Capítulo 2

4.2K 551 259
                                    

Ayla

Intercalei, percursos a pé e percursos na forma lupina.

Na forma lupina eu sou muito mais rápida, mas não quero cansar o lado lupino, posso precisar caso ocorra algum "imprevisto".

Podia ver os traços belos do inverno, apesar desta neve congelar as minhas patas.

Soltei um resmungar na minha forma de loba, junto com mil xingamentos e maldições.

Por que não inventaram uma neve quente? Tinha que ser gelada?

Eu amo o inverno, quando está bem longe das minhas patas e do meu pelo.

Terei de resolver esse assunto com a minha irmã urgentemente, como posso dizer a ela que a verei de vez em nunca? Já faz cem anos que não a vejo, apenas troco pouquíssimas cartas, isso quando ela consegue descobrir a minha localização.

Ela era a loba rastreadora da alcatéia, liderava a elite de terra e sangue para rastrear inimigos, caça e muitas outras coisas.

Talvez eu tenha me afundado tanto em minha dor e em meu desespero que não notei o seu sofrimento, eu sou uma péssima irmã e posso gritar aos quatro ventos isso.

Mas sempre que ela está com problemas eu os resolvo, mesmo ela não podendo me ver, eu resolvo todos para ela.

Eu poderia ter agradecido aos deuses quando vi cheguei a divisa da corte noturna, nos escudos da cidade.

Pela mãe, posso atravessar isso em meio segundo. -falei.

O ponto de travessia estava bloqueado pela neve então, eu teria que atravessar os escudos nus e crús.

Eu me preparei, três metros de distância quando comecei a correr, tomando impulso nas patas eu saltei, atravessando os escudos como uma agulha atravessa o tecido no qual irá costurar.

Eu caí de pé no outro lado, minha magia retumbando o máximo para reparar a abertura que fiz e então, o escudo estava novo em folha.

Eu caminhei mais a frente, caminhando pelas ruas de velaris, todos me encaravam um tanto surpresos, mas.. eu sabia que a maioria estava acostumado com lobisomens se não me engano alguns vivem aqui.

Mas imagino que o espanto e admiração seja por causa do meu tamanho, dos meus olhos e do meu pelo.

Uma loba de pelos brilhantes e levemente lilás com reflexos roxos ao caminhar, com olhos violeta suponho que seja raro por aqui.

E realmente, minha aparência lupina é bem rara, sou maior do que um lobisomem comum, a maioria são do tamanho de um cavalo pequeno, eu passo cinco palmos de lavada.

Farejei o ar em busca da minha irmã, o inverno me fazendo espirrar diante da brisa fria que tocou o meu focinho.

Dentre tantos cheios diferentes, era difícil pegar o da minha irmã no ar, e talvez ela não tenha saído ainda com sua filha para fora, para ver o inverno, devem estar de repouso.

Ela me disse algo na carta... Ela tinha uma loja de doces! Isso!

Madeline sempre gostou da confeitaria, não me surpreende ela ter posto tudo em prática aqui, os bolos e doces dela sempre foram ótimos.

Farejei o ar e... Opa.

Peguei um cheiro conhecido, de uma certa pirralha crescida.

Dei uma pequena corridinha pela calçada, tomando cuidado para não esbarrar em ninguém, podia ver o fascínio das pessoas ao me encararem e suspirei.

Não estou nem afim de congelar minhas orelhas na forma normal, não, não.

Eu subi uma rua, seguindo aquele doce cheiro de torta de chocolate, não qualquer torta, a torta que só a minha irmã sabia fazer.

Corte de Almas GêmeasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora