Onze

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Scarlet não estava lá quando ele acordou na manhã seguinte.

Já passavam das dez da manhã e o lado dela da cama estava do mesmo jeito que a manhã anterior. Charles esfregou seu rosto e respirou fundo.

Ele a tinha beijado.

Ele pegou seu celular e desbloqueou a tela, vendo as milhares de notificações e mensagens não lidas e ignorou todas elas.

Charles tinha que vê-la.

Ele passou rapidamente no banheiro e desceu as escadas. Todos estavam na mesa tomando café da manhã, exceto Scarlet.

– Bom dia. – ele respondeu e fingiu não se importar, indo sentar ao lado de Arthur.

– Cara, eu estou exausto. – Arthur disse para o irmão e jogou a cabeça para trás – Nunca vá atrás das minhas ideias de novo.

Charles não tinha certeza disso. Eles conversavam ao seu redor mas tudo que sua mente pensava era ela.

Mesmo assim, ele fingia que estava tudo bem. Riu com Lorenzo da ressaca de Arthur, falou com sua mãe sobre como o café estava delicioso e tudo que perguntavam a ela.

E ela não saia de sua mente por um segundo sequer.

Uma parte de si a odiava mais por isso. Só Scarlet seria teimosa o suficiente para fazer moradia no seu cérebro e não ir embora de jeito nenhum.

Ele a tinha beijado.

E precisava vê-la.

Charles inventou uma desculpa para sair da mesa e saiu para procurá-la. Ele não demorou mais do que dez minutos para achá-la.

Scarlet estava deitada na areia de praia com seus óculos escuros. Ela parecia despreocupada e como antes do que aconteceu.

Como se nem tivesse acontecido, ele pensou.

– O que você tá fazendo? – ele pergunta e ela pula assustada. Scarlet olha rapidamente para ele e depois novamente para o céu, como estava antes.

– Fingindo que você não existe. – ela respondeu despreocupada.

Charles sentou ao seu lado e mesmo assim ela não olhou em sua direção.

– Isso não vai funcionar. – ele responde.

– Funcionou até você chegar aqui. – ela retruca – Não tem outra pessoa para você torturar?

– Provavelmente, mas eu escolho você. – Charles diz, sem desviar seu olhar dela – Scarlet...

– Não me chama assim! – Scarlet sentou na mesma hora – Nós não nos chamamos pelo nome. Você me chama de Alteza e eu te chamo de Perceval e isso não vai mudar, não importa o que aconteceu ontem.

– Por que você tá assim? – Charles questiona e levanta.

– Por que você não tá? – Scarlet levanta também e grita – Por que você não está surtando? Por que você não tá querendo fingir que nada aconteceu? Por que você me chamou pelo nome? Por que você tá aqui?

– Eu não sei, tá? – Charles também grita – Mas eu não posso fingir que nada aconteceu. Eu não consigo esquecer você, por mais que eu tente.

Scarlet colocou a mão na cintura e riu. Não podia acreditar no que estava acontecendo.

– Bom, aí é seu problema. – Scarlet diz – Porque aquilo foi um erro.

Ela tenta passar por ele, mas ele puxa a sua mão e a vira de frente para ele.

– Por que foi um erro? – ele pergunta mesmo sabendo a resposta. Todo segundo com ela contava – Apenas me diga.

Seven ThingsWhere stories live. Discover now