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Percebi que talvez Mai não estivesse tão errada, talvez a gente devesse mesmo simplesmente pegar nossas coisas e dar a porra do fora

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Percebi que talvez Mai não estivesse tão errada, talvez a gente devesse mesmo simplesmente pegar nossas coisas e dar a porra do fora. Dinheiro não seria exatamente um problema. Um mês; pelo menos a porra de um mês. Era isso que eu queria, e percebi que nada seria fácil na minha vida a partir daquele dia se dependesse dos meus pais. Eles não perderam nem mesmo um segundo antes de me cercarem quando cheguei naquela merda de casa que eu tinha crescido, onde tinha sido infeliz pra uma porra e me transformado na definição de "criança traumática".

Não me importei muito com minha mãe gritando que eu só fazia merda. Não me importei muito com meu pai tentando acalmar ela, mas dizendo que eu era extremamente imprudente e deveria começar a agir como adulta. Não me importei com Saori cerrando os punhos e parecendo bem perto de dar uma porrada na cara dos dois. Apenas peguei o vaso de porcelana preferido da minha mãe, um que ela tinha comprado na França em uma porra de leilão, e atirei com força contra os dois.

Ambos gritaram, chocados, quando o vaso se estilhaçou dm milhares e milhares de pedaços azuis e verdes e rosas e roxos logo atrás deles. Os olhos da minha mãe se arregalaram em horror por eu ter quebrado o vaso dela, mas meu pai... Ele me olhou como se estivesse me enxergando pela primeira vez em praticamente dezoito anos.

Bem.

Agora, era tarde demais pra isso.

-Aí meu Deus!- minha mãe gritou, puta, tentando recolher os pedacinhos de porcelana no chão. -Você tá maluca, menina? Isso custou uma fortuna!

-Eu quero que você e seu dinheiro vão pra puta que pariu!- gritei, chutando a cadeira que caiu com um baque no chão. Minha mãe arregalou os olhos, a boca ficando aberta em puro choque. -Você, e você também. - falei, apontando o dedo para cara dela, e depois do meu pai. -Podem ir a merda, os dois! Porque sequer tiveram eu e Saori se vocês odeiam a gente?

-Odiar vocês! Que piada!- minha mãe gritou. -Se isso fosse verdade, teríamos mandado ambas para longe!

-E não foi isso que fizeram? Passei dois anos longe dessa merda, e vocês sequer se preocuparam o suficiente pra saber onde eu e ela estávamos, se estávamos vivas?- berrei, cerrando o punho e o chocando contra a madeira da mesa.

-Claro que sim! Sabíamos exatamente onde estavam, sempre soubemos, só queríamos que quisessem voltar para casa por livre e espontânea vontade. - meu pai protestou, claramente tentando acalmar a situação. Eu ri, uma risada venenosa.

-O caralho! E sabe o que eu queria? Queria pais que se importassem comigo, porra! Não um pai que só aparece pra dar dinheiro como se isso fosse suprir todo o resto, ou uma mãe que deixa claro constantemente que não atendo os padrões dela! Que não sou o que ela esperava! Ah, e é ainda pior com Saori, vocês sequer enxergam ela! Eu cuidei dela, e isso era trabalho de vocês!- eu disse com irritação, piscando os olhos para afastar as lágrimas de raiva que surgiram em meus olhos. Saori estava ao meu lado, suas mãos nas minhas costas, tentando me acalmar. Mas sabia também que ela nunca ia me segurar. Não contra eles.

Black Goshawk • Tokyo RevengersWhere stories live. Discover now