Herança

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Voltei, voltei! Vocês estão felizes com esse presente de feriado?

Agradeçam a Carrocinha por metade das risadas desse capítulo.

E não esqueçam dos meus biscoitos!

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- Carol, você precisa...

Sem medo de ser interpretada de forma errada, Gattaz interrompeu Zé Roberto rapidamente antes que ele pudesse terminar de falar. - Eu sei. – Ela respirou fundo. O técnico havia pedido um tempo quando o placar alcançou 23x20 para o time adversário. - Eu sei. – A central repetiu. Ela aceitou a toalha que alguém havia entregue para ela, e começou a secar os braços enquanto se afastava um pouco do grupo de jogadoras que haviam se reunido em volta do técnico. - Só... Só me dá um segundo. Eu me acho.

Assim que terminou de falar, Carol deu mais alguns passos para longe, colocou as mãos na cintura e respirou fundo enquanto tentava organizar os pensamentos na sua cabeça. O jogo estava equilibrado, o que já era esperado, mas o Brasil não queria ter que enfrentar mais um tie-break contra os Estados Unidos. Depois da última final que os dois times tiveram, lá na VNL, outro tie-break era quase um pesadelo. Ainda mais agora, na final do mundial, quando elas estavam tão perto de ganhar um título inédito para a seleção feminina.

O Brasil havia ganhado o primeiro set por 25x22, e levado o segundo set também, por 28x26. No entanto, o time havia caído um pouco de rendimento no terceiro set, enquanto os Estados Unidos melhorou seu ataque de forma clara, e o time adversário acabou fechando o set com 25x19. Agora, no quarto set, o Brasil estava perdendo de novo, e a chance do jogo se alongar para outro tie-break era bem provável.

No primeiro set, Kudiess e Carolana haviam feito um paredão quase impenetrável, e Gattaz foi pouco acionada por Zé. Já no segundo set, depois que o jogo apertou um pouco, Gattaz entrou mais vezes e seu entrosamento com Macris foi essencial para que elas conseguissem pontuar. Gabi também fez milagre no fundo de quadra, e Roberta e Kisy entraram na inversão do 5x1 para fechar o set. No terceiro set, no entanto, nenhuma das substituições que o Zé tentou fazer foi o suficiente para impedir a derrota. Nem Ana Cristina, nem Kudiess, nem Kisy, foram capazes de inverter o placar do set que elas já começaram perdendo.

No quarto set, logo no começo, Kudiess e Rosamaria acabaram fazendo três pontos de bloqueio que abriram uma vantagem boa para o Brasil, e Gattaz também conseguiu mais dois bloqueios depois que ela entrou, mas os Estados Unidos acabou virando várias bolas e passou o placar depois de um erro de saque do Brasil. Enquanto Macris quebrava a cabeça tentando encontrar formas de rodar o time, Natália não estava conseguindo virar muitas bolas e Gabi acabava perdendo a chance de atacar por estar cobrindo o fundo de quadra.

Gattaz queria evitar, a todo custo, mais um tie-break contra os Estados Unidos. Primeiro porque todas ali já estavam bem cansadas, e segundo que o desgaste psicológico de estar ganhando um jogo por dos sets e acabar indo para o tie-break iria pesar demais. E ela sabia que seu papel maior ali dentro da quadra naqueles últimos pontos não seria nem tanto virar as bolas ou subir para bloquear, mas dar o apoio que o resto do time precisava para não desistir de lutar pelo título inédito.

- Água? – Seus pensamentos foram interrompidos quando Kudiess chegou do seu lado segurando uma garrafinha de água.

Gattaz aceitou, apesar de não estar com sede. - Obrigada. – Ela tomou só um gole, devolveu a garrafinha para Kudiess e, logo em seguida, o apito do juiz soou pelo estádio, anunciando o fim do tempo solicitado por Zé Roberto.

- Vai lá, - Kudiess incentivou, empurrando seu ombro de leve. - Arrasa.

Gattaz sorriu e se virou para entrar em quadra. - Gente, bora! – Ela bateu palmas, chamando a atenção do time enquanto todo mundo voltava para suas posições. - Sem desanimar. Um ponto de cada vez! A gente consegue! Vamos!

Life Goes OnWhere stories live. Discover now