Baiadère

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   O anel de diamante que comprei não era tão lindo como a lua, mas tinha certeza que ela iria gostar. E assim foi, assim que cheguei ao restaurante Margot me recebeu com muitos abraços e elogios. Mostrei o anel e disse as palavras mágicas:

- Minha linda Margot, deseja se casar com esse homem insensato, cego de amor e necessitado de carinho que só pensa em você?

- Aceito! Oh como poderia negar, Gerald? Eu te amo!

   Como eu disse antes, eu sabia que ela iria amar o anel. De hoje em diante tenho que enchê-la de jóias para que me represente bem nas reuniões externas da empresa.

   É de certo que ela é linda, mas também é certo que compete com uma porta quanto a inteligência.. Vou me casar com o par de pernas mais excitantes que já vi.

   Depois do jantar, enquanto Margot me espera na saída, fui até próximo da entrada do restaurante pra poder pagar a conta e logo de longe vejo uma mulher linda, com certeza aquilo sim é uma boa postura e um lindo par de pernas. Tem seios pequenos, mas quem liga pra isso hoje em dia não é.

   Enquanto ando, ela vem distraída em minha direção e mesmo sem eu imaginar, ela esbarra de leve em mim e logo se desculpa.

- Perdão, senhor!

- Não há problema, Mademoiselle.

   E lá se foi ela com aquela postura de bailarina...

   Que homem estranho... Esses homens sempre andam apressados. Quem sabe estava apressado pra fechar algum negócio, mas no final a culpa foi minha. Não sei como o Cícero me convenceu a sair de casa pra comer nesse restaurante. E ele que deu a idéia, nem veio!

   Assim que me sento reparo na entrada do restaurante, é um grande corredor. Tem muitas pessoas lá, ao que me parece as mansões pegam o jantar aqui as vezes...

   Após comer vejo que a idéia não foi muito boa mesmo. A comida não é tão boa quando eu imaginava, é mais pra admirar do que pra comer. E o preço nem se fala. Não sei como me deixei enganar por aquele Cícero. Ele me paga! Estão todos me olhando como se eu estivesse abandonada esperando alguém que não veio.

   Depois de comer meu belo Bife ao molho Barbecui fui até a entrada pra poder pagar. Vi uma moça morena tão linda, porém o que me chamou atenção não foi a sua beleza em si, mas sim os seus cabelos. Assim que cheguei perto dela ela desejou "boa noite" e eu a respondi.

- Que lindos os seus cachos!

- Obrigada!

   Logo vi que ela ficou sem jeito então me conti.

- Elisa, prazer!

- Miranda, o prazer é meu.

   Logo entregaram a encomenda dela e vi que era da casa dos Bertrand, desta vez não me conti.

- Você trabalha na casa dos Bertrand?

- Trabalho sim.

- Conheço a família. Digo, Bernardo, gosto muito de tudo o que ele faz.

- Direi a ele. Agora tenho que ir, foi um prazer conhecê-la. Até!

- Até!

   Por alguns segundos fiquei olhando a moça ir embora enquanto se despedia de mim e percebi que um homem a esperava do lado de fora. Antes de chegar na calçada o homem começou a se exaltar com ele e gritar, vi de longe. Não consegui entender o que ele dizia. Mas que coisa feia! Uma moça tão bonita andar com um homem tão grosso!

   Fingir que não está escutando é o melhor que ela faz mesmo.

O Portador de memórias - Para jovens idososOnde as histórias ganham vida. Descobre agora