Capítulo 25: Você

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De: Quinn Fabray (qfabray@zwer.com)

Para: Rachel Berry (rachelberry@zwer.com)

Assunto: Você


Querida Rachel,


Você já sentiu falta de algo que nunca teve? Eu sinto todos os dias, e é algo tão estranho. Estou acostumada a sentir diversos tipos de falta: a dos meus pais, do meu irmão, da minha família e amigos, do passado, da vida longe de uma base militar. Acho que estou vivenciando um novo tipo de falta agora.


A falta de você.


Eu estive pensando bastante se deveria ou não escrever isso através de um e-mail. Gostaria de poder dizer essas coisas pessoalmente, olhando no fundo de seus olhos, para que você saiba que realmente quero dizer cada uma delas. Porém, nossa história começou assim, sem voz, apenas com nossos pensamentos não pronunciados. Então me pareceu adequado (e honestamente, não acho que eu poderia guardar isso por mais tempo), que um novo capítulo também começasse dessa maneira. Isto é, se você quiser que ele comece em tudo.


Santana e eu temos conversado bastante ultimamente, e ambas chegamos a mesma conclusão. Dentro de alguns meses meu turno acaba, e eu poderei ir para casa. Exceto que, desta vez, não pretendo voltar. Eu não sei se você sabe, mas quando entramos no exército, nós assinamos um contrato. Mas, independentemente do tempo dele, ficamos vinculados por um período de oito anos. O meu contrato foi de seis anos; assim que o tiver completado, eu deixarei a ativa, e me tornarei reservista. O que significa que poderei ir para casa.


O tempo que passei aqui me ensinou bastante. A garota de dezoito anos, sem rumo, que entrou no exército procurando algo pelo qual lutar não existe mais. Os anos me moldaram. Algumas dores foram curadas, outras permanecem em cicatrizes, e algumas novas foram criadas. As pessoas não tem ideia do quanto é difícil. Segurar uma arma, apontá-la para alguém, ver pessoas morrendo a troco de nada, jogando suas vidas fora como se elas não tivessem nenhum significado. Isso foi o que mais aprendi. A dar valor a cada dia que estou viva, a cada dia que existo.


A vida é preciosa, Rachel. Nós somos preciosos. Às vezes me pergunto o porquê de termos tanta dificuldade em enxergar isso. Será que não é óbvio? Será que não é tão claro? O ser humano, por si só, já é um milagre. Agora pense nas chances de você e eu existirmos no mesmo planeta, na mesma raça, no mesmo período de tempo? Quais as chances de nós estarmos onde estamos? Quais as probabilidades do meu caminho cruzar o seu? Apenas uma decisão diferente ao longo do percurso, e nada seria como é. Ou seria? Será que existe uma força maior, que não compreendemos, e que nos leva em direção a alguém ou a alguma coisa, independentemente do caminho que trilhemos?


Não sei a resposta para essas perguntas. Pensei que sabia no que acreditar, mas pensei que sabia muitas coisas sobre mim mesma, e estava enganada. Até conhecer você, havia partes de mim que eu não fazia a mínima ideia de que estavam lá. Partes que sempre estive assustada demais para mostrar. Partes que escondi tão fundo em mim mesma, que jamais teria encontrado sem a sua ajuda.


Se eu estou dando esse passo (de sair da ativa), saiba que você é uma das grandes responsáveis, senhorita Berry. Você me mostrou um mundo diferente. Um mundo que eu não pensei que existisse. Um mundo de possibilidades. Um mundo onde uma mulher tão danificada quanto eu pode descobrir o caminho para a felicidade. Você me ensinou que há vários caminhos para se seguir, e que eu nem sempre preciso escolher o mais difícil. Você me ensinou que é importante saber que batalhas lutar, ao invés de lutar todas elas, como eu vinha fazendo desde... Desde sempre, acho.

Cartas Para Quinn (Faberry)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora