001. bye, charlie

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Sinto uma claridade irritantemente insuportável entrar em conflito com meus olhos ainda fechados

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Sinto uma claridade irritantemente insuportável entrar em conflito com meus olhos ainda fechados. Fundo meu rosto no travesseiro. Tem cheiro de pizza. Franzo a testa pois me lembro de ter lavado semana passada.

Abro os olhos com dificuldade. Ah. Coloco as mãos no meu rosto irritada.

— Aquela vaca — xingo Lucy após ter me lembrado da noite passada.

— O que ela fez?

— Me expulsou da minha própria casa — respondo abrindo os olhos. — Espere — assim que percebo que não estou sozinha sento na cama assustada.

Apoio minhas costas na cabeceira e abraço minhas pernas.

— Que merda — resmungo. Há um garoto aqui. um garoto super gato aqui. Passo as mãos no cabelo ranzinza comigo mesmo. Meus reflexos matinais não são os melhores. — Está aqui a quanto tempo?

— Acho que meia hora. Você baba dormindo, sabia? — ele ri. — Pelo menos parece um anjo.

— Como entrou aqui? Eu me lembro de ter trancado a porta! — exclamo me levantando da cama apressada a procura de minha calça.

— Esse quarto é meu, tenho chaves reservas pela casa — paro de procurar assim que eu escuto. — Você me trancou para fora do meu quarto.

Tem como ser mais vergonhoso? Olho para o chão e rio de como sou patética, achei minha calça. Coloco imediatamente.

— Desculpe por isso — olho para o garoto que está sentado na cama em que eu dormi. — Você é o dono da festa imagino. Gostou da noite? — pergunto cínica.

— Foi boa... — ele se levanta e anda até mim. — Tirando o fato de alguém ter roubado minha água, meu quarto e minha blusa.

— Ah, você estava beijando aquela loira, não é mesmo? — ele concorda. — Não sou de rivalidade feminina, mas acabaria com aquela doida na porrada.

Ele ri e eu enfim acho meu coturno e minha bolsa, me sento no chão mesmo e o calço.

— Espero que não tenha transado na minha cama.

— Não fiz — o encaro debochada. — Apenas babei.

— Não tenho problemas com isso.

— Seu quarto está fedendo a meias e pizza — reclamo me levando colocando a bolsa em minhas costas.

— Acho engraçado que na hora de dormir nele, ninguém reclama — reviro os olhos rindo e abro a porta. Uau, a casa está mesmo uma bagunça. — Estou indo tomar café da manhã na lanchonete da esquina, quer vir?

— Estou sem grana — respondo me virando para ele.

— Bem, então vai ficar me devendo — ele me olha brincalhão e eu aceito. — Deixe eu apenas... — ele para de falar enquanto procura algo. — Achei — diz pegando sua carteira colocando no bolso. Ele é atraente e sexy em tudo que faz?

O garoto para em minha frente e levanta a mão como se esperasse eu passar, sorrio fechado e passo pelo corredor sujo de copos de plásticos e uma pessoa largada.

— Você sempre deixa estranhos dormir na sua casa?

— O que posso dizer? Sou um cara muito gentil — rio. — Qual é seu nome?

— Melanie Crawford, e o seu? — me viro para trás.

— Timothée — ele para em minha frente. — Timothée Chalamet, prazer.

Apenas sorrio e continuo andando. Olho para o lado e vejo aquela Millie e Finn dormindo juntos no sofá. Não é que ela conseguiu?

Devagar vou até a garota e tiro a chuchinha que está em seu pulso e ando até a porta da casa.

— Então você é ladrona? — Timothée pergunta saindo de sua casa e deixando a porta aberta e eu faço cara de dúvida. — É para quando eu voltar todos terem saído.

Rio e prendo meu cabelo em um rabo de cavalo alto.

— Está bom? — ele vem até mim e coloca alguns fios atrás da orelha. Seu olho é lindo. Seu cabelo longo bagunçado é lindo. Seu maxilar é lindo.

— Está ótima — caminho ao seu lado sendo guiada.

— É uma palavra muito forte.

— Como veio parar na minha casa, na minha cama, Melanie? — ele me encara.

— Como você deixou eu parar na sua cama? Você tem total de zero controle na sua casa.

— Você está certa, mas eu nunca estou sozinho.

— Eles são significam nada. No dia seguinte não há ninguém, você estará sozinho.

— Eu estou com você agora.

— Isso por que vai pagar meu café da manhã — rebato e ele gargalha.

— Então irei te pagar o melhor café da manhã que existe, entre — ele abre a porta da lanchonete para mim e eu agradeço. Entro no lugar, típico. Algumas mesas, balcão e bancos giratórios. Caminho até a última mesa enconstada na janela e Timothée se senta na minha frente.

— Bem, eu sou de Manhattan — coloco minha bolsa ao meu lado.

— O que te trouxe aqui? — pergunta Timothée colocando suas mãos na mesa.

— Eu não tenho uma boa relação com a minha madrasta... — coço a nuca. — Nós duas somos bem temperamentais, então você sabe... Ela me expulsou.

— Por que? Seu pai não fez nada?

— Meu pai morreu essa semana — sorrio. — Então, não temos mais nenhum vínculo. A casa está no nome dela, e na primeira oportunidade ela fez o que tanto queria. Não que eu quisesse morar lá, mas estava procurando um lugar.

— Sinto muito pelo seu pai.

— Não sinta.

— Bom dia, posso anotar seus pedidos? — uma mulher pergunta sorridente com o celular na mão. Olho para o cardápio e para o Timothée e sorrio.

— Eu vou querer um café médio, um misto quente, uma tapioca...

— Nossa, que fome — ela me interrompe rindo. Mas que porra? Rio irônica.

— E a merda de uma colher a mais.

No instante ela para de rir e anotar o pedido e me encara.

— Perdão?

— Para ele — sorrio inocente enquanto ele analisa tudo em silêncio.

— Okay, você não pode falar assim aqui — ela guarda o celular.

— Tudo bem... — analiso seu crachá. — Saoirse... Perdão, sinto muito — ela sorri. — Eu vou querer a merda de um café médio, uma porra de misto quente...

— Já chega. Charlie! — ela grita olhando para uma porta atrás atrás balcão.

— Ah, sim. Vá chamar o Charlie — cruzo meus braços. — E vê se o Charlie pode me trazer um misto quente, sua vaca — sorrio no final e ela me encara aterrorizada.

Me levanto rapidamente pegando minha bolsa e ando em direção a porta.

— Tchau, Charlie — grito antes de sair da lanchonete.

one more night, 𝘁𝗶𝗺𝗼𝘁𝗵𝗲𝗲 𝗰𝗵𝗮𝗹𝗮𝗺𝗲𝘁Where stories live. Discover now