Capítulo 17: Amigos Verdadeiros

61 10 0
                                    


18 de maio de 2012


Querida Quinn,


As pessoas tendem a subestimar o valor de uma amizade verdadeira. Elas não se dão conta de como uma pessoa, uma única pessoa, pode ser a diferença entre cairmos ou permanecemos de pé. É um fardo grande para carregar, sem dúvidas. Também é um grande privilégio.


Nem sei o que dizer a respeito do que você me contou sobre Santana. Não sei muito sobre ela — só que ela estudou com você no Ensino Médio, sofreu bullying como eu, teve uma grande decepção amorosa, e serve no Exército ao seu lado. Entretanto, apesar de não conhecê-la tão bem, sinto que a compreendo. Imagino que Brittany tenha sido uma das razões para que ela tenha se alistado, não? Você sabe, meu avô serviu o Exército dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Não aquele avô, o preconceituoso. Digo o pai da minha mãe.


Vovô me disse que quando era jovem, ele não sabia o que fazer da vida. Então o Exército lhe deu um lar, um propósito, uma razão para sair da cama todos os dias. Ele gostava de lutar pelo seu país; de defender nossa nação; de se sentir útil. A maioria de seus amigos estavam casados, trabalhando em empregos que detestavam, e ele estava livre para lutar pelo que acreditava. Minha avó era enfermeira. Eles se conheceram no meio da guerra. Os dois se casaram quando a guerra terminou, o que é meio que um final feliz, mas poderia não ter sido. Meu avô perdeu uma perna no campo de batalha. Vovó foi a enfermeira que cuidou dele. Eles ficaram juntos por alguns dias, o suficiente para estabilizá-lo, e então ele foi dispensado. Algum tempo depois, ele estava em casa.


Só que meu avô era do tipo de homem que não aguentava ficar parado. Isso quase o matou. A deficiência. A incapacidade. A fragilidade. Ele detestava precisar de ajuda. Mas, mais do que tudo, ele detestava não poder voltar para o campo de batalha. Vovô tentou se matar uma vez, perto do fim da guerra. Se vovó não o tivesse reencontrado, se não tivesse ficado ao lado dele... Eu não teria um avô hoje. Bem, na verdade eu provavelmente nem estaria viva, porque à época vovó ainda não estava grávida. Foi pela minha mãe que meu avô se reergueu. Voltou a ser o homem que era antes — com algumas cicatrizes a mais, muitas perdas, muita dor, mas, essencialmente, o mesmo homem. Bondoso, generoso, amoroso. Sinto falta dele.


Você está no Exército desde os dezoito anos, não é? Você faz vinte e dois em breve (não esqueci, senhorita Fabray), o que significa que foram quatro anos servindo. Não sei quais são seus planos para o futuro, mas espero que estar aí tenha dado um propósito para você, também. Espero que você tenha grandes perspectivas de futuro, grandes planos, e que tenha se encontrado. Espero que você tenha encontrado o que estava procurando quando se alistou. O mesmo vale para Santana. Desejo apenas o melhor a vocês duas. Tão corajosas.


Soldado Quinn Fabray. Até nisso você parece impressionante.


Somos tão diferentes uma da outra, não é? Tenho dezessete anos, e já me encontrei. Na verdade, desde criança, sempre soube quem era e o que queria. Meu grande desafio está sendo chegar até lá — e é nisso que você está me ajudando. A conquistar meus sonhos. A não desistir. Em relação a você, posso estar errada, mas sinto que estou fazendo o contrário. Sinto que estou ajudando você a se descobrir. Claro que estou correndo o risco de me super valorizar aqui (risos), mas sei que você não se importaria se eu estivesse errada. Ou certa. Você me parece um pouco perdida às vezes, Quinn. Como se ainda não estivesse certa de qual será seu próximo passo. Mas nos meses que estamos nos comunicando, eu vejo sua evolução. São os detalhes. Aquelas coisas minúsculas que a maioria das pessoas ignora (mas acho que podemos concordar que não somos como a maioria). Vejo como você faz planos, agora. Como você começa a falar do amanhã. Talvez nem você mesma tenha percebido as mudanças. Eu percebi. Mas também sou bastante observadora, então... (risos).

Cartas Para Quinn (Faberry)Where stories live. Discover now