Capítulo 12: Família

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30 de março de 2012


Querida Quinn,


Às vezes eu me pergunto porque a família é tão importante. Claro que entendo o papel que ela desempenha em nossa vida — nossa educação, nossas crenças, nossos valores; todas essas coisas são nos ensinada no seio familiar. Mas depois que estamos crescidos, depois que nossos valores morais foram criados, e nossos rumos definidos, por que ela ainda é importante? Por que ainda tem o poder de nos atingir, seja de maneira positiva, seja de maneira negativa?


Eu gostaria de saber essas respostas. No momento, acredito que meu pai também gostaria. A viagem para Seattle foi extremamente cansativa. Papai e eu precisamos acordar horas antes, porque nosso vôo saía de uma cidade chamada Dayton. Não há voos diretos de Lima para a sua cidade natal, então ainda precisamos enfrentar uma hora de estrada para chegarmos a tempo no aeroporto. Entretanto, assim que pusemos os pés para fora do avião, em Seattle, eu tive esse sentimento. Uma sensação ruim no estômago, que me fazia acreditar que essa viagem traria mais mal do que bem.


Suponho que eu estava certa, afinal. O primeiro sinal foi não ter ninguém para nos recepcionar no aeroporto — o que eu duvido ter acontecido para qualquer outro membro da família —, o segundo foi a expressão surpresa no rosto do meu avô quando nos viu, como se esperasse que não estivéssemos ali; o terceiro (e mais óbvio) foi meu avô debilitado por causa da idade se levantando do sofá e nos expulsando para fora de sua casa. Vovó nos contou, aos prantos, que nos chamara por conta própria para tentar nos aproximar novamente. Tentativa que, devo dizer, não chegou nem próxima de dar certo.


Não tenho certeza de como me sinto sobre isso, mas sei como meu pai se sente, se as lágrimas que desceram pelo seu rosto foi alguma indicação. É tão injusto, senhorita Fabray, que as pessoas que têm o poder de nos erguer sejam aquelas que também possuem o poder de nos derrubar. Sugeri ao meu pai que voltássemos mais cedo para casa, mas ele disse que ficaríamos. Então nos hospedamos no primeiro hotel que encontramos, e aqui estou eu, sentada na pequena escrivaninha de nosso quarto, escrevendo esta carta para você.


Sendo extremamente sincera — como sempre, eu acho (risos) —, a única coisa que me mantém feliz e esperançosa de que essa viagem ainda se transforme em algo maravilhoso é a perspectiva de conhecer seu irmão. Estou tão animada em relação a isso! Ah, o que me lembra... Ele me adicionou no Facebook. Meu Deus, Quinn! Por que você não me disse que seu irmão é tão bonito? E pelo que pude perceber por alguns vídeos que ele postou recentemente, Samuel também é um bom cantor. E acho que é nesse momento que devo confessar que stalkeei o perfil dele à sua procura. O lado ruim é que eu não encontrei nada, o que significa que você provavelmente não tem uma conta no site; o lado bom é que vasculhando as fotos dele, encontrei uma antiga, que eu acredito ser de todos vocês reunidos. Você, Sam, e seus pais. Em um daqueles piqueniques no Central Park do qual você me falou. Você já era bonita quando criança. Agora não consigo deixar de imaginar na mulher que você tornou. Linda em todos os aspectos, eu aposto. Tanto na personalidade quanto na aparência.


De qualquer forma, Sam e eu marcamos um encontro. Meu pai disse que queria conhecê-lo também, você sabe, para se certificar de que não é nenhum tarado, pedófilo, ou coisa do tipo. Mas depois vai nos deixar sozinhos, e eu poderei começar a metralhá-lo com as milhares de perguntas que tenho a seu respeito. O que posso dizer, Quinn Fabray? Você tem minha inteira atenção.

Cartas Para Quinn (Faberry)Where stories live. Discover now