Vingt-Huit

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A parte favorita da semana de aniversário de Scarlet era abrir seus presentes.

Todo ano, um dia antes do seu aniversário, ela, Anna, Gemma e Dominique se reúnem em seu quarto para abrir os presentes. Uma tradição que mantinham desde pequenas, quando estavam exaustas do dia de Halloween e não conseguiam esperar até a meia noite para abrir os presentes.

Elas cresceram e o Halloween ficou para trás, mas não a tradição. 31 de Outubro ainda era oficialmente o dia de abrir os presentes. Todos os amigos e familiares de Scarlet estão cientes disso e acostumados a enviar as dádivas dias antes.

Não fez uma grande festa no sábado. Era a primeira vez que passava o aniversário em casa em dois anos e queria fazê-lo apenas com seus amigos e sua família.

Os embrulhos dos presentes já abertos estavam ou na cama ou no chão, uma completa bagunça. Scarlet está sentada na cama vestindo seu pijama assim como as amigas, que admiram os presentes.

– Ok, qual o próximo? – Scarlet pergunta animada e pega uma caixa grande de Gemma.

Elas abriram mais algumas dezenas de caixas até sobrar apenas uma. Era apenas o início da tarde, mas suas costas e mãos já estavam exaustas.

– O último... – Anna diz animada – De quem é, Dom?

Dominique pega a pequena caixa retangular e olha para Scarlet, como se tentasse conversar com ela pelo olhar.

– É do Charles.

Scarlet sente seu coração errar uma batida e logo voltar ao normal. Independente de se odiarem, ela e ele sempre se deram presentes de aniversário – no início por obrigação de suas mães e depois por costume. Mas ela não recebia um presente dele há dois anos.

Ela deu de ombros e pegou a caixa. A colocou em suas pernas e tirou a fita que a prendia, abrindo-a.

Olhou para dentro dela sem acreditar no que estava vendo, com a certeza que era um fruto de sua imaginação.

– O que é? – Gemma pergunta.

Scarlet pega a pulseira na mão e a trás para perto de seu olhar embaçado pelas lágrimas que se formavam. Ela passa a mão pela pulseira, que é idêntica à que sua mãe tinha e que perdeu no mar na viagem.

Não era a mesma pulseira mas cada detalhe era igual. Seu formato, seu peso e a gravura que seu pai tinha mandado escrever dentro dela.

À l'amour de ma vie.

Tinha exatamente a mesma idade que a mãe tinha quando recebeu a pulseira original, mas Charles não tinha como saber disso, pensou.

– É a pulseira da minha mãe, a que eu perdi quando... – ela responde com a voz trêmula – Eu não acredito que ele fez isso.

Suas amigas também não pareciam acreditar, mas por motivos diferentes. Scarlet olhava para a pulseira como se ela fosse uma alucinação.

Mesmo depois de todo esse tempo, ele ainda fez isso. Mesmo sabendo que ele estaria a milhares de quilômetros de distância quando ela recebesse. Mesmo sabendo que ela não lhe deu nada. Mesmo sabendo que suas amigas estariam lá.

Ele fez isso.

Scarlet colocou a pulseira no punho que ela costumava a pertencer. Encaixou perfeitamente. Ela passou a mão pelo punho. Era como se nunca tivesse a perdido.

– O que isso...

– Eu preciso ir. – Scarlet anuncia e levanta da cama, caminhando até seu armário e tirando a primeira roupa que viu pela frente.

Seven ThingsTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang