Remember [Juke]

Capítulo trinta e dois

Capítulo trinta e dois: I'm here.

I know it's not reality, but I can't help believing

You'll be haunted by me

And you're talking to a memory

— Jeremy Shada. 

Em 2020

ALEX

— Dois passos para trás.

— E agora? — pergunto acompanhando os pés de Robert.

— Gira e levanta as mãos ao alto. — ele continua me instruindo.

É difícil estar aqui e resistir toda a beleza que esse lugar traz. Mesmo não querendo admitir, o Clube é realmente um sonho para quem está morto.

É como se a vida nunca tivesse acabado. Seria tudo perfeito se os meninos estivessem aqui com a Julie e Willie. Com certeza eu não reclamaria de tocar, dançar e nem de limpar as mesas quando necessário. Se houvesse uma maneira de negociar com Caleb...

A grande questão é que algum de nós terá que abrir mão de algo. Não estamos dispostos a perder mais nada.

— Ok, essa dança é mais complicada. Podemos dar uma pausa? — interrompo o ensaio do Robert. — Preciso... você sabe... caminhar. — digo sem jeito.

Só quero escapar dali. Quando começo a me enturmar, automaticamente me afasto. Não quero criar lanços e nem gostar daqui.

O clube é enorme! Às vezes andar sozinho é terapêutico para mim.

Há diversas fotos de shows do Caleb nos corredores. Esse cara é muito narcisista. Paro para olhar a foto do seu primeiro show. O sorriso egocêntrico estampado em seu rosto não mudou. O que será que tem por trás de cada foto? Qual é a história de cada dia desses na parede? Eu queria saber.

O mais curioso é que Klaus não aparece em nenhuma foto dessa parede. Por que o Caleb esconde tanto esse cara? O que rolou?

Volto a martelar sua fala de hoje mais cedo "Você não vai querer sair daqui."

Por que? A única coisa que poderia me fazer ficar seria...

Uma luz branca enorme embaça minha visão, me fazendo automaticamente esconder o rosto entre as mãos. Me abaixo assustado, pensando em ser algo relacionado a caçadores de fantasmas. Ao diminuir a claridade, meu campo de visão volta a ser nítido. Só há um fator que me faz congelar por inteiro.

Uma pessoa a 6 passos de distância de mim. Um garoto especificamente. Um garoto que eu reconheceria até de capacete.

Ele tateia o corpo meio impressionado e se vira em minha direção. O choque ao se deparar comigo é indecifrável. Não sei se está feliz ou preocupado.

— Willie? — finalmente meus lábios se movem para dizer o que meu coração ansiava.

— Alex? — ele diz ainda desnorteado em me ver. — Meu deus! Alex? — Willie abre um sorriso, um sorriso que eu nem esperava.

Não penso duas vezes antes de ir em sua direção e abraçá-lo.

— Você está bem! Você está bem! — o aperto forte suficiente para sentir seu corpo ao meu. — Eu achei que você... eu achei... — não consigo me expressar. Gaguejo na tentativa de falar e contar tudo que tem acontecido.

Por outro lado, Willie me aperta como se eu fosse fugir dali. Me segura como se fosse o nosso último abraço. Não acho que seja. Suspiro aliviado quando seu rosto se aconchega no meu pescoço. Era tudo que precisava.