(44) A verdade

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Inko apertou o homem trêmulo em seus pequenos braços.

Aizawa não conseguia falar, seu choro contido escapando numa torrente triste e amrga. Tantas perguntas corroeram Aizawa por anos sem nenhuma resposta, agora novas questões se juntavam dando a sensação de estar afundando na lama.

Quando deixou a delegacia depois de conversar com o assassino, Eraser sentia-se insuportável quase como se sua pele estivesse o apertando. Descobriu também ser incapaz de falar com Present Mic. O loiro o culparia agora que sabe da verdade pela morte de Oboro?

Aizawa achou lamentável como um homem de mais de trinta anos acabou agindo feito um adolescente: fugiu.

Na hora não havia pensado muito sobre onde iria, apenas permitiu que seus pés o levassem por aí. Quando percebeu, já tinha apertado a campainha da esverdeada, ansioso por sentir o aroma da ômega pairando em seu nariz. Só quando afundou o rosto contra o pescoço delicado conseguiu recuperar um pouco dos pensamentos caóticos.

Estar abraçado á ela era recuperar a alma.

Não sabia como, mas acabou revelando seu passado. Falar sobre este episódio deveria lhe causar desconforto ou mesmo vergonha por expor um lado tão deplorável e frágil de si mesmo para ela.

Surprendentemente, não foi assim.

O alívio que envolveu sua alma era grande demais para colocar em palavras. Uma mordaça que não percebeu existir foi arrancada, deixando o ar entrar e conseguindo respirar novamente.

Inko o envolveu, Aizawa a abraçou com mais força instintivamente, podendo sentir que alguém estava lá para ele.

__ Sinto muito... não sei o que te dizer. __ a esverdeada o confortou incerta, como acalmar alguém que parecia ter tido seu mundo quebrado?

__ Não... precisa dizer... nada. Obrigado. __ Aizawa respondeu ainda trêmulo, a respiração entrecortada.

__ Talvez o quê vou dizer seja bobo... mas não se culpe. Você foi tão vítima quanto ele.  __ Inko murmurrou dando leves tapas nas costas musculosas.

__ Se eu não tivesse sido tão confiante... ou chamado reforços! __ Aizawa respondeu, sua voz traindo a dor que experimentava naquele instante.

A matriarca não retrucou a princípio, pensando na reação do moreno. O alfa estava completamente preso no "e se". A ômega conseguia entender esse sentimento.

A impotência, perda, desamparo. Carregar a responsabilidade por algo causado pelos outros contra sua vontade. O medo de enfrentar o julgamento das pessoas. Era um fardo pesado demais para qualquer pessoa.

Como consolar? Existia palavras capazes de curar isso?

__ Posso te fazer uma pergunta pessoal? __ Inko falou após deliberar por um tempo.

__ Uhum. __ Aizawa concordou, ainda tentando recuperar a fala.

__ Se você tivesse morrido no lugar do Oboro, o culparia? __ a esverdeada sussurrou baixo.

Aizawa saltou dos seus braços, totalmente perplexo.

__ Jamais! __ a voz alta não tinha nenhum traço exitante.

__ Não acha que Oboro pensaria a mesma coisa? Tanto ele quanto você não tinham como saber as intenções daquele bandido, então o quê mais poderiam fazer? __ Inko perguntou acariciando a bochecha do homem, enternecida com a vulnerabilidade mostrada nos olhos escuros.

__ Talvez... se pudesse.... __ Shota tentou argumentar, contudo já não tinha mais certeza.

Ele realmente poderia ter feito mais? Não tinha feito seu máximo naquele dia? Restava algo para tentar?

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