a porta abrindo assim que Jorge acionou os botões do controle.

Alcançaram a rampa, Scarllet e Minho foram os primeiros a chegar. Thomas praticamente se lançou porta de carga adentro. Os três viraram-se e viram que os amigos estavam por perto, a rampa já rangendo ao começar a se mover para cima. O bando de Cranks que os perseguia jamais chegaria a tempo, mas ainda assim continuavam a correr, assobiando e bradando palavras sem sentido. Um deles chegou perto o suficiente para pegar uma pedra e arremessar contra ele. Ela caiu a alguns metros da nave.

O Berg decolou assim que a porta se fechou.

Jorge manteu a aeronave a alguns metros de altura, enquanto recuperavam o folego. Lá embaixo, os Cranks não eram mais uma ameaça.

Thomas, Minho e Brenda apinharam-se em uma das janelas da nave, assistindo à multidão em um delírio furiosos abaixo deles. Era difícil acreditar que o que viam ali era uma cena real.

- Olhem para eles. - disse Thomas. - Quem sabe o que fazia apenas a alguns meses atrás. Talvez vivessem em um prédio alto, ou trabalhassem em um escritório. Agora estão caçando pessoas como animais selvagens.

- Vou lhe dizer o que faziam alguns meses atrás. - disse Brenda. - Eram sujeitos infelizes, aterrorizados pela possibilidade de contrair o Fulgor, pela consciência de que a exposição a ele é inevitável.

Minho ergueu as mãos.

- Como podem se preocupar com eles? Que tal se preocuparem com meus amigos? Os nomes deles são Newt e Nick.

- Não pudemos fazer nada. - disse Jorge, da cabine do piloto.

- Cale a boca, seu mértila! Você não estaria dizendo isso se fosse Brenda dizendo aquelas coisas. -bradou Scarllet.

- Só voe para longe daqui. - disse Minho.

- Farei o melhor que puder. - respondeu Jorge com um suspiro. Ocupou-se com os instrumentos e pôs o Berg em movimento. Minho se esparramou no chão, como se houvesse derretido.

- Então é isso o que acontece quando um amigo lhe aponta um Lança Granadas? - perguntou a ninguém em particular, o olhar vazio perdido na parede.

Scarllet caminhou até ele, sentando-se ao seu lado. Segurou a mão solta do garoto sobre os joelhos e a apertou, a outra levando até o queixo de Minho e o erguendo para que ele a olhasse. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, e saber que nada que Scarllet dissesse mudaria aquilo era como se seu coração quebrasse em mil pedaços.

- Não vou te deixar. Não importa o que aconteça.

Ela sussurrou, tão baixo que Minho era o único que conseguia ouvi-la. Por fim selou os lábios nos dele por um segundo, para relembra-lo do que acabara de dizer e então terminando a conversa com um último sussurro;

- Você é o meu inalcançável.

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A Primeira - Maze RunnerWhere stories live. Discover now