Capítulo trinta e sete

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Capítulo trinta e sete: De outras vidas

JULIE

Não tenho coragem de passar pelo saguão do hotel. Estou parada há um bom tempo e não sei exatamente o que fazer. Dou 5 passos para frente. O pânico bate e me viro bruscamente para sair dali de uma vez. Voltar para garagem me parece uma boa ideia agora.

Ao girar, trombo com o corpo com de outra pessoa. Derrubo sua bolsa e alguns de seus pertences no chão. Me abaixo tão rápido que não me dou conta quem está a minha frente.

— Obrigada.

Meu coração dispara quando levanto o olhar. Imediatamente, minhas mãos suam frio. Abro a boca, mas nada sai. Estou tão paralisada.

— Eu... hã... Me desculpe! — engulo seco. — Não vi você chegando e eu...

— Tudo bem. Tenho a impressão que já nos conhecemos. — a garota aponta para mim e franzi um pouco da testa.

— Sou a Julie. — estendo a mão. — Nos conhecemos na casa da sua mãe. — Conto até dez e tento não surtar com este momento.

A menina continua a me analisar e por fim aperta minha mão.

— Oh claro! Você veio com a Vó Ana. Mal nos falamos naquela noite e... — a garota olha para meu braço e então sorri. — Amei as fitinhas.

Mordo a língua de nervoso. Não chora, Julie. Ah eu vou chorar, é minha MÃE!

Obrigada. — retribuo com meu melhor sorriso.

— Está tudo bem? — a garota me fita preocupada. Minha cara está tão ruim? Pisco duas vezes para ver se é algum tipo de sonho.

Tenho mania de sonhar muito.

— Eu... é... — tento recuperar a fala. Raciocínio o que irei falar, mas é a primeira oportunidade que estou tendo de fato de conversar com ela neste tempo. — Eu estava ficando aqui com um amigo e recentemente ele foi embora da minha vida. Está sendo difícil de passar pelo saguão. — rio sem graça. As palavras apenas saíram e foi mais fácil do que esperava.

— Quer tomar um café? Eu conheço uma cafeteria maravilhosa e você pode me contar melhor sobre seu amigo. — ela sugere.

Coço a cabeça e nem sei se aquilo é uma boa alternativa. Ela nem me conhece! Como me convida desta forma?

— Acho uma ótima ideia. — meu cérebro não age junto com meus sentimentos.

Caminhamos até o lugar que se referia e é inegável o quanto é bonito. Ambiente totalmente diferente dos anos 90. Sentamos na primeira mesa de madeira, perto da grande janela de vidro.

— São dois cafés expressos, por favor. — Rose pede, após o garçom chegar para anotar os pedidos. Apenas assinto. — Então, Julie... Me conte sobre o garoto que foi embora da sua vida. — ela me olha curiosa.

— Oh oh! — gesticulo com as mãos. — Não era um caso amoroso. Ele gosta do meu melhor amigo. É uma longa história.

— Gosto de longas histórias. — ela tem um olhar tão angelical. Me olha com tanta simplicidade e simpatia.

Ela nem me conhece! Por que?

Remember [Juke]Onde histórias criam vida. Descubra agora