Capítulo 22

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A atenção de todos se voltou para o gatinho sem nome, para o alívio de Jade. Ela respirou fundo, massageando as mãos. Se afastou sem que ninguém percebesse, indo até sua tenda.
Ela pensou que tinha conseguido sair despercebida. Mas estava errada.

- Jade? - ela se virou, se deparando com um sorriso acompanhado daquelas covinhas.

- Oi?

- Já vai dormir? - San perguntou. Os olhos dele brilhavam com um pedido silencioso.

Por favor, não vá dormir ainda.

- Não... - ela deu uma risadinha nervosa. Por algum motivo, ficava tensa quando ele aparecia sozinho. - Só vou... ficar ali um pouco. - apontou para a tenda maior - Antes que alguém arranque minhas mãos fora. Você precisa de alguma coisa?

San ficou nervoso, um pouco tímido em dizer o que queria. Mas ele tinha ido atrás dela, teria que ir até o fim. Ele ficou em silêncio por mais tempo do que previa, e Jade o encarou, curiosa.

- Hoje o trabalho no navio foi bem puxado sabe... - ele apertou a nuca, sem conseguir olhar diretamente para ela - E eu estou com um pouco de dor...

Você poderia me fazer uma massagem? - ele pensou, mas não teve coragem de dizer. Preferiu dar indícios sutis do que queria.

- Por que não disse logo? - Jade pareceu um pouco preocupada - Onde está doendo? - ela pegou a mão dele por impulso, imaginando que San estivesse com dor nos punhos, como Nabi sempre tinha.

Ele não tinha parado para pensar nisso. Mas precisava de uma resposta rápida.

- No corpo todo, na verdade. - disse, fazendo uma careta de dor.

Jade soltou a mão dele, o encarando pensativa.

- Bom, já que está com dor no corpo, vamos ter que fazer um tratamento completo. - sorriu - Vem comigo. - ela fez um gesto com a mão, o chamando.

Sem conseguir conter a animação, San sorriu assim que ela virou as costas. Ele mal acreditava que tinha funcionado.

Poucos passos à frente dele, Jade tropeçou em uma pedra camuflada na terra. Ela acabou pisando na barra do vestido azul que usava, e por muito pouco não caiu de cara no chão. Por San, na verdade.

Vendo o tombo que estava para acontecer, San esticou o braço e a puxou antes que caísse. A virou de frente para ele num movimento rápido que fez Jade ficar um pouco tonta.

- Tome cuidado, eu não vou estar em todos os lugares para impedir você de cair. - ele repetiu exatamente a mesma frase que disse quando a impediu de cair, no portão da Vila dos Nobres.

Os olhos dela se arregalaram. A respiração ficou rápida e difícil de controlar. Ele não tinha o direito de dizer aquilo de novo, não tão perto assim.

- Então você lembra? - Jade conseguiu dizer depois de um tempo apenas olhando para o rosto dele, com aquela cara de choque.

San deu aquele sorrisinho encantador, que causava um frio no estômago dela.

Ele ainda segurava o braço de Jade. Ainda a mantinha a uma distância muito curta de si mesmo.

- Nunca disse o contrário. - ele piscou um olho, sorrindo.

O estômago dela deu um pulo; o coração acelerou e agora ela realmente estava tonta.

- Bom, não importa... - ela se afastou piscando várias vezes, olhando para todos os cantos, menos para o rosto dele - Vamos resolver seu problema.

Dessa vez, Jade segurou a saia do vestido, antes que tropeçasse novamente. Entrou na tenda correndo, enquanto San caminhava logo atrás, com um sorriso despreocupado no rosto.

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