Capítulo trinta e oito

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Capítulo trinta e oito: E o amanhã?

JULIE

— Então, me conte! — ele implora. — Me sinto idiota por amar alguém que ao menos me conta as coisas. — suas mãos repousam em minhas bochechas. Seu dedo indicador pega uma lágrima escorrendo.

Olho para céu e todas as estrelas nele. Prendo a respiração. Abre o jogo, Julie.

— Meu nome é Julie Molina. Molina é sobrenome da minha mãe. — Outra lágrima teimosa cai. — Tenho 15 anos e minha mãe morreu faz um ano. Tenho uma bisa-avó, a qual conheci a pouco tempo. Eu morava com ela até começar... a ter alguns problemas. — não entro em detalhes. — Willie é apenas um amigo. No dia da lanchonete, fomos a Las Vegas. Não para curtição, é porque Willie precisava da minha ajuda. Ele implorou e me arrependo de não ter ao menos lhe avisado. Vacilei. — admito. — Acho que podemos deixar isso no passado. — ele concorda com a cabeça. — Hoje, eu fui ao hotel. Tomei café com uma garota muito legal e ela me disse coisas bonitas. — suspiro. — Eu não tinha roupa para ir a festa, então fui comprar e as suas fãs me reconheceram. Não tive a intenção de te preocupar. Eu sinto muito por fazê-lo duvidar sobre meus sentimentos.

Ocultei a maior parte, porém espero que a explicação seja suficiente.

Eu queria contar tudo desde do início, com toda a verdade sobre o que vai acontecer.  Só que é necessário manter um pouco da integridade que restou. Eu nos salvaria de toda essa situação, se pudesse.

Luke suspira. Não é um suspiro de quem ainda está irritado. É de quem se sente envergonhado por ter agido daquela maneira. Ele quer perguntar e saber mais. No entanto se contém.

— Eu também sinto muito, Julie. Pela sua mãe, pelo Willie e por você. — vejo o arrependimento de ter ficado chateado comigo.

Não quero que ele se sinta assim. Estava no seu direito. Eu também acharia estranho. Além do mais, não está errado.

— Não se desculpe, Luke. Só quero que saiba que pode confiar em mim. — sou sincera. — E meus sentimentos por você são reais.

Ele brinca com as mãos e então fixa seu olhar bem distante do meu.

— Não imagino sua dor ao perder sua mãe. — Luke diz tão baixinho. Essa parte da minha revelação parece ter lhe tocado. Seus pensamentos estão em outro lugar.

Ou então, em outra pessoa.

— Não foi repentinamente. Pude me preparar. — explico. — Não foi uma surpresa o que aconteceu, mas nós nunca estamos prontos para dizer adeus para aqueles que amamos. — a brisa bate levemente no meu rosto. A pontinha do nariz do Luke está até vermelhinha. É uma noite agradável, apesar da conversa tão pesada.

— Você tem razão. Nunca estamos prontos para um, de fato, adeus. — Luke está bem pensativo. — O que sua mãe fez quando soube que iria morrer? — Minhas lágrimas secam. Os olhos dele também parecem mais contidos. A conversa parece tomar outro rumo. — Se eu soubesse que iria morrer, tentaria consertar as coisas com meus pais. Iria em um parque de diversões, assistiria aos filmes preferidos do Alex... — ele ri. — Eu pagaria muitas pizzas para Reggie e consideraria dar um hamster a ele. E o Bobby, eu... eu... não saberia me despedir dele. É difícil explicar nossa relação, sabe? Há muitas coisas que eu gostaria de deixar como legado.

Algo me chama atenção de todo esse desabafo.

— Por que as coisas que você faria antes de morrer seriam, a grande maioria, pelos outros?

Os seus olhos verdes brilham e suas covinhas aparecem.

— Eu gosto de fazer as pessoas felizes, Julie. Isso me torna muito feliz. Não é atoa minha paixão pela música.

Remember [Juke]Where stories live. Discover now