Scarlet sentiu o cheiro forte do café assim que colocou os pés na escada.
Era pouco mais do que nove horas da manhã e o frio de Dezembro que ela tanto amava era perceptível no corrimão.
É um novo dia e ela está pronta para fingir que o dia anterior nunca aconteceu. Seu rosto estava impecável para alguém que dormiu menos de duas horas na noite.
– Ah, olha quem levantou. – Alexander, seu pai, diz ao ver a filha entrar em seu campo de visão.
Scarlet não se preocupou em fingir um sorriso. Estava muito cedo para isso.
Olhou para a mesa – com mais comida do que o necessário – e então para ela.
Clemence Vaillancourt. Ou melhor, sua madrasta.
A mulher sorriu alegremente para a enteada – apenas dez anos mais nova que ela. Já estava com Alexander a seis, e não passou um dia desde então sem tentar fazer Scarlet gostar de si.
Em vão, claro.
Scarlet ignorou a tentativa da madrasta e começou a se servir.
– Então... – Alexander colocou o jornal no colo – Eu ouvi que Archambeau não voltará a frequentar nossa casa.
Ela sorriu. Seu pai nunca foi fã de Tristan – nem tentou esconder, assim como nunca tentou impedir o relacionamento dele com a filha. "É a vida dela, e suas escolhas. Não posso interferir nisso" ele dizia para a esposa.
– Pode-se dizer, sim. – Scarlet respondeu e tomou um gole do café.
– Bom. Já era hora. – ele sorri e troca um olhar com a esposa – Você está...
– Sim. Não se preocupe. – Scarlet o interrompeu. Alexander respirou fundo e assentiu.
Ele estava escondendo algo dela, ela podia dizer.
Olhou para Clemence, que fingia ler algo em seu IPad – mas tinha a mesma expressão do marido.
Felizmente, Scarlet não precisou confrontar o pai.
– Eu também ouvi... – ele começou a dizer com uma cara que Scarlet conhecia muito bem. A cara que usava quando falava de Charles.
– Pai...
– Scarlet, você não precisava ter arranhado o rosto do menino. – Alexander a interrompeu. A voz tão firme que se ela não o conhecesse diria que estava levando uma bronca – Isso pode prejudicar seu início na Ferrari.
– Ah puta que pariu! – Scarlet resmungou – Ele está de férias e eu tenho certeza que até Fevereiro a cicatriz já saiu. Além do mais, o que as pessoas vão dizer? "Charles Leclerc, o novo companheiro de equipe do lindo e talentoso Sebastian Vettel, atacado por inimiga de infância, filha do filantropo bilionário Alexander Vaillancourt"?
– "Lindo e talentoso"? – Alexander questiona.
– Você entendeu o ponto! – Scarlet ignorou o sorriso do pai – Ninguém vai falar absolutamente nada do seu menino de ouro, não se preocupe.
Não era segredo para ninguém que Alexander tratava Charles como um filho desde que o garoto nasceu. Principalmente desde a morte de Hervé, pouco mais de um ano atrás.
Era uma relação boa para os dois, baseada em uma promessa apenas – "Não mencionar Scarlet".
– Eu ainda não consigo entender porque você odeia Charles tanto assim. – Clemence interviu – Ele é um garoto muito bom. Você seria sortuda de ter alguém como ele, sabia.
Scarlet segurou a toalha da mesa. Já havia machucado muitas pessoas para um fim de semana.
– Sério? Bom... Por que você não tenta, hm? Certamente não é muito velha para ele. – ela disparou e logo se arrependeu ao ouvir o pai bater na mesa e a expressão de Clemence.
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Seven Things
FanfictionMônaco é como uma cidade pequena. Todo mundo vai para as mesmas escolas, frequenta os mesmos restaurantes, clubes e festas e se gostam. Exceto por Scarlet Vaillancourt e Charles Leclerc. Mesmo crescendo juntos como uma família, eles nunca conseguir...