Capítulo 19

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Christian Grey

Seu beijo é o mais suave que eu já tive. Tudo bem que, eu beijei apenas Leila em toda a minha vida  até este momento.

Eu nem estou a acreditar.

Sempre tive a curiosidade de saber como seria a beijar, e posso vos dizer dizer é a melhor sensação do mundo.

Minha língua mergulha pela sua boca, explorando cada cantinho.

Felicidade me define.

Eu pareço um adolescente apaixonado!

Ana se afasta e encosta o seu rosto no meu peito.

- Não quero arrependimentos.

Falo beijando a sua cabeça. Ela me olha, no fundo dos meus olhos.

- Não estou arrependida.

- Então?

- Eu só não acredito que isto aconteceu.

- Você está arrependida.

Digo, com certeza daquilo que digo.

- Não é arrependimento. - ela se levanta. - Eu prometi a mim mesma não me apaixonar por você e olha o que aconteceu.

Eu fico em choque. Ela quando se apercebe que falou aquilo em voz alta, me olha assustada.

- Você... Você está apaixonada por mim?

Pergunto, mesmo depois de ela ter dito isso.

Ela respira fundo. Passa a mão pelo rosto e me olha.

- Estou. Eu não queria, porque você é meu utente. Eu prometi a mim mesma que isso não podia acontecer, mas aconteceu. Eu não queria te contar, pois sei que você não sente o mesmo por mim, então...

- Quem disse?

Eu a interrompo. Ana arregala os olhos.

- Você... - ela não consegue completar a frase.

- Sim. - admito também. - Eu estou completamente apaixonado por você. Depois que perdi a minha esposa, eu jurei a mim mesmo que ia apenas me focar em Vitória, em melhorar e na minha empresa, mas o destino foi traiçoeiro comigo e te colocou no meu caminho como minha fisioterapeuta. Eu lutei contra a todos os sentimentos que me apareciam, mas eu era demasiado fraco para eles. Eu também tive receio de te falar, porque eu estava numa cadeira de rodas e nunca...

- Não. Não completa. Você, estivesse numa cadeira de rodas, ou não, o meu sentimento por você, iria ser o mesmo. Hoje, eu percebo o homem forte e dedicado que você é. Eu me apaixonei logo quando te vi a primeira vez.

- Eu também.

Sorrimos um para o outro. Pego nas minhas muletas e caminho até perto dela. Toca no seu rosto com delicadeza. Ela fecha os olhos e suspira.

- O meu problema também é a confiança. Eu nunca tive confiança com nenhum homem. O homem que eu devia de confiar, foi o que mais me maltratou.

- Eu nunca irei te machucar.

Não sei do que ela fala, mas quero deixar claro para ela que nunca a irei magoar.

- Perdi os meus pais aos 5 anos. Minha guarda foi dada ao irmão do meu pai, pai da Amélia. Ela sempre me olhou com uma cara estranha. Sempre senti nojo daquele olhar.

Ela está a desabafar e eu não sei o que fazer.

- Aos 13 anos, estávamos de saída. Eu me esqueci do meu colar. - toca com a mão no seu pescoço, onde tem um pequeno colar com a letra 'A'. - Eu não ouvi ele a vir atrás de mim. - ela desvia o olhar do meu. - ele me trancou no quarto e... - se afasta, ficando de costas para mim.

- Não precisa de contar. - digo percebendo que ela está chorando.

- Eu necessito de contar. Roger me violou, obrigou-me a fazer coisas nojentas. A única que não sabia disso, era Amélia. Hoje eu tenho pena da minha prima, por ter os pais que tem. Elena sempre soube do desejo doentio que Roger tinha por mim. Eu sofri nas mãos daquele maldito durante estes anos todos.

Ela respira fundo, e volta a me olhar.

- Depois desse dia, dias piores vieram. Eu queria tanto morrer, mas nem forças para isso tinha. Tantas vezes que tentei o denunciar, mas ele sempre descobria e eu sofria muito.

Noto ela passando a mão num dos pulsos. Com cuidado pego nele e vejo uma enorme cicatriz.

- Ele me amarrava, sem roupa, no porão da casa. Sempre que eu lutava/implorava para ele parar. Houve um dia, que eu me ganhei de coragem e contei a Amélia. Ela nunca duvidou de mim, sempre soube que havia algo de errado, mas nunca tinha pensado que era isso. Hoje ele está preso, mas eu sei que não é por muito tempo, porque não há provas de nada.

- Como pode não haver provas?

Pergunto totalmente exaltado. Depois de ouvir o desabafo dela, eu estou completamente em choque. Agora entendo porque ela tem medo do toque de algumas pessoas, nomeadamente de homens.

- Ele abusou de uma criança, logo por aí, já é caso suficiente para ele ser preso durante 1 a 8 anos de prisão*.

- Isso não será o suficiente para o que ele me fez.

Ela limpa as lágrimas. Seu rosto está vermelho, mas mesmo assim, está linda.

- Sim, não será. Mas infelizmente, a justiça é uma merda.

Ela ri com o meu comentário.

Eu puxo ela para mim e a abraço. Aperto ela bem nos meus braços, sabendo do quanto ela precisa de um abraço.

- Me desculpe por desabafar.

- Não tem mal. Agora eu entendo porque você sempre fica tensa, perto de outros homens.

- É uma maneira de eu me proteger.

- Agora você me tem a mim, para te proteger.

Meu Porto SeguroWhere stories live. Discover now