Capítulo 15: Um Lugar No Seu Coração

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25 de abril de 2012


Querida Quinn,


As coisas têm andado meio agitadas desde que voltei de viagem (o que me faz querer voltar para Seattle e me esconder por lá até o fim do ano letivo, mas como não posso...). A escola tem sido incrivelmente estressante — e você está ouvindo isso de uma garota que aguentou quase quatro anos de inferno sem dizer nada a ninguém —, e mal tenho tido tempo sequer para respirar, o que provavelmente quer dizer alguma coisa (uma péssima, por sinal, porque ficar sem tempo para nada é péssimo).


Você sabe, nunca pensei que fosse dizer isso, mas as matérias escolares são, na verdade, a parte mais fácil de se lidar. O verdadeiro pesadelo (e fonte de estresse) são as pessoas. Mais especificamente, as pessoas que frequentam o clube do coral. Agora, não quero apontar culpados, mas já que o assunto surgiu e aqui estamos falando sobre isso (ou eu estou, já que, tecnicamente, você só está lendo o que estou escrevendo), então acho que não faz mal dizer que... EU QUERO MATAR SASHA MORGENSTERN! AQUELA FILHA DE VALENTIM! (Desculpe, não pude me controlar, eu sempre faço essa piadinha mentalmente... E caso você não tenha entendido, Valentim Morgenstern é um dos vilões de uma série de livros).


Tudo bem, tudo bem, não digo isso (matar, e tal) no sentido literal, até porque prefiro fazer sucesso na Broadway, e não no karaokê de uma prisão de segurança máxima, mas, você sabe, às vezes o impulso de esganá-la é tão grande que, quando percebo, estou com as mãos estendidas em sua direção. Isso pode ou mão ter acontecido algumas vezes (ok, talvez muitas) nos últimos dias. Não que alguém esteja fazendo a conta... Ah, bem, quem estou enganando? Kitty e Noah adoram quando isso acontece. Eles, inclusive, fizeram uma aposta com Mike, Marley, Jake e Ryder para ver quanto tempo consigo resistir aos meus impulsos. Eu brigaria com eles, se não achasse que essa aposta é a única coisa que os mantém sãos, e os impede de fazer a mesma coisa. E sendo bem franca, meio que me mantém sã, também. O que é bom, porque se eu não tiver algo no que me agarrar, provavelmente vou perder as estribeiras, e então, ALÔ PRISÃO DE SEGURANÇA MÁXIMA! Espero que você esteja disposta a ser minha amiga mesmo que eu me torne uma criminosa (risos).


Mas, falando sério, essa garota conseguiu acabar com a minha paciência — e temos que concordar que depois de tudo o que eu passei, o limite dela é imenso —, e a de todos os meus colegas, também. Até mesmo o senhor Schuester, que tolera todo mundo, deu um grito nela um dia desses. Quero dizer, é completamente insuportável e irritante. A garota critica absolutamente tudo. T U D O. Ela é tão afinada quanto a corda arrebentada de um violão, mas insiste em tentar nos ajudar a melhorar nossos vocais (quando ela mesma cantando soa como um gato sendo pisoteado). Ela teve a audácia de dizer para mim, PARA MIM!!!, que eu deveria treinar mais os meus agudos. Como se ela sequer soubesse o que é isso! E ela diz o tempo todo para Mike, Jake e Kitty que eles deveriam ter movimentos melhores de dança. O que é engraçado vindo dela, que quando dança fica parecendo uma barata depois de ter sido acertada com baygon. E não, não é exagero. Semana passada, Kurt perguntou a ela se ela tinha labirintite — e nos vinte minutos seguintes, todos nós tivemos que suportar uma palestra de como ela era tão injustiçada quando só estava tentando fazer o melhor pelo grupo (fala sério!!!).


Ok, talvez eu esteja sendo um pouquinho amarga, mas, pelo amor de Deus, isso já está passando dos limites. Ela só entrou no clube para ficar de olho no namorado — como se alguém aqui fosse se interessar pelo boneco de posto —, e provavelmente para ser uma espiã da treinadora das líderes de torcida, Sue Sylvester — cuja maior ambição de vida é ver o nosso clube fechar; vai entender —, ambos os motivos mais do que patéticos. Só a toleramos porque precisamos de doze pessoas para participar de competições, e ou seria ela ou Sugar Motta, a única pessoa na existência do clube do coral a não ser aceita (sim, ela é ruim a esse ponto).

Cartas Para Quinn (Faberry)Where stories live. Discover now