12. Perdão

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Christian

E seguindo o conselho dela, eu fui Buscá-lo.

Saí das plantações e fui para os meus aposentos. Em meu íntimo havia uma urgência. Uma sede que não era saciada por água.

Era sede DEle.

Aquelas palavras ficaram gravadas no meu ser: “Um homem sem o Espírito Santo é como um barco sem direção, que é levado pelas fortes ondas e acaba naufragando.”

Então, decidi falar com Ele.

“Senhor Jesus, o Senhor sabe como a natureza humana é difícil. Eu tenho uma coroa que homens me deram, mas não tenho poder. Por isso, peço a Ti, Pai: me veja apenas como um simples pecador.

Então, abri a bíblia e li:

“E, quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial perdoe os seus pecados. Mas, se vocês não perdoarem, também o seu Pai que está nos céus não perdoará os seus pecados. “ -Marcos 11:25-26

O rosto do meu pai foi trazido à minha memória e meu coração sentiu repulsa.

Eu já havia perdoado ele, então porque aquele versículo estava diante de mim?

Passei a mão pelos meus cabelos, eu estava atordoado.

Na cômoda perto da minha cama tinha uma foto minha acompanhado de Samuel. Como aquelas lembranças doíam. Eu não aceitaria esquecê-lo. Meu amado irmão, tão pequeno, tão inocente e tão alegre.

Ele poderia estar aqui comigo. Iria amar as plantações, ver o castelo cheio de pessoas, conhecer Pérola.

Ele amaria viver, mas o meu pai havia tirado a sua vida. Ele havia roubado o futuro do meu irmão e levado uma parte de mim.

Sutilmente, percebi que um sentimento amargo ainda existia no meu coração. E reconheci: era mágoa. Eu não havia perdoado o meu pai. Acreditei que havia superado isso, Ícaro, o bispo Nabí e até mesmo Pérola haviam conversado comigo sobre o assunto, mas eu estava enganado.

-Deus, reconheço que não perdoei o meu pai, mas o que ele fez foi imperdoável, Senhor! Ele matou um inocente!- Clamei com a voz embargada. -Como perdoar alguém que tirou a vida de um inocente? -Perguntei desolado.

E de repente, eu percebi.

Deus havia perdoado os assassinos do seu filho Jesus.

Perceber aquilo me constrangeu de tal maneira, que curvei a minha cabeça.

Ele havia perdoado primeiro e por isso, eu deveria perdoar também. Minha carne tremia. Eu não queria liberar perdão. Na verdade, não sabia como fazê-lo.

-Me ajude, Deus. Eu acho que...Eu acho que eu odeio o meu pai. Eu sinto tanta vergonha de quem ele havia sido e confesso que também tenho medo de me tornar alguém como ele. Aos meus olhos, o que ele fez é imperdoável, mas me ajude a ver com os Teus olhos. A enxergar com a fé e não com o meu coração. -Falei baixinho, quase em um sussurro. -Por favor, eu não vou conseguir sozinho.

Naquele momento uma batalha era travada entre os meus sentimentos e a minha razão. As palavras que deveriam ser ditas pareciam estar presas na minha garganta. Eu apertava as minhas mãos com força e sentia meu batimento cardíaco acelerar.

-Eu...-Respirei fundo.–Em nome do perdão que Deus ofereceu à humanidade e em obediência à sua Palavra... -Fiz uma pausa. -Hoje, eu perdoo o meu pai por tudo que ele fez. -Falei com dificuldade.

Imediatamente foi como se um peso saísse dos meus ombros. A minha consciência estava limpa. Eu havia me liberto daquilo que me impedia de receber o Espírito Santo.

Minha natureza humana não estava satisfeita, mas a minha alma estava em paz.

E isso bastava.

A MajestadeWhere stories live. Discover now