Capítulo 6

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Ayla

Minha irmã havia dormido comigo no quarto, e antes do Sol nascer eu já estava de pé, ignorando a minha ressaca, me preparando para ir até a corte primaveril e fazer o meu trabalho.

— Já vai, não é?

Eu me virei encarando a minha irmã que estava sentada na cama com uma expressão abatida.

— Vou..

— Fica por favor. —ela pediu— quer que eu fique de joelhos diante de você? Eu fico, irmã, eu fico, se isso fizer você ficar comigo e com a Sofia eu fico de joelhos.

Eu a segurei pelos ombros vendo que ela faria tamanho absurdo.

— Escute, não tem como eu ficar mais aqui, depois do que houve muito menos. -falei.

— Fique por nós, por favor. —ela pediu— se não for por mim fica pela Sofia, ela merece crescer sabendo que tem uma tia, ela não merece algum dia receber uma notícia trágica sobre você, nem eu.

Eu suspirei, sacudindo a cabeça, bagunçando meus cabelos enquanto eu andava em círculos.

Ela me encarou esperançosa, sabendo que eu só fazia aquilo quando pensava seriamente em algo.

Eles são grão-senhores daqui, eu vou acabar tropeçando em algum deles de novo.

Merda.

Eu respirei fundo, pondo na balança, a única família que eu tenho, contra a minha dor, o meu passado e a nova angústia da minha vida, esse bendito laço de parceria.

E um deles ganhou...

Eu suspirei derrotada.

— Está bem, Madeline, eu fico. -falei.

Seu rosto se iluminou e ela saltou em cima de mim, rindo, chorando.

— Depois de eu resolver esse trabalho.. —falei— irei trabalhar daqui.

Eu suspirei, abraçando a minha irmã fortemente.

— Vou fazer um bolo para comemorar! -ela disse animada siando em disparada do quarto.

Eu baguncei os meus cabelos.

— Por que me fez com um coração tão mole? -olhei para cima.

Ainda bem, que em certos assuntos ele é mais duro que pedra.

Tive de esperar Madeline fazer o bolo, esperar ele esfriar e ela o confeitar. Ela me ameaçou com uma forma de bolo.

Uma forma de bolo!

— Está ótimo, você sempre teve talento pra doces. -falei ao provar o bolo.

Ao sentir o gosto do recheio soltei um murmurio de satisfação.

— Chocolate com avelã. -murmurei.

Ela assentou com um sorrisinho maroto.

— Seu favorito. -cantarolou ela.

— Madeline, você está tentando me chantagear mais ainda para ficar, com comida? -a olhei com os olhos semicerrados.

Ela sorriu inocente.

— Conseguiu. -falei.

Ela soltou um risinho divertido.

Eu já estava saindo, pronta, Madeline estava na doceria.

Eu estava passando quando ouvi o sininho da porta da loja tilintar avisando que teria clientes.

— Senhores, o que vão querer hoje?

Corte de Almas GêmeasWhere stories live. Discover now