Sinto uma claridade irritantemente insuportável entrar em conflito com meus olhos ainda fechados. Fundo meu rosto no travesseiro. Tem cheiro de pizza. Franzo a testa pois me lembro de ter lavado semana passada.Abro os olhos com dificuldade. Ah. Coloco as mãos no meu rosto irritada.
— Aquela vaca — xingo Lucy após ter me lembrado da noite passada.
— O que ela fez?
— Me expulsou da minha própria casa — respondo abrindo os olhos. — Espere — assim que percebo que não estou sozinha sento na cama assustada.
Apoio minhas costas na cabeceira e abraço minhas pernas.
— Que merda — resmungo. Há um garoto aqui. Há um garoto super gato aqui. Passo as mãos no cabelo ranzinza comigo mesmo. Meus reflexos matinais não são os melhores. — Está aqui a quanto tempo?
— Acho que meia hora. Você baba dormindo, sabia? — ele ri. — Pelo menos parece um anjo.
— Como entrou aqui? Eu me lembro de ter trancado a porta! — exclamo me levantando da cama apressada a procura de minha calça.
— Esse quarto é meu, tenho chaves reservas pela casa — paro de procurar assim que eu escuto. — Você me trancou para fora do meu quarto.
Tem como ser mais vergonhoso? Olho para o chão e rio de como sou patética, achei minha calça. Coloco imediatamente.
— Desculpe por isso — olho para o garoto que está sentado na cama em que eu dormi. — Você é o dono da festa imagino. Gostou da noite? — pergunto cínica.
— Foi boa... — ele se levanta e anda até mim. — Tirando o fato de alguém ter roubado minha água, meu quarto e minha blusa.
— Ah, você estava beijando aquela loira, não é mesmo? — ele concorda. — Não sou de rivalidade feminina, mas acabaria com aquela doida na porrada.
Ele ri e eu enfim acho meu coturno e minha bolsa, me sento no chão mesmo e o calço.
— Espero que não tenha transado na minha cama.
— Não fiz — o encaro debochada. — Apenas babei.
— Não tenho problemas com isso.
— Seu quarto está fedendo a meias e pizza — reclamo me levando colocando a bolsa em minhas costas.
— Acho engraçado que na hora de dormir nele, ninguém reclama — reviro os olhos rindo e abro a porta. Uau, a casa está mesmo uma bagunça. — Estou indo tomar café da manhã na lanchonete da esquina, quer vir?
— Estou sem grana — respondo me virando para ele.
— Bem, então vai ficar me devendo — ele me olha brincalhão e eu aceito. — Deixe eu apenas... — ele para de falar enquanto procura algo. — Achei — diz pegando sua carteira colocando no bolso. Ele é atraente e sexy em tudo que faz?
O garoto para em minha frente e levanta a mão como se esperasse eu passar, sorrio fechado e passo pelo corredor sujo de copos de plásticos e uma pessoa largada.
— Você sempre deixa estranhos dormir na sua casa?
— O que posso dizer? Sou um cara muito gentil — rio. — Qual é seu nome?
— Melanie Crawford, e o seu? — me viro para trás.
— Timothée — ele para em minha frente. — Timothée Chalamet, prazer.
Apenas sorrio e continuo andando. Olho para o lado e vejo aquela Millie e Finn dormindo juntos no sofá. Não é que ela conseguiu?
Devagar vou até a garota e tiro a chuchinha que está em seu pulso e ando até a porta da casa.
— Então você é ladrona? — Timothée pergunta saindo de sua casa e deixando a porta aberta e eu faço cara de dúvida. — É para quando eu voltar todos terem saído.
Rio e prendo meu cabelo em um rabo de cavalo alto.
— Está bom? — ele vem até mim e coloca alguns fios atrás da orelha. Seu olho é lindo. Seu cabelo longo bagunçado é lindo. Seu maxilar é lindo.
— Está ótima — caminho ao seu lado sendo guiada.
— É uma palavra muito forte.
— Como veio parar na minha casa, na minha cama, Melanie? — ele me encara.
— Como você deixou eu parar na sua cama? Você tem total de zero controle na sua casa.
— Você está certa, mas eu nunca estou sozinho.
— Eles são significam nada. No dia seguinte não há ninguém, você estará sozinho.
— Eu estou com você agora.
— Isso por que vai pagar meu café da manhã — rebato e ele gargalha.
— Então irei te pagar o melhor café da manhã que existe, entre — ele abre a porta da lanchonete para mim e eu agradeço. Entro no lugar, típico. Algumas mesas, balcão e bancos giratórios. Caminho até a última mesa enconstada na janela e Timothée se senta na minha frente.
— Bem, eu sou de Manhattan — coloco minha bolsa ao meu lado.
— O que te trouxe aqui? — pergunta Timothée colocando suas mãos na mesa.
— Eu não tenho uma boa relação com a minha madrasta... — coço a nuca. — Nós duas somos bem temperamentais, então você sabe... Ela me expulsou.
— Por que? Seu pai não fez nada?
— Meu pai morreu essa semana — sorrio. — Então, não temos mais nenhum vínculo. A casa está no nome dela, e na primeira oportunidade ela fez o que tanto queria. Não que eu quisesse morar lá, mas estava procurando um lugar.
— Sinto muito pelo seu pai.
— Não sinta.
— Bom dia, posso anotar seus pedidos? — uma mulher pergunta sorridente com o celular na mão. Olho para o cardápio e para o Timothée e sorrio.
— Eu vou querer um café médio, um misto quente, uma tapioca...
— Nossa, que fome — ela me interrompe rindo. Mas que porra? Rio irônica.
— E a merda de uma colher a mais.
No instante ela para de rir e anotar o pedido e me encara.
— Perdão?
— Para ele — sorrio inocente enquanto ele analisa tudo em silêncio.
— Okay, você não pode falar assim aqui — ela guarda o celular.
— Tudo bem... — analiso seu crachá. — Saoirse... Perdão, sinto muito — ela sorri. — Eu vou querer a merda de um café médio, uma porra de misto quente...
— Já chega. Charlie! — ela grita olhando para uma porta atrás atrás balcão.
— Ah, sim. Vá chamar o Charlie — cruzo meus braços. — E vê se o Charlie pode me trazer um misto quente, sua vaca — sorrio no final e ela me encara aterrorizada.
Me levanto rapidamente pegando minha bolsa e ando em direção a porta.
— Tchau, Charlie — grito antes de sair da lanchonete.
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one more night, 𝘁𝗶𝗺𝗼𝘁𝗵𝗲𝗲 𝗰𝗵𝗮𝗹𝗮𝗺𝗲𝘁
Fanfictionmelanie foi expulsa de casa e precisa de um lugar para passar a noite. por ironia do destino ela acha uma casa que está tendo uma festa. futuramente, melanie e timothée se tornam mais próximos do que deviam. entretanto, o amor será suficiente para f...