Depois de tudo

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Mais uma vez gostaria de agradecer todos os comentários. Vocês são demais!

Esse capítulo tem alguns momentos engraçados para me redimir pelo último capítulo. Espero que gostem e aproveitem.

No próximo cap, veremos o lado da Rosa, então fiquem no aguardo!

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Quando foram para Tóquio para as Olímpiadas, a viagem durou mais de 24 horas. Foi a viagem mais longa da vida de Gattaz por dois motivos. Tanto pelo tempo de duração, apesar dela ter ido para o Japão algumas outras vezes para participar de competições, mas também pela ansiedade que sentia por querer chegar logo para começar a jogar. Era sua primeira Olímpiada, e mesmo que o time estivesse desacreditado por conta da derrota na VNL, Gattaz estava confiante que a seleção poderia ir muito além da competição.

As horas que passaram naquele voo pareciam não ter fim. Gattaz havia viajado na poltrona do meio, entre Rosamaria e Roberta. Ao lado delas, do outro lado do corredor, estavam Garay, Ana Cristina e Carolana. Nas primeiras horas de voo, foram conversando, rindo e se divertindo, mas, depois de três horas no espaço fechado, foi difícil manter o bom humor e a disposição de antes. Deu tempo de dormir, acordar, comer, assistir filme, conversar mais um pouco, dormir de novo, brincar de pedra, papel, tesoura, fofocar, dormir mais, e a viagem parecia nunca ter fim.

Até que, finalmente, chegaram em Tóquio e toda a alegria voltou enquanto elas andavam pelo aeroporto até o ônibus que as levariam até a vila olímpica. Antes mesmo de embarcarem, já estavam cantando, rindo e fazendo graça no meio do aeroporto. Para a maioria delas, aquela era a primeira experiência numa Olímpiada, e a felicidade de todas era contagiante.

A viagem de Gattaz de volta para o Brasil foi completamente diferente.

Ela pareceu ainda mais longa do que a ida para Tóquio, apesar de durar somente um quarto do tempo. A pessoa sentada ao seu lado era um desconhecido, ela não tinha vontade de comer, nem de assistir nenhum filme, mas tampouco conseguia dormir. Foi o caminho inteiro com os olhos abertos encarando o céu para fora da janela, vendo as nuvens e o mundo abaixo deles. Sua cabeça fervilhava com pensamentos que ela não conseguia afastar, não importa o quanto tentou. E, depois de fazer a conexão em São Paulo e finalmente desembarcar em Belo Horizonte, seu humor não mudou. Não se sentia alegre, nem tinha vontade de pular pelo aeroporto.

Quando encontrou Sheilla em uma das entradas, nem alívio conseguiu sentir. Abraçou a amiga quase que por instinto, dando um 'oi' simples e breve, e as duas começaram a andar pelo aeroporto em completo silêncio. Se Gattaz deixasse suas memórias fluírem, conseguiria lembrar perfeitamente de como Gabi e Rosa se perderam do grupo principal para entrar em uma das lojas do aeroporto e como encontraram as duas morrendo de rir cercadas por pokebolas. Talvez até conseguisse imaginar o peso de Brait em suas costas quando a líbero exigiu ser carregada porque estava cansada de andar até o ônibus.

Nem quando estavam voltando pelo mesmo aeroporto com a medalha de prata no peito Gattaz se sentiu daquela forma.

Era um sentimento sufocante, sem sombra de dúvida.

- Quer falar sobre isso? – Sheilla perguntou quando já estavam dentro do seu carro.

Gattaz ainda estava colocando o cinto e Sheilla nem havia fechado sua porta ainda. A central lançou um olhar para a amiga de longa data, mas Sheilla não recuou e, no fim, Gattaz foi quem desviou o olhar.

- Não, - disse.

Sheilla acenou com a cabeça, e se virou para fechar sua porta. Gattaz virou o rosto para olhar para frente, mas acompanhou os movimentos de Sheilla enquanto a mulher colocava o cinto e ligava o carro. Imediatamente o interior do veículo mudou de temperatura, ficando mais quente, e Gattaz percebeu que Sheilla havia deixado o ar ligado em algum momento. Decidiu não comentar e apenas esperou a amiga sair da vaga em que havia estacionado.

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