I46I - As Casas Antigas

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- Que eles venham, matarei todos. - Afirmei, sentindo meu corpo se encher com confiança. 

- Há lutas que não estou disposto a travar, se puderem ser evitadas.

Me afastei, contendo um impulso de xinga-lo, eu tinha lidado com o Ulrik e com seus soldados, tinha conseguido a própria cidade do Norte, vencido Kohina quando nem mesmo tinha ideia do meu verdadeiro poder, lutado diversas vezes sem ajuda contra Licans. Quando eu achava que era apenas uma humana fraca e indefesa.

Deixei minha raiva transparecer, meu poder formigava na ponta dos meus dedos, tentando escapar. Eu não temeria mais. Nunca mais.

- Você quer matar o fodido Rei Lican, há alguma luta maior que essa? - Perguntei, sentindo a resistência de sua magia falhar, seria tão fácil, era tão terrivelmente tentador.

Fechei meus punhos tentando me conter, sentindo minhas unhas machucarem a pele. Basta. Ele continuou como se não soubesse o que tinha se passado em minha mente.

Mas ele sabe.

- A existência dos Liones não diz respeito apenas aos Licans, o Continente é muito maior do que as Quatro Cidades Lunares. - Disse, sentando-se no trono, seus olhos lentamente estudando meu rosto. - O Tratado nós manteve em paz, uma paz curta conquistada com o sangue de toda uma Casa. Apenas o suficiente para que pudéssemos nos recuperar e retomar a disputa.

- Sou mesmo a ultima? - Perguntei, lembrando-me das ultimas palavras de Ulrik, da promessa que ele tinha levado ao túmulo. Eu teria feito coisas incríveis com o seu poder. Não se preocupe eu farei.

- Possivelmente, haviam métodos para rastrear e eliminar os Liones remanescentes, executados por anos depois do fim da Grande Guerra. Sua existência implica que você foi muito bem escondida ou que alguém propositalmente a acobertou. Só tive certeza de que era uma Liones quando usou sua habilidade para retroceder a transformação de Elikham.

- Se não vamos mais lutar como planeja lidar com os outros Mestres? - Perguntei, deixando minhas mãos caírem ao lado do corpo. Não havia como alguém propositalmente ter me acobertado ou escondido, meu pai era um simples boticário, estrangeiro a Sweney Pines com sua pele morena da qual eu tinha herdado minha cor. Tolo o bastante a ter ignorado o Limite, ignorante o suficiente por ter ficado em uma vila vil que sacrificava suas garotas. Que tinha me sacrificado. Se ele fosse um Liones não teria morrido daquela forma.

Se ele tiver morrido, minha mente provocou. Não tinha corpo, somente sangue quando os patrulheiros chegaram. Ele sabia, ele deixou que você pensasse ser sua culpa. Ele a criou para que fugisse, ele a ensinou como usar uma faca, que pai ensina uma criança a fazer isso? Que pai conta histórias com demônios enganando donzelas para sua filhinha dormir? Quem vê apenas a beleza da flor, esquece seu espinho.

- É simples. - Disse Raymond, atraindo meus pensamentos para o presente, longe de um passado obscuro para um futuro obscuro. Ele abriu um sorriso enigmático. - Formalizando nossa união, assim que tivermos derrotado meu alvo...

- Você será o Lukoi, o Rei Lican. - Constatei. Ele encurvou os ombros como se tivesse acabado de receber um peso grande de mais e só agora tinha se dado conta que o carregava, seu sorriso vacilou. Você continua sabendo mais do que fala.

- Ao contrario de Edmon, penso que não há maneira de evitar a guerra, nosso Lukoi não é o único Líder Supremo que não deseja outro tratado. - Ele se levantou do trono, pousando suas mãos gentilmente em meus ombros. - Mas com você, há uma maneira de vencê-la antes que ela destrua o Continente por completo.

VermelhoWhere stories live. Discover now