Capítulo 44 - Parte 1

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Krystal ajudou Jade a tomar banho assim que embarcaram. Desfez com cuidado as trancinhas que já tinham embaraçado no meio das ondas rebeldes do cabelo ruivo dela e o lavou, pois estava cheio de areia.

Jade ficou encantada com a sala de banho do navio. Mesmo sabendo que aquela embarcação pertencia a família real, não imaginava que possuía aquele luxo. Na viagem de ida, não passou tanto tempo dentro do navio para precisar se banhar.

Depois de ajudar a irmã com o banho, Krystal fez um curativo no corte, que sangrava consideravelmente. Não era tão raso quanto imaginavam e demoraria algum tempo para cicatrizar. Os hematomas no pescoço estavam escurecendo, mas Krystal não disse nada. Jade sabia que as marcas estavam ali, não precisava de um lembrete.

Assim que se deitou na cama, Jade dormiu.

Nabi estava desmaiada na cama ao lado, vencida pelo cansaço.

- Espero que você durma a noite toda. - ela sussurrou para a gêmea, que dormia profundamente.

Aurora e Liz chegaram ao quarto praticamente ao mesmo tempo e encontraram as três irmãs adormecidas. Krystal tinha dormido sentada na cadeira ao lado; sua cabeça estava debruçada sobre o espaço que sobrava na beirada da cama de Jade.

- Ei, Krystal? – Liz sussurrou, tocando no ombro dela com cuidado.

Ela abriu os olhos imediatamente, olhando para os lados, assustada.

- Sou eu. – Liz continuou, e Krystal assentiu, ainda sonolenta – Vá para a sua cama. Você está toda torta, vai ficar dolorida depois.

Krystal assentiu mais uma vez e se levantou, esticando a coluna. Não disse nenhuma palavra, apenas caminhou até a cama e dormiu novamente. Exaustas, Aurora e Liz fizeram o mesmo.

...

Jade acordou incomodada com a claridade que entrava no dormitório que ocupava com suas irmãs. O navio possuía muito espaço, construído especialmente para transportar confortavelmente a família real de Kasen, juntamente com vários empregados, que sempre os acompanhava nas viagens diplomáticas. Eles não usavam os aposentos destinados a realeza, mas os dormitórios destinados aos empregados já eram muito melhores do que elas poderiam imaginar.

Ela se sentou na cama com cuidado, ainda sentindo uma dor incômoda no corte da barriga. A dor no corpo havia amenizado. Jade sentia muita dificuldade para engolir. Não queria nem imaginar o que faria para comer, se só de engolir a saliva já a fazia contorcer o rosto de dor.

- Bom dia! – Liz disse, entrando no quarto segurando uma bandeja de madeira com um bule e uma xícara.

- Bom dia! – Jade respondeu fazendo careta ao notar a rouquidão em sua voz.

- Trouxe um chá de hortelã para você. – a irmã mais velha se aproximou, sorridente – Conseguiu dormir bem?

Jade confirmou com a cabeça, pegando a xícara da bandeja. Tomou um gole pequeno do chá e, apesar de doer para engolir, a temperatura alta do líquido aliviou um pouco o incômodo.

- Que bom! – Liz a encarou com um sorrisinho suspeito. Jade estreitou os olhos, sabendo que ela queria dizer alguma coisa.

- Pode falar.

- Me prometa que não vai ficar brava comigo. – ela piscou os olhos, unindo as mãos na frente do rosto.

- Eles já sabem, não é? – Jade olhou para a irmã com impaciência, sabendo que aquilo aconteceria.

A razão de ter pedido que suas irmãs guardassem segredo sobre seus ferimentos era boba, de certa forma. Mas Jade não queria que a encarassem com preocupação, ou a tratassem com extremo cuidado depois de saberem que ela havia sido atacada. Conhecendo a personalidade do capitão, ela tinha certeza de que ele se sentiria responsável. Jade só queria que tudo continuasse como estava. Não queria que ninguém a olhasse com pena, nem pensassem que ela era frágil.

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