000. this water is mine

4.4K 364 135
                                    

Eu estou totalmente Fudida

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Eu estou totalmente Fudida. Com F maiusculo. As noites em Manhattan costumam ser bem quentes, mas para a sorte que eu possuo, hoje está gélido.

Eu poderia pedir ajuda para Lília? Acho que sim, entretanto ela deve estar ocupada com Jaeden. Eu definitivamente não quero ser empata transa.

Cruzo meus braços irritada por não ter opções nesse momento de crise e me sento no banco de ônibus vazio. Fecho os olhos e apoio minha cabeça na parede. Pense, pense, pense.

Eu poderia voltar para casa e dar uns tabefes na cara daquela velha, não seria ético. Sem contar que a casa está no nome dela, no que mudaria? Nem para meu pai estar vivo e presenciar Lucy me expulsando de casa, duvido que ele acharia ela tão incrível assim como dizia.

— Eu pretendo passar na noite na casa dele, ele nem vai notar, todo mundo sabe como fica a casa dele depois de uma festa sexta a noite — escuto risadas ao meu lado e é como se fosse um estalo. Como se minha vida dependesse disso. Abro os olhos e vejo três adolescentes sentados do meu lado.

— Oi, tudo bem? Vocês vão a uma festa hoje? — pergunto na esperança de encontrar um lugar para passar a noite.

— Sim, por que? Está procurando uma festa? — o garoto pergunta chegando perto de mim. Perto demais.

— Talvez — o afasto com minha mão.

— Sou a Millie — diz a morena estendendo a mão para mim. — Esses são Noah e Finn. Pode ir se quiser — Noah nem ao menos olha na minha cara, está ocupado demais no celular. Diferente de Finn, que está quase grudando em mim.

— É na onde?

— Hell's Kitchen, conhece? É aqui do lado.

— Ouvi falar, posso ir com vocês?

— Claro — ela sorri e se levanta. — Olhe, o ônibus chegou rápido. Tem dinheiro para passagem, não é? — concordo.

Entramos no automóvel e assim que me sento no banco ao lado de Millie suspiro pesado, como se fosse um alívio.

— Quando você disse que ia passar a noite na casa dele, quer dizer que...

— Que vou ficar tão bêbada que pretendo desmaiar na sala e só acordar no dia seguinte — rio fraco. Tadinha.

— O que aconteceu para te deixar assim?

— Traição — responde, Finn em nossa frente, o garoto e seu amigo viram os rostos para ter melhor visão de mim e a morena ao meu lado.

— Está louco, Wolfhard? — ela bate na cabeça cabeça cacheado. — Noção passou longe, não é?

— Eu que tenho que te perguntar isso, amanhã você tem que ir para a escola e está dando um chilique de adolescente.

— Mas amanhã é sábado — com medo me intrometo na conversa deles.

— Ela é líder de torcida, com reuniões aos sábados de manhã. Mas eu não vou deixar ela fazer o que acha que vai fazer.

— Isso é o que veremos — ela mostra a língua para ele. — Você estava fazendo o que naquele banco?

— Estava perdida — me viro para olhar as ruas escuras. — Queria algum lugar para ficar essa noite.

— Brigou com namorado, ou coisa assim? — rio de sua inocência.

— Coisa assim — decido não tirar seu pensamento sobre como eu sou parecida com ela. — Você está em qual ano da escola?

— Último — ela sorri animada. — E você?

— Igualmente — sorrio mentindo. De relance vejo Finn negando com a cabeça com um sorriso debochado. — E você, cacheado?

— Fazendo faculdade de teatro, primeiro ano.

— O quietinho ali também?

— Eu não faço nada — ele responde ainda com os olhos no celular.

— Era para estar terminando a escola comigo — Millie revira os olhos. — Mas ele desistiu.

Concordo com a cabeça e continuo olhando pela janela as pessoas que estão na rua. Millie me chama para descer após algum tempo e caminhamos pelas ruas por alguns minutos a mais enquanto eles conversam e conversam. Eu analiso tudo com clareza.

— Você não está na escola, né? — pergunta Finn quando nós dois estamos mais para trás baixinho. Eu nego e ele ri. É quase impossível não saber qual casa está dando festa.

Na rua, as casas são pateticamente parecidas. Todas pequenas e aconchegantes – o que eu imagino – mas tem aquela casa, onde tem luzes piscando, música tão alta que quase faz o chão tremer e pessoas se pegando em frente, é aonde eu irei dormir hoje.

Coloco as mãos no bolso da blusa fina que estou usando e entro da casa do completo desconhecido onde a porta já estava aberta. No momento está tocando Like a G6. A música me irrita de tão alta, é quase impossível de entender o que está acontecendo. Tento andar firmemente nas sou impedida pela aglomeração que existe aqui. Com muita dificuldade encontro a cozinha, o único cômodo com a luz acesa.

— Oi, com licença — peço para o casal que está na frente da geladeira se pegando, mas sou ignorada. — Porra, sai daqui — dou um leve empurrão no garoto.

Por livre e espontânea vontade a dupla de salivas se desgrudam e me olham feio.

— Que merda menina, estamos ocupados não está vendo? — a loira pergunta enquanto o garoto dos olhos esverdeados me encara de baixo para cima.

— Perfeitamente, pelo visto você está com problema de audição — rio, abro a geladeira e pego uma garrafa de água que está ali.

— Eu escuto muito bem, mas...

— Com licença, tenho mais o que fazer — a interrompo fechando a porta da geladeira, me viro para ir embora mas sou impedida pois o garoto segura meu ombro. — Me solta.

— Está água é minha.

— Desculpa, mas agora é minha — tiro a mão dele de meu ombro e saio da cozinha irritada. A casa é tão pequena como cabe tantas pessoas? Ando a procura de algum lugar em paz. Vejo o corredor vazio com algumas portas.

A primeira está trancada, a segunda tem pessoas transando, a terceira é o banheiro e finalmente... Finalmente, a quarta porta me da a entrada de um quarto vazio e silencioso assim que a fecha. Não tão silencioso, mas é razoável. Tranco a porta e acendo a luz.

Coloco a garrafa na estante que tem ali, o quarto está um caos total. Tem pôsteres de banda em uma parede. Bandas legais. Roupas jogadas pelo chão, resto de comida...

Tiro meu coturno, a blusa e a bolsa e as jogo em qualquer canto. Ando pelo local, tocando nos livros que estão empilhados no chão. Tem um pouco em todo lugar. São muitos livros. Abro o guarda roupa e pego uma blusa enorme preta e a coloco, tiro minha calça jeans e deito na cama de casal que tem aqui. Solto uma respiração pesada que nem sabia que estava presa e apago a luz.

one more night, 𝘁𝗶𝗺𝗼𝘁𝗵𝗲𝗲 𝗰𝗵𝗮𝗹𝗮𝗺𝗲𝘁Where stories live. Discover now