016- Convívio

22 6 4
                                    

A britânica sempre que subia aquelas escadas do demónio não conseguia evitar, mas amaldiçoar tudo o que lhe aparecia à frente. Enquanto subia, tinha a sensação de um tempo infindável, chegando por vezes a não saber ao certo se já havia chegado ao seu andar. A única coisa que a sossegava e lhe dava a vontade de não desistir a meio para respirar era a sua enorme vontade de chegar ao seu quarto e se deitar na cama por tempo indefinido. Porém, naquele dia, algo estava claramente contra ela pois, quando dera por isso, estava a ser arrastada por Thomás, voltando atrás com todo o seu esforço. A mão dele logo agarrou o seu braço magro e forçou-a a descer, algo que ela intuitivamente confiou, ainda que não estivesse propriamente a compreender a situação.

- Vem comigo. – afirmou, logo prontamente, com um pequeno sorriso.

- Para onde vamos?

Ela nem havia reclamado a sua atitude, algo que ele até esperava que fosse acontecer, mas queria genuinamente entender para onde é que ele a estava a encaminhar e o motivo de todo aquele alvoroço.

- Eu ia tomar café, mas aproveito o facto de também estares aqui para me fazeres companhia.

Charlotte sorriu de uma forma bastante carinhosa, agradecida por ele querer a sua companhia, deixando-se levar com mais vontade, agora que entendia a situação.

O café que existia um pouco mais à frente do seu apartamento era bastante agradável, ainda que fosse a primeira vez que Charlotte ali estivesse. Ambos deliberaram sentarem-se na esplanada, procurando aproveitar o resto de final de tarde, sentindo-se mais à vontade para o caso de quererem fumar. As conversas com Thomás pareciam sempre algo tão confortável para ela, algo tão natural e leve, não conseguindo esconder o sorriso por muito tempo quando estava na sua presença.

Thomás era alguém com quem Charlotte se sentia muito à vontade, alguém que ela queria manter na sua vida como ela nunca sentira. As conversas eram sempre algo fluentes, sem aqueles momentos silenciosos desconfortáveis porque, até mesmo nesses momentos de vazio, havia um certo calor e conforto que a preenchia. Ela reparava nas suas mãos, na forma como elas remexiam no pacote de açúcar por abrir, enquanto a sua voz era assimilada por si. Thomás contava alegremente sobre um acontecimento embaraçoso da sua infância, não conseguindo conter o sorriso sempre que ouvia a britânica a rir-se.

A expressão de Charlotte, porém muda, quando repara numa chamada no telemóvel dele, tendo a necessidade de o chamar à atenção, visto que ele se encontrava tão concentrado na conversa.

- Thomás, o teu telemóvel...

Thomás interrompe o seu discurso, pegando no seu telemóvel a atendendo.

- Heey! ... Claro.... Estou com a Charlotte no café agora.... Olha, por mim tudo bem.... Eu não preciso de lhe perguntar.... Dá-nos um quarto de hora e já vamos para aí.... Sim, sim.... Não te preocupes.... Beijinhos, até já.

Charlotte franziu a sobrancelha, compreendendo que ele a havia comprometido com algo, mas, pelo seu discurso, ela não havia compreendido ao certo no quê. Thomas olhou para ela, gozando com a sua cara de incompreendida.

- Que foi? Não é como se a tua vida fosse muito interessante. 


-


A casa de Louise era realmente enorme, contrariamente do que aparentava do exterior. Thomás tinha-a arrastado até aquele convívio e, ainda que ela desejasse muito deitar-se, o ambiente acabou por ser mais acolhedor do que o que ela imaginara primeiro. O cansaço começou a desvanecer-se conforme as garrafas de cerveja começavam a esvaziar-se, mas naquele dia ela não tencionava ficar mal, ela apenas se queria divertir e criar uma boa relação com as pessoas.

O Desassossego da AlmaNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ