026. dancing in the kitchen with fridge light

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3 horas da manhã

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3 horas da manhã. E por que ele não esta na cama? Dou leves batidas no colchão a procura dele e nada. Acendo a lanterna do meu celular e bato na porta do banheiro do quarto dele. Já se passaram uns dias desde o lago, e eu só durmo em seu quarto, ele que pediu, e eu realmente achei fofo.

— Timothée, não acredito que você está cagando 3 horas da manhã — rio, mas a porta está aberta, ele não está no banheiro. Reviro os olhos, coloco seu moletom que está na cama e saio do quarto. — Timmy?

Escuto a chuva do lado de fora, está forte. Assim que saio do corredor, nem preciso ir para a sala pois vejo uma luz na cozinha. Caminho até o cômodo, e o encontro sentado no chão com um rádio pequeno tocando uma música baixa desconhecida para mim e uma garrafa de cerveja na mão sobe a luz fraca da nossa geladeira antiga. Parece vidrado na luz. Sorrio e caminho até ele, me sento atrás do moreno apoiando meu queixo em seu ombro, ele coloca sua mao na minha coxa e eu beijo suas costas.

— Está frio, e chovendo — falo baixinho. Olho pra geladeira. — E acabou o leite.

Ele ri. Eu coloco minhas mãos na porta da geladeira prestes a fechar, porém ele me impede. Pega minha mão e coloca em sua coxa, segurando a mesma.

— Não faz isso... Eu gosto, da luz.

— Mas duvido que goste da cobrança cara — dou uma risada casual. Me inclino para tentar fechar mais uma vez, porém ele me impede. — O que faz aqui? Está tarde.

Ele fica em silêncio, apenas pega minha mão e beija com delicadeza. Meus dedos acariciam seu rosto e como um gatinho, ele apoia sua cabeça em minha mão como forma de pedir mais.

— As vezes eu acho que nasci ao contrário, como se eu tivesse saído da minha mãe de maneira errada. As pessoas que eu devo amar, eu odeio.

— Você usou alguma droga? — pergunto baixo.

— Já odiei até Saoirse... — ele continua. — Mas você, Melanie? Em momento algum de todos esses meses consegui sentir algo negativo por você, cada célula sua me faz sentir bem e finalmente normal.

— Não precisa ser normal — faço carinho em seu cabelo. Não sei o que dizer em relação a isso, Timothée é complexo demais. — Eu gostei de você, sendo ao contrário.

Ele sorri e se levanta. E estende a mão para mim, juntando nossos corpos, vejo pouco dele, a luz da geladeira é realmente fraca. Ele coloca sua mão em minha cintura e eu apoio as minhas minas seu peito, junto com a minha cabeça, após um longo beijo.

— Você ainda não me respondeu o que faz aqui — pergunto balançando nossos quadris como um movimento desengonçado, porém ele me acompanha.

— Gosto do barulho da chuva...

— Mas está escutando música — ele ri. — Qual música é essa? Eu gostei dela, poderia até dançar.

Ele ri fraco segura uma de minhas mãos, como uma dança. Nossos corpos colados balançam de forma fraca e harmoniosa.

My Kind Of Woman, do Mac DeMarco. Devia escutar, é realmente boa.

Eu concordo e sinto ele apoiar sua cabeça em meu ombro, seus lábios quase tocam meu pescoço.

— Ótimo gosto musical, Chalamet. Realmente adorável — digo assim que a música acaba e ele sorri. — Vou pegar mais algumas indicações com você.

— Poderia parar de escutar só músicas dos anos 80, para começar — assim que ele diz outra começa a tocar. — Elas são boas, mas existe variedades incríveis pelo mundo de músicas tão boas quanto.

— Eu realmente gosto das músicas dos anos 80 — rio apoiando minha cabeça em seu peito enquanto dançamos. — Não sei se trocaria minhas queridinhas por essas.

— Entendo seu posicionamento — ele argumenta. — Mas terá que conhecer para dar uma opinião formada, se me permite dizer.

Eu rio de sua palhaçada.

— De fato, meu caro, senhor. Quem sabe, eu não deixo você usufruir da minha bondade para me aconselhar a novas canções.

— Você é demais — ele beija minha cabeça. — Aonde você estava esse tempo todo?

— Presa dentro da minha masmorra — ele descola nossos corpos, girando o meu.

— Ah, sim. Presa com sua madrasta maléfica e suas amigas falsas — rio.

— É, mas os ratinhos me libertaram para fugir e bom, o resto você já sabe...

— O bom e gostoso príncipe te resgatou de todo o sofrimento e tristeza, permitindo-a morar com ele em seu castelo mágico.

Ele beija meus lábios e a música começa a ficar agitada. No mesmo instante ele pega nas minhas mãos e começa a saltar como se fosse realmente uma balada. Eu rio e o acompanho.

— Essa eu sei! — digo em meio a diversão e gargalhadas. — Territorial Pissings, Nirvana.

Claro que sabe.

Cantamos um para o outro, como malucos, pulamos e dançamos e bebemos e rimos. Nada mais importa quando estou com ele.

— Acho que devemos voltar para a cama — digo colocando a garrafa de cerveja na pia. — Pode ser?

Ele concorda, e fecha a geladeira após uma hora na cozinha e seguimos em silêncio até a sua cama. Eu me deito em seu peito e ele começa a fazer carinho em meus cabelos bagunçados. Beijo seu peito sentindo o sono me abalar. Fecho meus olhos com leveza já pronta para dormir.

Mas antes disso, escuto as palavras baixinho saindo de Timothée, quase tão baixo que é como se fosse para eu não escutar:

— Sabe, eu acho que já sou completamente seu e eu serei seu até que as estrelas caiam do céu ou até que os rios sequem. Em outras palavras, até eu morrer.

one more night, 𝘁𝗶𝗺𝗼𝘁𝗵𝗲𝗲 𝗰𝗵𝗮𝗹𝗮𝗺𝗲𝘁Where stories live. Discover now