040. i'm afraid

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Hoje é finalmente sexta, e eu estou esperando Timothée vir me buscar no trabalho, a única coisa que eu preciso agora é de um descanso

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Hoje é finalmente sexta, e eu estou esperando Timothée vir me buscar no trabalho, a única coisa que eu preciso agora é de um descanso.

— Melanie, esse é pra você — senhor Alberto me entrega uma carta e eu estranho.

University of Waterloo.

Puta merda, ela chegou! Lembro-me de ter feito a prova para essa universidade, a mais ou menos 3 meses, na semana em que Timothée tinha rompido comigo, então, eu tive a certeza que queria cursar psicologia, para entender como a ação de outra pessoa pode afetar tanto os sentimentos de outra... Enfim. Abro a carta desperada, leio tudo correndo até terminar, estou em choque, totalmente em choque.

— Puta merda! Eu passei, eu passei! — grito feliz dando pulinhos. — Eu tenho uma bolsa na University of Waterloo — senhor Alberto aparece na porta de seu escritório e eu abraço ele.

Ele pula comigo, como duas crianças, após a nossa euforia eu olho pra carta, ainda não acreditando, vou analisar meu Gmail depois.

— Mas isso é ótimo, menina — ele sorri. — Quando começa o ano letivo?

— As minhas palestras começam em março.

— Bem, seu namorado está te esperando — olho pra trás e vejo o carro de Timothée. — De qualquer forma, estou feliz por você.

Sorrio e saio da livraria. Porra, meu namorado. Por um segundo me esqueci que a universidade é no Canadá.

— Oi amor — sorrio beijando seus lábios.

— Oi, vamos logo, não posso perder o por do sol hoje — ele diz animado e eu entro no carro meio frustrada.

Eu finalmente consegui me estabilizar aqui, tenho um bom emprego, um ótimo namorado, amigos incríveis... Mas é um universidade, uma ótima universidade. Céus, o que eu tenho a perder?

— Princesa, chegamos — ele diz saindo do carro, eu me desperço desses pensamentos e seguimos em silêncio até o topo da montanha, onde eu me sento olhando toda Hell's Kitchen, é um belo bairro, mesmo com a pobreza. Timothée se senta atrás de mim e eu apoio minhas costas em seu peito. — Como foi seu dia?

— Nada demais, atendi várias pessoas hoje e tomei um ótimo café.

— Claro, tinha que ter café — ele ri.

— E o seu?

— Parecido com o seu, comi um lanchão monstro — sorrio. — Florence apareceu lá, e nós ajudou... Ela faz bem pra Sasa.

— Faz, não é? — viro meu rosto pra ele. — Fico tão feliz que elas estejam bem.

— E eu fico feliz que nós estejamos bem — ele beija minha cabeça. — Sem tráficos, sem roubos, sem brigas, é apenas nós... Espero ser assim daqui em diante.

— É, evoluímos bastante, não acha? — rimos. — Brigávamos até por caixa de leite vazia na geladeira.

— As vezes isso acontece ainda — rimos mais ainda. — Mas, pelo menos, resolvemos com uma ótima transa.

— Confesso que já deixei a caixa de leite vazia de propósito — coloco a mão no rosto rindo envergonhada. — Sexos após briga são os melhores.

— Confesso que eu também.

— Vamos ter que parar com isso? — olho pra ele, e beijo seus lábios.

— Acho que não... Temos que manter nossa fama de surtados.

— Está certa — ele concorda sorrindo. — Olhe ali — ele aponta pra nossa frente. — Como já está visível as estrelas mesmo com o sol se pondo — sorrio e analiso o dia virar noite deitada em seu peito. Fazer isso todos os dias já virou uma necessidade, eu conseguiria ficar sem? — Mel, você pensa em um futuro planejado comigo?


— Como assim? — me solto e me viro de frente pra ele.

— Tipo... — ele coça a nuca nervoso. — Antes de você, eu também nunca pensava no dia de amanhã, mas agora, eu só consigo pensar no que eu posso fazer da minha vida pra melhor a sua. Como por exemplo, conseguir uma área boa no emprego, comprar uma casa maior, talvez na montanha — sorrimos, eu olho pro chão chateada comigo mesma.

Timothée começa a contar várias ideias sobre aonde podemos ter uma casa. Porra, eu sou uma vaca! Ele está planejando um futuro e eu vou morar em outro país. Passo as mãos no cabelo atordoada.

— Timothée, para! — digo alto e interrompendo. — Eu não vou ficar aqui.

Ele então, fica em silêncio. Não tenho coragem de olhar em seus olhos, olho pra grama em que estou sentada.

— O que? Do que está falando, Melanie? — suspiro fundo me levantando e ele faz o mesmo.

— Eu tenho uma bolsa em University of Waterloo, é um universidade no...

— No Canadá — ele completa frustrado, ele se vira pra mim e alisa o cabelo. — Porra, Melanie.

— Timmy, eu fiz a prova quando tínhamos terminado, eu não fazia ideia que ia passar, foi só para tirar meu tempo.

— Cursar o que?

— Psicologia — eu chego mais perto dele, mesmo ele estando de costas, sei que sente minha presença.

— Quando começa?

— Daqui 4 meses — abraço seu corpo, colocando minha cabeça em seu ombro. — Eu não sei se quero te deixar — cochicho. Ele beija a minha mão e eu acaricio seu rosto.

— 5 anos, hein? — Eu balanço a cabeça. — O que você pensa em fazer?

— Sinceramente, seria egoísmo se eu te perguntar quais são as possibilidades de você vir comigo? — ele se vira, ficando de frente pra mim.

— São poucas, nunca sai daqui, é a minha estabilidade.

— Eu entendo — deito minha cabeça em seu peito abraçando seu corpo, ele faz o mesmo. — Eu não quero ir, não quero.

— Você não pode perder essa oportunidade única, Melanie. Você é inteligente pra caralho, conseguiu uma bolsa em uma das melhores universidades do mundo, o que te impede de ir lá?

— Você — eu sussuro e grudo meus braços braços seu pescoço. — Eu estou com medo, Timmy.

Minha voz sai abafada, considerando minha boca estar na curva de seu pescoço. Ele me abraça mais forte, mas eu não ligo, espero que me abrace forte a vida inteira.

— Sinceramente? Eu também estou.

one more night, 𝘁𝗶𝗺𝗼𝘁𝗵𝗲𝗲 𝗰𝗵𝗮𝗹𝗮𝗺𝗲𝘁Where stories live. Discover now