A Majestade

4.Coroação

  Christian Yaron

Após emergir das águas, recebi um abraço apertado do bispo Nabí.

-Eu estou muito orgulhoso de você, meu filho. -Disse emocionado.

-Eu também.- Falei alegre.

Quando saí da piscina, meu corpo estava escorrendo de água. Minha tia Elza me encarava com horror. Os meus primos e tios também exibiam uma expressão de desgosto.

Eu não estava surpreso. Todos eles eram idólatras e cultuavam outros deuses. Além disso, estar naquele estado, molhado, na frente de todos era uma quebra na tradição, mas estava disposto a quebrar muitas delas.

A maioria do povo parecia ainda estar impactado com o que havia acabado de acontecer. Alguns sorriam como forma de aprovação, outros estavam tão furiosos que pareciam estar prestes a explodir.

-Majestade, precisamos prosseguir. -Ícaro disse me estendendo a capa Real.

Assenti e vesti a capa. Caminhei para perto do bispo Nabí e o povo se colocou de pé, enquanto eu me ajoelhei perto dele.

-Eu, bispo Nabí, consagrado e constituído como autoridade por Deus diante dos homens, estou aqui hoje para realizar a coroação de Christian Yaron. Agora iremos ouvir o juramento Real que ele escreveu. -O bispo anunciou.

Fazia parte da tradição de família fazer o mesmo juramento Real dos reis anteriores, mas eu não poderia seguir aquela tradição. Então, respirei fundo e proferi as palavras que havia ensaiado ao longo dos dias.

-Eu, Christian Yaron, diante de Deus e dos homens, prometo servir ao povo de Hézeq com todo o meu coração e com a minha vida. Prometo honrar a minha palavra e cumprir as minhas funções com excelência. Prometo reinar com sabedoria e paciência. Prometo ser o rei que Hézeq merece e seguir os mandamentos de Deus, a fim de conduzir o meu povo a uma vida de felicidade, prosperidade e paz. -Falei com convicção.

-Então, mediante a autoridade concedida por Deus, eu unjo a ti com o azeite, símbolo do Espírito de Deus, a fim de que Ele guie os seus pensamentos e ações. -Nabí derramou o azeite sobre a minha cabeça. -Assim realizo a sua coroação a rei de Hézeq.- O bispo pôs a coroa na minha cabeça e o anel Real no meu dedo. -Vida longa ao rei Christian Yaron, rei de Hézeq.

-Vida longa ao rei! -Todos repetiram em uníssono.

Coloquei-me de pé e sentei no trono. Em seguida, os servos, nobres e familiares passaram a me cumprimentar e entregar presentes, os quais recebi com profunda gratidão. Quando minha tia Elza aproximou-se, eu pedi paciência a Deus silenciosamente.

-Vida longa ao rei Christian. Espero que sua quebra nas tradições familiares não desperte a fúria dos deuses. -Ela disse secamente.

-Agradeço a preocupação, tia, mas tenho a convicção de que o meu Deus aprova essas mudanças. Ficar apegado ao passado não nos ajuda a construir um belo futuro.

-Se o seu pai estivesse vivo, ficaria envergonhado. -Ela disse ofendida.

-E é por isso que sei que estou no caminho certo, tia. Eu respeito a senhora e toda a nossa família, mas não colocarei tradições acima do bem-estar do meu povo.

-Venha, Elza. Ao que parece, não adianta discutir com Christian. Ele foi contaminado com essa praga de cristianismo. -Meu tio Oscar falou com arrogância.

-Querido tio, se o cristianismo for uma "praga", espero que se espalhe por todo o reino e encontre espaço na casa do senhor também. -Falei tranquilamente.