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By hellenptrclliw

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➛ A segunda queda: livro 02 da série "The Four Falls". Apaixonar-se não era sequer a última das coisas que Et... More

OWH. #2 Série TFF
sinopse
dedicatória
epígrafe
01. quem está julgando?
02. caos com íris cor de avelã.
03. dever e honra.
04. até onde você é capaz...?
05. ethan.jyoung.
06. se você diz.
07. calum young é um menino sábio.
08. quem é gwen evans?
09.1. eu não sei como você consegue.
09.2
09.3
10. movidos pelo instinto de sobrevivência.
11. precisamos parar de nos encontrar assim.
12. por que se explicar tanto para si mesmo?
13. temos tudo sob controle.
14. a verdade que há e suas promessas.
15. um dia, talvez?
16. até o sol nascer.
17. nada é como se apaixonar pela primeira vez.
18. a reputação que me precede.
19. quando o amor cai em mãos erradas.
20. no meu sangue.
21.1. a garota que me encara de volta.
21.2
22.1. os parágrafos escondidos e descobertos.
22.2
23. a sentença das nossas vidas.
24. misericórdia nunca foi o seu forte.
25. a vida acontecendo através desses sentimentos.
26. as estrelas que testemunham nossa queda.
27. isso é sobre quem eu sou.
28.1. a liberdade do meu verdadeiro eu.
28.2
29. isso muda tudo.
30. e quem a protege de mim?
31. "juntos e essa coisa toda".
32. capítulos em branco.
33. é sempre assim?
34. como viemos parar aqui?
35. o narrador que conta a história.
36. neste momento, ele é o mundo inteiro.
37. aquela filha daquela família.
38. me diga que não é tarde demais.
39. me perdoe, eu me apaixonei.
40. boa fé da mulher que me amou primeiro.
41.1. é como deveria ser.
41.2
42. o monstro debaixo das nossas camas.
43. genuína.
44. o sangue puro e o sangue ruim.
45. julgamento
46. com um coração cheio.
47. rainbow
48.1. as constantes.
48.2
extra: pressentimentos.
49. você vem para o café da manhã?
50. a traição.
51. negação.
52. não esquecer o quanto você o ama.
53. é o único jeito, querida.
54. honra e morte.
55. se apaixonar.
56. este é o meu dever.
57. memórias: nós as construímos e elas nos constroem.
58. sem mais sentir muito.
59. era você que sempre estava lá.
60. o caminho de volta para casa.
epílogo.
nota final.

prólogo

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By hellenptrclliw


Antes
Ethan, 20 anos

AFASTEI O CELULAR NA DIREÇÃO do céu para que minha irmã não ouvisse o vergonhoso e audível barulho do leão faminto que habitava em meu estômago.

— E aí — continuou ela, alheia ao fato de que perdi uma parte de seu comentário — eu me demiti.

— Você se demitiu — repeti, largando minha mochila ao lado para recostar-me na parede coberta por musgo atrás de mim. — O que a tia Lori disse?

Houve uma pausa hesitante vinda da parte dela e eu aproveitei para alongar minhas costas e pegar minha garrafa de água do bolso lateral da minha mochila velha. A garrafa estava pela metade e eu torci o nariz com decepção, mas ainda dei três generosos goles.

É, ok. Isso disfarçava um pouco a fome que estava sentindo.

— Ela não ficou feliz — Allie contou, enfim. Quando estava prestes a perguntar o que exatamente ela disse, minha irmã acrescentou: — Mas não vamos falar de mim. E você? O quarto que você está ainda é aquela espelunca?

Meu peito contraiu e eu desviei o olhar para o céu como se estivesse falando pessoalmente com ela e não desejasse ser pego na mentira; o que seria em vão, porque essa garota me conhecia como a palma de sua mão.

Mas a distância que nos separava tornava isso mais fácil, afinal de contas, eu tenho mentido desde que cheguei aqui e ela não tem ideia. Não havia um maldito quarto; eu consideraria o Four Seasons qualquer quartinho empoeirado e cheio de baratas. Estava perambulando nessa cidade há quase seis meses, indo e voltando de lugares onde passava a noite e tinha a sorte de arrumar algum bico temporário.

Jesus, eu pegava garotas apenas para ter onde passar a noite quando estava muito ferrado — claro, hã, não que fosse exatamente um sacrifício.

Eu arriscaria dizer que hoje minhas axilas estavam começando a transpirar um odor desagradável e não me lembrava da última vez que tomei um banho longo e quente.

Minha última refeição foi ontem de manhã.

Agora eram dez horas da noite.

Tive o cuidado de manter um tom de sorriso e satisfação quando a respondi: — Não. Consegui um lugar melhor. Acho mesmo que daqui vai dar pra começar a tomar jeito.

Alyssa suspirou como se eu fosse um bobo.

— Ethan, você tá indo bem pra caralho.

— Caramba, — eu a censurei.

— Caramba, caralho, cacete, como preferir, — ela implicou.

Eu ri porque, bem, amava minha irmã e sua boca suja.

— Escuta, e o Callie?

Olhei as horas na minha barra de notificação e também constatei que minha bateria estava prestes a terminar e, a menos que eu descobrisse como conseguir energia da minha bunda, iria ficar sem até encontrar algum lugar para dar um jeito nisso. Não que eu tivesse alguma razão para me preocupar, uma vez que não havia ninguém além da minha irmã para atender.

O que eu sabia era que precisava conseguir comida e isso significava que meus últimos trocados iriam para puta que pariu. Mas eu não pegaria nosso dinheiro. Não assim.

— Dormiu já — eu murmurei algo como "aham" e ela entendeu como se eu estivesse me despedindo. — Vou deixar você, então.

Eu queria muito continuar falando porque ela me distraía, mas sentia que o dono do restaurante atrás de mim estava prestes a ligar para polícia e me acusar como um suspeito. Tudo bem, eu entenderia o cara. Minha camisa xadrez já teve dias melhores, meu jeans também, meu cabelo oleoso e minha expressão derrotada.

Cara. Pelo amor de Deus, eu estava fedendo.

Mas pelo menos eu tinha saúde.

Eu achava que tinha.

— Ei, eu amo vocês. Sinto falta de casa — murmurei, mas Alyssa já havia desligado.

Eu já havia reparado que ela estava mais reservada desde que fui embora, mas você sabe, água dura em pedra mole tanto molha até que bate.

Er... tinha quase certeza de que o ditado não era bem assim.

Sacudindo minha cabeça, eu joguei a mochila nos ombros e recorri à última opção: ir até o motel (o quarto melhor que minha irmã supõe) de quinta que passei a semana passada. Eu meio que improvisei uma cama no último nível de uma estante que havia lá porque me recusava a deixar aqueles lençóis onde nem Deus sabia o quê já passara por ali encostar-se a mim e, segundo o adolescente hippster que trabalhava na recepção, eles estavam sem funcionárias de limpeza naquele dia.

Duvidava que fizesse grande diferença.

Corri pelas ruas de Winstown, desviando das poucas pessoas que encontrei pelas ruas há essa hora. Quase trombei com uma mulher ruiva que saía da Galeria famosa da cidade e recebi alguns olhares de idiotas esnobes que saíam junto com ela. A menos que eles me deem um lugar para dormir, podem sair do meu caminho.

Por incrível que pareça, aquele estabelecimento quase sempre lotava. Eu não queria julgar nem nada, mas nossa, você tinha que estar muito desesperado para transar a ponto de ir para lá. Tentar bater uma em um quarto daqueles já se mostrou bem complicado, quem dirá sexo — eu sabia porque tentei. Lá estava eu, mão em torno do meu pau e tarãã, lá ia um rato do tamanho do meu pé entrando no banheiro.

Mais uma tentativa e quando achei que ia conseguir me aliviar, uma lagartixa caiu... bem, você sabe onde.

Simplesmente não dava.

E, ainda assim, quando cheguei à recepção, o hippster maldito me informou que eles estavam lotados.

Como?! — eu gritei, indignado e meio furioso. — Como isso é possível?

Corri uns sete quarteirões sem parar até aqui, com sono, fedido, com fome, com sede, para nada. Ótimo.

O hippster me disse para vir mais cedo amanhã e ele também prometeu que tentará me guardar um quarto no caso de eu demorar. Isso era arriscado para seu emprego, portanto não pude deixar de ficar grato.

Assim acabei, novamente, arrumando um cantinho na rua. Não que eu fosse dormir muito, no entanto. Vou aproveitar a bateria do celular para terminar de arrumar meu currículo no Word e, com sorte, comprar uma porcaria para comer. Se bem que ficar bêbado era uma opção.

Vesti minha jaqueta e puxei o capuz, cobrindo-me o máximo possível do frio. Você esperaria que o cara dormindo a uns cinco metros de mim com três cobertores velhos se sensibilizasse com a minha situação, que era a mesma dele, mas tudo o que ele fez foi se certificar de que suas mantas ficassem bem presas em seus punhos e que sua mochila de pano permanecesse amarrada em sua perna.

Eu me virei, coloquei a mochila contra meu peito e abracei, acendendo a tela do meu celular. Pisquei para a tela. Pisquei para meus dedos. Pisquei para limpar os grãos de areia que insistiam em coçar a parte interna das minhas pálpebras. Se eu me entregasse ao cansaço assim, isso significava que só iria acordar de manhã, o que por sua vez significava que iria ter que terminar meu currículo novo as pressas se quisesse encontrar um lugar para impressão e começar a procurar estabelecimentos às nove.

Esse era um luxo que não tinha.

Meu corpo não me aguentava mais, eu não aguentava mais perambular sozinho por todas essas ruas e encontrar as mesmas almas egoístas e acusatórias que apenas trocavam de rostos, porque continuavam sendo seres humanos mesquinhos e absolutamente nada empáticos. Ninguém dava a mínima para ninguém, esta era a verdade, e eu não sabia como esperava ser diferente.

Nesses meses eu entendi que a gentileza tem que ficar para aqueles que amamos. Porque se distribuíssemos um pouco mais a cada manhã, um pouco mais para mais alguém, o mundo não seria essa merda. Talvez eu tivesse algo para comer agora — talvez o imbecil ao meu lado, já idoso, tivesse um lugar decente para passar a noite.

Talvez um monte de coisas que só dependiam de escolhas; escolher ser mais gentil, mais bondoso, mais sensível.

Sentia falta de casa.

Sentia falta dos meus pais. Apostava que as pessoas seriam melhores se tivessem tido a chance de conhecê-los.

Eu apertei meus olhos para conter as lágrimas e engoli o aperto em minha garganta, recusando o sentimentalismo agora. Isso não ia me dar um emprego e nem colocar comida no meu estômago — muito menos orgulhar meus irmãos.

— Ali. Aquele é o St. John que ele nos falou — eu levei meu olhar para os homens que desviaram da minha calçada-quarto para atravessar a rua silenciosa, apontando para um ponto em sua frente.

Minha barriga ficou gelada quando eu peguei o vislumbre do material brilhando no cós da calça do cara da esquerda, meio corcunda como se a idade estivesse o alcançando muito rapidamente. O outro cerrou os punhos e falou algo, mas não conseguia parar de encarar a arma escondida ali. Que diabos?

Finalmente meus olhos traçaram a direção deles e, ao mesmo tempo em que me apressei para recolher as minhas coisas e me mandar para o outro lado da cidade, eu o vi.

Com uns bons 1, 90, o cara envolto pela penumbra da rua e escondido abaixo de um poste luz inapto, estava prestes a enfiar a chave do carro na porta de seu Ford Capri reluzente quando os dois o abordaram.

E eles não foram educados.

Congelei onde estava, minha mochila entre minhas mãos e meus olhos arregalados de horror. Era claro que eu já havia visto uma briga antes e era claro que não era burro de querer interferir — mesmo que o cara loiro estivesse em desvantagem —, mas, ei, havia uma arma entre eles.

E pela maneira que o dono do Ford Capri foi descido ao chão com uma joelhada no saco e uma boa quantia de murros com soco inglês em seu rosto e tronco, duvidava que ele fosse ter um desfecho agradável.

Vá embora. Apenas vá embora, eu dizia a mim mesmo, forçando minhas pernas a me levarem pelo beco que dava a volta na rua. Eu nunca passei a noite por aqui, então talvez isso seja comum, certo? Quantos lugares violentos e carentes de fiscalização devem existir pela cidade ? Talvez eu devesse me informar. Apertando o celular, disquei o número da polícia.

O velho mendigo ao meu lado parecia atento à briga, mas não deu nenhum indício de que pretendia interferir na cena ou se mandar para um lugar mais seguro enquanto eu explicava a situação rapidamente. Mesmo assim...

Isso deixou um gosto amargo na minha boca. Eu não era tão melhor do que ele, pois indo ou ficando, ambos estávamos permitindo aquilo ali.

Nós estávamos vendo e não estávamos fazendo nada.

E isso nos tornava tão ruim quanto aqueles agressores.

Tenho irmãos, insisti comigo mesmo, não tenho o direito de sair bancando o herói.

Tenho que voltar para casa.

Tenho que... o cara grunhiu de dor lá atrás e eu estremeci.

Dei uma olhada de canto, você sabe, só uma olhadinha antes de correr e torcer para uma viatura... chegar antes que fosse tarde demais.

Meu coração errou uma maldita batida, cheio de pânico e medo e uma súbita vergonha por mim mesmo, entretanto, nada disso importava. Porque o sujeito com a arma estava a apontando para o rosto do coitado que devia estar dizendo adeus a sua vida nesse mesmo segundo.

Sorte a dele que eu aparentemente não tinha amor à minha.

Não era o meu momento mais racional e eu provavelmente iria me odiar, mas havia adrenalina demais em meu corpo quando eu ataquei o agressor e empurrei seu braço para cima, o disparo da arma de fogo soando aos céus e importunando as deslumbrantes estrelas que mais cedo usei para me orientar. Eu fiquei um pouco tonto, meu ouvido zunindo com a força do som enquanto joguei meu oponente ao chão.

O outro, o que só tinha as mãos para agredir e agora se defender, recuou devagar para longe do cara no chão. Eu senti meu rosto molhado com algo e seja lá o que fosse — provavelmente sangue — em par com o olhar em meu rosto foi suficiente para amedrontar o covarde disfarçado de corajoso. Isso só me dizia que o cara ferido era inocente. Devia ser assalto.

Peguei as chaves do carro que haviam caído perto do pneu e enfiei na porta, destravando-a.

Ofegante, analisei o loiro beirando a inconsciência no asfalto. Seu rosto tinha mais sangue do que lugares disponíveis para que eu absorvesse algum de seus traços, sua jaqueta de couro marrom com a bandeira dos EUA no ombro também tinha sangue e o estado de sua camiseta branca era deplorável.

Me senti mal por ele como se o conhecesse há anos.

Empurrei o banco do motorista para frente e enganchei minhas mãos debaixo de seus braços, erguendo-o até enfiá-lo de qualquer jeito no banco de trás. Ele chutou e grunhiu e gemeu de dor, mas para quem ia só levar um tiro e tal, acho que ele parecia muito bem. Por isso que quando cantei pneu pela rua e controlei minha respiração para ritmar meu batimento cardíaco quase doloroso de tão acelerado, nem me importei com o fato de que ele rolou pelo banco e caiu como um saco de batatas.

O que. Eu. Acabei. De. Fazer?

Você pensaria que um homem na situação deste estaria com muita dor, assustado demais para encontrar sua consciência. Eu sabia que estaria.

Mas, encontrando meu olhar pelo espelho retrovisor e surpreendendo-me por estar sentado, o babaca me disse:

— Dirige mais deva...

Propositalmente, não desacelerei muito ao entrar em uma rua mais irregular que o normal.

Ele se contorceu de dor e eu sorri.

— Cala a boca e vê se não suja minha mochila de sangue.

Houve uma pausa e eu quase acreditei que ele ficaria quieto. Mas ao invés de se manter em silêncio, que já seria suficiente para me agradecer por salvar sua vida enquanto tentava não surtar, eu ouvi uma risada divertida e me forcei a encontrar seu olhar novamente.

As íris âmbar brilhavam com diversão, uma vida distante do terror que possuíam quando tinha uma arma apontada para seu rosto.

Então, quando ele falou novamente, não pude deixar de rir:

— Você tá fedendo, irmão.

QUEM AÍ TAVA ANSIOSO?
eu tô muito muito muito animada pra trazer esse casal pra vocês e espero de coração que eles os conquistem mais do que já fizeram em amnésia!

não esqueçam de deixar a estrelinha e comentar muuuuuito, porque isso ajuda demais o livro a crescer :)

a playlist de OWH tá na minha bio e eu espero que vocês gostem!!

beijão e até o próximo (se preparem pra mergulhar no mundo deles novamente) 💜.

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