Não precisa ler esta nota

330 64 4
                                    

Olhei para o meu remoído cão, no qual pouco resta além do bom espírito e a boa vontade e disse:

 - Venha!

E veio com aqueles olhos de idade respeitada qual muito já viu.

 - Dá-me estes olhos de choro e gemido?

 Ele nada respondeu...

 - Dou-lhe papel, lhe ensino a chorar com o lápis, não há pelo que gemer. Dá-me os olhos.

 Ele gemeu e se enroscou em mim.

Naquele dia percebei que ele entendeu tudo que eu disse. Vi que teve compaixão comigo. Se aqueles olhos escrevessem, até o papel choraria.

O Portador de memórias - Para jovens idososOnde as histórias ganham vida. Descobre agora