Filha Do Híbrido

O fim de uma amizade

Capítulo trinta e dois...

Maeve

Saio do banheiro e desço as escadas até a sala de jantar. Ao chegar lá, vejo uma silhueta familiar parada na frente da mesa onde todos estavam sentados.

— Annie? — pergunto surpresa por sua aparição. Não temos tido muito tempo ultimamente uma para outra.

— Oi Maeve. O-o que está acontecendo?— Annie pergunta com o tom de voz extremamente baixo. Sua expressão estava estranha, minha amiga definitivamente não estava muito bem.

— Estamos jantando, está tudo bem?— pergunto me aproximando de Annie, porém minha amiga se retrai e se afasta, seus olhos estão grudados em Stefan, sentado do outro lado da mesa.

— O que ele faz aqui?— ela pergunta e noto imediatamente seu tom de voz agressivo.

— Estamos, bom...nos resolvendo. Fique conosco, pegue um....

— Resolvendo? Maeve ele sequestrou você! Não deveriam estar juntos, ele não merece você.— minha amiga esbraveja com ódio, nunca vi tanto ódio em seus olhos desde que me contou sobre seus pais que a expulsaram de sua casa apenas por ser lésbica.

— Annie não estou entendendo, porque está tão nervosa? Tem certeza de que está bem?

— Estou! Já disse que estou. Eu.... é melhor eu ir embora.— Annie fala, ela parece confusa e cansada. Pego seu braço antes que se afaste.

— Não vai a lugar nenhum antes de me contar o que aconteceu.— digo autoritária e então me viro para Stefan e minha família.

— Precisamos de alguns minutos.

Puxo Annie para as escadas que me segue sem mais recusas. Minha amiga não parecia bem, e eu precisava saber o que estava acontecendo.

Entramos no meu quarto que ficava afastado o suficiente da sala de jantar para termos privacidade. Sento na cama junto com Annie, pego suas mãos e analiso seu rosto indecifrável.

— O que foi?

— Não é nada é só que....me preocupo com você Maeve, você não está sendo você mesma ultimamente.— Annie fala e percebo sua preocupação pelo seu tom de voz.

— Annie...isso é porque estou apaixonada e...nunca estive tão apaixonada assim, acho que isso está me mudando...

— Pra pior, você viu o que fez com Elena Gilbert? Essa não é você Maeve!— Annie esbraveja me assustando, não fazia ideia de que ela pensava assim.

— Elena Gilbert me provocou por semanas desde que eu cheguei aqui. Ela mereceu, achei que quisesse ela morta tanto quanto eu.

— Essa não é a questão....Maeve, ela era humana e jovem, não merecia morrer daquele jeito, já Stefan sim. Ele não merece você. Nunca mereceu.— Annie novamente me assusta com suas palavras. Está realmente sendo sincera? Não sabia que o odiava tanto assim.

— Porque quer ele morto Annie? Você foi a primeira que me deu apoio a respeito de ficarmos juntos. Você sabe que eu o amo.— depois de minhas palavras Annie parece indignada, a garota se levanta e começa a respirar fundo andando de um lado para outro.

— Você é a pessoa que eu mais amo nessa vida Maeve, ouvir que você ama aquele imbecil destrói meu coração. Porque precisa ser tão burra??— Annie fala, cada vez mais alto. Está nervosa e quer que eu saiba disso. Me levanto e calmamente vou até ela e seguro seu rosto em minhas mãos de forma tranquilizadora e confortante.

— Porque está tão nervosa com o fato de eu estar apaixonada?— digo, tentando entender por que tanto ódio depois de tudo.

É então que uma coisa completamente insana acontece. Annie puxa minha cintura e cola nossos lábios com força. O movimento é tão inesperado que nem sei como reagir por alguns segundos. Meus olhos estão arregalados de surpresa e minha cabeça finalmente parece estar juntando todos os quebra cabeças.

Em um movimento brusco e rápido solto nossos corpos e encaro o rosto de minha amiga.

Annie está vermelha e sorrindo, uma de suas mãos vai até seus lábios e então ela passa os dedos por eles. Minha amiga está tentando digerir o que acabou de acontecer. E eu estou completamente em choque.

Annie gosta de mim.

Romanticamente.

Isso soa tão estranho que chega a ser nojento na minha cabeça. Annie sempre foi como uma irmã mais nova pra mim. Nos conhecemos tanto tempo e sabemos tudo a respeito uma da outra, só que isso...eu não fazia ideia.

— Annie eu...

— Não precisa dizer nada, Maeve. Só...preciso que deixe Stefan.— Annie fala, como se fazê-lo fosse a coisa mais simples do mundo. Enquanto minha mente tenta raciocinar uma resposta coerente Annie se aproxima alguns passos novamente. E então sou obrigada a ser sincera.

— Annie eu estou apaixonada por ele, e você me apoiava, e-eu.... desde quando??? Desde quando quer me beijar Annie Maria Collins??— pergunto com o tom mais elevado do que pretendia. Achei que ela soubesse que éramos apenas amigas. Achei que ela...

— Desde 1985 Maeve Mikaelson. Sempre fui completamente apaixonada por você. E não vou deixar que fique com ele. Não enquanto eu viver...— suas palavras me deixam sem qualquer resposta. Annie é apaixonada por mim...e fui tão cega por tanto tempo que nunca percebi...

Annie está emocionada, sua expressão é triste e suas lágrimas caem. Tenho receio de tentar conforta-la e dar a impressão errada. Eu a amo claro, mas não romanticamente. E sinto tanto, por ser a pessoa que vai quebrar seu precioso coração..

— Annie, eu.... não fazia ideia. Porque não disse nada?

— E ser rejeitada? Ser obrigada a sair da sua vida? Eu prefiro a morte do que ter que deixar você Maeve Mikaelson. Você foi a única pessoa que não deu as costas pra mim. Você é meu anjo, minha força e meu coração... Não posso deixar que ele quebre você.

— Não sou tão fraca, Annie. Ele não vai me quebrar.— digo firme, quero conforta-la mais não posso mentir pra minha melhor amiga.

— Ele vai. No instante em que ele escolheu ela, você perdeu o controle e sem exitar, você a matou. Ele está te transformando em um monstro.— Annie esbraveja com raiva, sua emoção agora está posta de lado. Ela está com ódio. Puro ódio.

— Eu sou um monstro, Annie. Elena não foi a única humana que matei. Eu já perdi o controle antes, Stefan não é um gatilho.— digo igualmente com raiva. Annie finalmente estava conhecendo a verdadeira Maeve Mikaelson, e não estava gostando de quem eu era.

— Não! Não é. Ele esta te transformando. Ele vai te deixar pior do que seu pai!— ela grita com raiva e inesperadamente me empurra até a parede do meu quarto. Sinto uma leve dor que logo passa, sendo substituída pela raiva.

— Não fale sobre o meu pai!— grito com raiva e então me livro de suas mãos e empurro Annie até minha estante de livros do outro lado do quarto. A madeira se estilhaça completamente com sua força e cai completamente tudo no chão. Então vejo Annie imóvel no chão repleto de madeiras. Seu rosto exala dor e logo me aproximo de seu corpo.

— Annie, eu sinto muito, eu....— não consigo terminar uma frase depois de ver o que estava diante de mim. No pescoço de Annie veias roxas começam a crescer enquanto Annie implora por um pouco de ar...

O grito que solto é alto e agudo e desesperado. Sinto tanta dor que nem sei explicar exatamente de onde vem, meu coração está morto.
Um pedaço de madeira acabou pegando seu coração....Annie estava....morta.

Eu matei Annie Collins. Eu matei minha melhor amiga.