Capítulo 27: Não Tenha Medo

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Rachel pensou que iria ficar sozinha no Natal. Ela estava esperando por isso, uma vez que seus pais haviam marcado uma segunda lua de mel, e Kitty havia retornado a Lima para passar o feriado com a família e a namorada. A garota até havia convidado Rachel para acompanhá-la, mas ela não queria incomodar, e, além disso, ela era judia. Judeus não comemoravam o Natal. Ela havia se conformado com a ideia de passar uns dias sozinha — tinha até desejado isso, porque Kitty andava insuportável por esses tempos, falando da namorada a cada cinco segundos (será que ela era tão irritante assim quando falava sobre Quinn?) —, e seria legal ter o apartamento inteiro para si mesma.


Exceto que não foi. Nem um pouco. Tudo bem, ela havia acordado tarde, almoçado panquecas, e cantado todas as canções natalinas que estavam tocando na rádio. Porém, depois de um tempo ela começou a ficar entediada. O que era estranho. Quando estava no colegial, Rachel havia se acostumado com a solidão. Ela sempre encontrava formas de preencher seu tempo, que geralmente envolviam escolher seus próximos solos para o clube do coral, ou postar vídeos no youtube de covers que ela fazia das músicas que gostava. Contudo, ela recebia tantos comentários negativos dos colegas do McKinley, que depois de um tempo ela acabou desistindo.


Eu estou mal acostumada, ela havia pensado para si mesma. Estar só nunca havia a incomodado antes. O negócio era que antes ela não tinha amigos, não conhecia nada melhor. Agora ela tinha. E ela sentia falta deles. Sentia falta do seu primo, Noah, e de todas as besteiras que ele falava; sentia falta de Marley, que assim como ela, animava-se ao falar sobre musicais; e, principalmente, ela sentia falta de Kitty, sua melhor amiga.


Justamente por não estar esperando ninguém, Rachel ficou bastante surpresa ao ouvir a campainha tocar na véspera do Natal. Ela franziu o cenho e olhou para o relógio, imaginando se seria algum vizinho querendo alguma coisa. Ela se levantou do sofá — resolvera passar o dia fazendo uma maratona de séries —, e se espreguiçou, andando lentamente até a porta.


A campainha tocou outra vez.


— Estou indo! — ela disse, e revirou os olhos.


Rachel abriu a porta, e seu queixo foi ao chão. Ela definitivamente não tinha visto essa chegando.


*


— E assim, crianças, foi como eu conheci sua mãe — provocou Sam, atirando pipoca em Rachel e soltando uma pequena risada. — Na verdade foi através de um programa de cartas, mas quem liga para os detalhes?


— Quinn estava certa sobre você — gemeu Rachel, cobrindo o rosto com as mãos para esconder o quanto havia ficado vermelha. — Você é mesmo irritante, Samuel.


— Eu? — ele indagou, num falso tom de inocência. — Calúnias! Injúrias! Difamações!


— Você sabe que isso são coisas diferentes, não sabe?


— A grande verdade, jovem padawan, é que a força não é tão poderosa em Quinn quanto é em mim. Essas falsas afirmações não passam de intrigas inventadas pelos Sith para arruinar a minha fama perfeita de Jedi mais irado de todos, mas Quinn não irá conseguir. O lado escuro da força sempre perde — ele disse, ignorando Rachel. — Além disso, ela é minha irmã mais velha, não pode dar uma opinião imparcial. E você é namorada dela, então também não conta.

Cartas Para Quinn (Faberry)Where stories live. Discover now