Capítulo 9

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Ayla

Eu já estava puta com ela, o que desmoronou a minha paciência hoje foi ela ter escrito na neve com tinta palavrões bem explícitos e me mandado para o inferno.

Eu entrei no estúdio daquela mocrea colorida com o fogo nos olhos.

— Qual.é.o seu.problema?? -rosnei pausadamente.

— Você é o meu problema. -ela disse convicta.

— Então concordamos em algo, porque você! Princesinha mimada, é um pé no saco, uma pedra no meu sapato que está me incomodando desde que te vi! -grunhi.

Ela grunhiu de volta.

— Você não pode ir ao solstício, eu proíbo você. -ela disse.

— Você não tem nenhum poder sobre mim. —caminhei até ela a vendo dar passos para trás— e nunca vai ter, nem você e nem ninguém.

As costas dela se chocaram com a parede e ouvi um alto suspiro da fêmea ao me olhar nos olhos.

— Vou a onde eu quiser, e seu quiser eu sambo na porra do seu telhado e você não pode fazer nada. -grunhi.

Eu me virei, pronta para sair quando encarei um quadro em especial, eu estremeci, perdendo todo o sangue do rosto quando eu travei, o encarando.

— Você pintou isso? -minha voz saiu em um sussurro.

— Como se você se importasse. -ela bufou.

Eu a ignorei, me aproximando do quadro.

Ela nunca esteve lá, como pode ter pintado?

Um lugar tão belo e antes cheio de vida, iluminado pela luz prateada lá lua, o céu noturno cheio de estrelas.

Eu engoli em seco, um aperto enorme se fazendo em meu peito.

Dor.

— O que você tem? -questionou a grã-senhora.

Eu sacudi a cabeça.

— Nada, não te interessa. -falei caminhando para fora.

— Já viu esse lugar? -ela me parou com sua voz.

Eu fiz esforço enorme para me manter firme.

— É a minha alcatéia, que já não existe mais. -falei e então saí.

Ela fez aquele quadro para me desestabilizar? Conseguiu, conseguiu e eu afundei mais do que já estava.

Eu entrei em meu apartamento , completamente atônita e distante.

E mal percebi quando estava chorando.

— Mas que inferno! -gritei desesperada.

As lágrimas.

— Você consegue me ouvir??? -gritei para o alto.

Eu solucei, de novo e de novo.

— Eu perdi tudo!! Eu perdi tudo! —gritei— eu desisto! Desisto dessa porcaria de vida! Eu desisto de sofrer, desisto de lutar! Eu desisto!

Eu estava chorando alto.

— Por que eu também não morri lá?? Eu estaria bem melhor com ele!! -gritei soluçando.

Eu encarei a faca na mesa.

— Eu desisto.

Feyre.

Eu podia ouvir os gritos dela, e não, eu não iria até lá, estava me controlando, contendo aquele laço desesperado que queria me puxar até lá.

Corte de Almas GêmeasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora