Quatorze

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– Então eu faço assim? – Charles pergunta e imita o movimento que Scarlet fez no piano. Ela faz que sim com a cabeça – Sim! Eu vou ficar muito bom nisso.

– Com uma professora tão talentosa assim, não tenho dúvida. – Scarlet piscou e voltou sua atenção ao piano.

Scarlet aprendeu a tocar piano quando pequena com a mãe. Simone queria que sua filha tivesse várias opções e oportunidades quando crescesse e por isso a matriculou em praticamente todas as aulas que podia – piano, guitarra, canto, balé, futebol e até kart, mas Scarlet nunca gostou do último.

Charles convenceu Scarlet de ensiná-lo alguns dias atrás, dizendo que queria sair com algum talento da viagem, já que ela se aproximava do fim.

– Exibida. – ele bate seu ombro no dela – Mas vai, continua.

Scarlet mostrou as próximas notas da música lentamente para que ele conseguisse acompanhar. Mas ela tinha que admitir, Charles era um aluno muito mais focado do que ela esperava.

– Ai, meus ouvidos tão doendo! – Lorenzo diz ao entrar na sala, fazendo os dois virarem em sua direção.

– O que? Eu sou ótimo nisso! – Charles reclama e cruza os braços, virando para o irmão – Alteza, diz para ele!

Lorenzo puxou uma cadeira e sentou, rindo do irmão.

– Ele é... Um caminho em progresso. – Scarlet responde e dá de ombros.

– Eu não... Quer saber? Não importa. – Charles desiste no meio da frase – O que você precisa?

Seu irmão olha para o chão e esfrega as mãos, o que Charles achou estranho mas não deu muita importância.

– Eu preciso falar com você. – ele responde.

– Bom, essa é minha deixa. – Scarlet diz e levanta, ajeitando sua roupa.

– Na verdade, você também Scarlet. – Lorenzo a interrompe. Scarlet e Charles trocam um olhar, estranhando a atitude do mais velho – Por favor.

Scarlet fez que sim e sentou novamente. Lorenzo era o irmão mais velho, quando Charles era pequeno isso significava que ele sempre seria o que o deduraria para seus pais e o daria lições de moral, quando adolescente, ele seria uma das figuras que passaria a admirar e agora, quando adulto, ele seria um de seus amigos mais próximos.

Ele sempre foi o irmão protetor – ainda mais depois da morte do pai. Charles sempre podia contar com ele para os melhores conselhos, seja sobre sua carreira ou vida pessoal.

Mesmo assim, ele ainda pegou o irmão de surpresa quando disse:

– Não tem um jeito fácil de dizer isso então eu só vou tirar o Band Aid e dizer... – ele respira fundo – Eu sei o que está acontecendo e isso tem que parar.

Por um momento, Scarlet e Charles não falaram nada. Não se olharam nem esboçaram nenhuma reação – como se assim Lorenzo não soubesse que eles estavam lá. Mas ele sabia e continuava olhando para eles.

– Ele não... O que você tá falando? – Charles ri e cruza os braços se apoiando no piano. Suas costas encostam nas teclas, que fazem um barulho não natural. Scarlet respira fundo e fecha o piano.

– Não me faça falar. – Lorenzo pediu e olhou para Scarlet. Ela engoliu em seco e desviou o olhar – Eu não sei como vocês começaram isso, ou porque e por favor não me falem... Mas vocês não podem continuar fazendo isso.

Scarlet não sabia para onde olhar, o que fazer. Se sentia burra por pensar que ninguém acabaria descobrindo-os. Ainda mais Lorenzo.

Arthur era muito lento para ligar os pontos, e seu pai, madrasta e Pascale estavam muito ocupados em suas coisas para notarem.

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