A Majestade

10.Coragem

Pérola

Os membros do Conselho foram saindo aos poucos da sala. O senhor de cabelo branco que foi o primeiro a concordar com as minhas ideias, aproximou-se discretamente.

-Senhorita Pérola, você defendeu sua ideia com garra e determinação. Você tem um caráter admirável. -Ele disse gentilmente. -Eu não tive a oportunidade de conhecer o seu pai, mas tenho certeza que ele era um homem bom, pois criou uma filha como você.

-Agradeço pelo apoio e pelas palavras. -Falei com a voz embargada, suas palavras haviam me comovido.-Desculpe, mas eu não sei o nome do senhor. -Lamentei e olhei ao redor rapidamente. Christian observava nossa conversa do outro lado da sala.

-De nada, senhorita Pérola. Meu nome é Álvaro. É um prazer conhecê-la e sua ajuda será sempre bem-vinda. -Disse cordialmente.

-Foi um prazer conhecer o senhor também.

Ele sorriu, pegou seus documentos na mesa, cumprimentou Christian e foi embora.

-Nós conseguimos, Pérola! -Christian disse com uma alegria imensa. -Obrigada por toda a sua dedicação! Agora poderemos fazer essa mudança tão essencial para nós. Já consigo ver a reação do seu Manuel, o responsável pelas plantações, ao saber dessa notícia. Ele ficará exultante!

-Sim, conseguimos! É bom ter esperança...-Falei refletindo sobre os anos de escuridão em nosso reino. -Agora, se me der licença, vou retornar para o meu quarto. Gostaria de compartilhar o que aconteceu com a minha família e ficar junto a elas. Kiara ficará muito feliz. Ela me ajudou nas pesquisas. -Expliquei.

-Sim, claro. Eu te acompanho até lá.-Disse prontamente. -Já devem estar sentindo a sua falta.-Como a sua mãe ficou após a cerimônia de sepultamento? E sua irmã? A perda foi muito recente, mas caso precisem de algo, por favor, não hesite em pedir.

-Minha mãe está arrasada, mas o Espírito Santo está sustentando ela. Vi que antes da reunião, ela estava costurando algumas peças de roupa para que eu possa vender em Mishpaha. -Falei de modo casual.

-Vender em Mishpaha? -Ele perguntou atento.

-Sim. Há outros centros comerciais na cidade e eu conheço diversos vendedores que apreciam os trabalhos da minha mãe. Assim poderemos nos sustentar de maneira digna.

Ele parou de andar e tocou no meu ombro em um gesto rápido.

-Pérola, me perdoe a intromissão, mas não acha arriscado voltar para Mishpaha? O último ataque lá feriu a sua irmã... -Falou preocupado.

-Sim. De fato é arriscado, mas não posso deixar de trabalhar. Principalmente agora na ausência do meu pai. -Falei desviando o meu olhar do seu. Ainda não parecia real que meu pai havia partido.

-Por favor, não se preocupe com isso.-Pediu.-Eu estou fazendo um planejamento para sustentar a todos durante a reconstrução do lares. Já conversei com Ícaro e vamos encontrar uma solução. Você não precisa se arriscar, ainda mais depois que recebemos essa ameaça do rei de Conquer.

-Tudo bem...-Falei pensativa. -Mas não ficarei parada por muito tempo. -acrescentei.

-Eu sei. -Ele riu consigo mesmo. -Você é uma guerreira natural.

-Sim, aprendi a me defender desde cedo, mas agradeço pelo apoio que me deu durante a reunião hoje. -Sorri ligeiramente.

-Jamais deixaria alguém te ofender. E cá, entre nós, a expressão deles foi impagável. -Falou em tom conspiratório e sorriu.

-Não foi? Achei que soltariam fumaça pelo nariz! -Falei imitando a expressão carrancuda de Sebastian e Marcus.

Isso provocou uma risada em Christian e eu o acompanhei. A risada dele era rouca e todos os seus dentes ficavam em evidência quando ria abertamente. Quem o visse agora, não o reconheceria como o homem que minutos atrás estava se impondo com tamanha autoridade.