Capítulo 6: O território do Rei Vermelho

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Pelo céu Jinpo[1], a espada de Chuan Li, transportava sua portadora e Chuan Bei, cortando as nuvens e o ar, a aquela altura as pessoas embaixo se assemelham a formigas.

Mesmo Chuan Bei se mostrando tão útil, Chuan Li continuava recusando sua ajuda. Primeiro porque ela não queria o envolver em mais confusões, segundo pelo aluamento dele ser o pior período possível.

Assim como a mãe, Chuan Bei era o que chamavam de alfa extremista[2], devia ficar isolado até que o período acabasse para não machucar ninguém pois perdem a razão.

Chuan Bei no dia a dia tem o controle de corpo e mente exemplares mas não o suficiente para suprir o aluamento.

Com os braços para trás do corpo, o vento soprando o cabelo e roupas durante a viagem.

- Jiejie. - falou Chuan Bei manhoso.

- Não. Se você causar problemas, pode esquecer o casamento de Shu Mian. - disse Chuan Li sem desviar o olhar do caminho.

- Eu não senti nada, meu humor e meu corpo estão estáveis. Nenhum sinal. - continuou Chuan Bei.

- Já está resolvido. Eu fico muito grata por toda a sua ajuda, mas não vou arriscar por um capricho. - Chuan Li lançou um olhar de canto.

Chuan Bei suspirou pesado e virou o rosto. Quando Chuan Li decidia, ela ia até o fim não importa como. Ela ficou aliviada com a desistência.

5 anos antes,
a compra do território.


Chuan Li colocou vários sacos carregados com ouro na mesa velha de madeira, graças ao patrocínio de Luo Zhaoshi ela conseguiu o triplo da quantia original para fazer uma nova proposta.

- Isso é o suficiente?

O senhor fazendeiro viu todo o ouro e ficou em choque, em todos esses anos nunca havia visto tanto dinheiro. Já tinha perdido as contas de quantas vezes Chuan Li havia ido até lá oferecendo cada vez mais sacos pesados de ouro mas todas as vezes havia recusado afinal aquelas terras eram não só tudo o que tinha, também haviam várias famílias que moravam e dependiam daquele lugar para sobreviver.

O senhor ficou curioso perante tanta insistência e perguntou.

- Me diga, Chanceler, por que quer tanto essas terras secas? Elas não têm nada a oferecer à senhora mas é tudo o que essas pessoas têm.

Chuan Li finalmente viu uma oportunidade de falar.

- Se o senhor me permitir explicar dessa vez.

O senhor deu um sinal positivo e Chuan Li continuou.

- Como o senhor me confirmou, nessas terras existem apenas betas, ela é ideal para um alfa extremista ocupar durante o aluamento e por isso quero comprá-la. Não desejo expulsar ninguém daqui, as terras estarão no meu nome mas vocês poderão continuar usufruindo dela como sempre.

- Isso é um contrato? - o senhor perguntou.

- Aceite essa quantia e invista como desejar. Serei dona dessas terras e vocês os moradores, tudo o que peço é que sirvam o alfa enquanto ele estiver aqui.

- Ouvi dizer que alfas extremistas são agressivos, se ele fizer algo contra nós? E quanto a servir, o que ele pode pedir? - falou o senhor hesitante.

- Eu dou a minha palavra que ele não fará mal a nenhum de vocês desde que não o desacatem. Deverão servi-lo com coisas básicas como alimentação, acomodação e higiene. Para isso preciso de voluntários que sejam rápidos, afinal Chuan Honghua não é um homem paciente. Caso haja qualquer problema, devem reportar diretamente a mim. - Chuan Li foi firme.

Só após conversar com cada morador das terras o senhor aceitou a proposta. Os primeiros dias com a presença de Chuan Bei nas terras foram apreensivos. Graças aos feitos da mãe de Chuan Bei, os alfas extremistas ganharam uma péssima fama de serem criaturas destruidoras de sonhos.

O Pavilhão Shisu[3] foi construído especialmente para ele entre as demais casas, era confortável e de boa aparência, tinha dentro dela o suficiente. Quando Chuan Bei entrava lá não saía até que o aluamento tivesse fim, era o seu templo.

- Hongwang-zhongshi, vim preparar o seu banho. - falou uma jovem na porta do pavilhão.

Como de costume nunca havia resposta, os voluntários se adaptaram a bater na porta, esperar alguns segundos e entrar. Nunca se sabia o que ele estava fazendo, mas sempre estava de mau humor.

Chuan Bei sentado na cama, com os cabelos bagunçados e arrumando as roupas que trajava. Com um olhar de brilho carmesim sinistro encarava a jovem fixamente, acompanhando cada passo dado por ela como se esperasse uma falha para apontar. Aquele pavilhão carregava a aura pesada de Chuan Bei que parecia se divertir em ver os betas apavorados com sua presença.

A jovem tentava ignorar o fato dele estar lhe agredindo com o olhar dominante mas não deixava de engolir seco e sempre respirar fundo para manter a calma, ao mesmo tempo tinha que ser rápida preparando a bacia de banho, tudo tinha que ser perfeito: a temperatura, quantidade da água e de aromatizantes. Algo fora do lugar e certamente seria punida mas ela não foi escolhida a toa, três pessoas preparadas foram selecionadas para servir Chuan Bei, a primeira cuidava da alimentação, a segunda cuidava da acomodação, a terceira cuidava da higiene. Os três sabiam como Chuan Bei gostava das coisas.

Chuan Bei seguiu a jovem, se aproximava lentamente pelas costas dela como uma fera prestes a atacar a presa, a respiração pesada dele era audível, a tensão se espalhou no ar entre os dois naquele pavilhão, era como se ele tivesse relógio biológico que dava um tempo para seus serviçais terminarem suas tarefas.

A jovem que estava abaixada em frente a banheira se levantou.

- Seu banho está pronto.

Chuan Bei já estava a cinco passos dela, a jovem suava frio só se imaginar no que poderia lhe acontecer se excedesse aquele tempo duvidoso.

Chuan Bei ordenou com voz baixa, grave e rouca.

- Saia. - e ele começou a se despir.

A jovem abaixou a cabeça, se recusou a olhar sequer uma vez para Chuan Bei e saiu às pressas do pavilhão se segurando com toda a determinação até sair e fechar a porta daquele inferno. Ela colocou a mão no peito, era como se pudesse respirar novamente, toda aquela pressão em cima de si era impossível de se acostumar.

A mãe da jovem esperava por ela do lado de fora, estendeu os braços para a filha que correu para um abraço. A mãe disse.

- Já passou, você foi bem, muito bem.

O velho senhor que assistia episódios como esse todos os dias comentou.

- Eu já não sei se ele quer apenas nos amedrontar ou realmente fará algo. O que importa é que a palavra da Chanceler está sendo cumprida.

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[1]Jinpo (紧迫) significa Prensagem

[2] Alfas Extremistas, nesta obra, são muito territorialistas e possessivos, agem puramente com o instinto quando existem ômegas por perto. Principalmente durante o período de aluamento, detestam que existam alfas no seu território, todos os ômegas em seu campo de controle lhe pertencem, betas são vistos como peões mas são proibidos de estar próximos aos ômegas.

[3] Shisu (世俗) significa Secular

Os Proprietários do Luar: A Lótus EfêmeraWhere stories live. Discover now