Crumble to Ashes | Phoenix Lo...

By aprilkanewrites

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[LIVRO 2 DA TRILOGIA PHOENIX LOVE] Após terem embarcado em um romance que fez explodir as chamas que existiam... More

Notas da Autora e Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45

Capítulo 38

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By aprilkanewrites

CRYSTAL

Mais algumas semanas se passaram e já estamos na metade de março, o que significa que é a época do spring break. Durante essas últimas semanas, eu e David continuamos nos encontrando várias vezes para ficarmos "sem emoções" como havíamos combinado. É óbvio que quando estamos juntos explodimos como misturar fogo e gasolina, mas, quando os amassos ou a transa acaba, cada um segue seu rumo como dois completos desconhecidos, o que faz meu peito se contrair de dor cada uma das vezes.

Recebi uma mensagem de David durante o intervalo para o almoço informando sobre o local onde iremos nos encontrar hoje e achei estranha a sua escolha: o campo de beisebol, afinal de contas, é um lugar aberto, mas decidi não questionar e apenas concordei. Tenho a impressão de que lá será apenas um ponto de encontro para irmos a outro lugar depois, então não vou me incomodar em fazer perguntas a respeito. Mal posso esperar para estar em seus braços novamente e sentir o seu toque, o seu cheiro, o seu gosto. Os breves momentos que passamos juntos têm sido a melhor parte do meu dia, por mais que seja apenas físico e rápido, é melhor tê-lo ainda que por pouco tempo e somente uma parte do que não ter nada.

Assim que a minha última aula do dia acaba, como de costume, dou uma passada no banheiro só para conferir se ainda estou com uma boa aparência, antes de ir me encontrar com David, principalmente porque acredito que nosso encontro hoje vai ser um pouco mais longo do que o habitual, pois vamos ficar uma semana sem nos vermos por conta do recesso. Dou uma ajeitada nos meus cabelos, retoco meu hidratante labial, confiro se os pacotes de camisinha estão na minha bolsa e dou uma erguida no sutiã para levantar os peitos. É isso, está tudo certo. Saio e vou até o campo para encontrá-lo, que já estava sentado na arquibancada esperando por mim quando chego.

- Oi, David! – cumprimento-o com um sorriso, mas a minha expressão se desfaz no instante em que ele ergue o rosto para me ver e eu vejo que ele está sério, muito sério.

- Oi, Crystal – ele me cumprimenta com um tom frio que me preocupa. Por mais que estejamos fazendo sexo "sem sentimentos", ainda somos gentis um com o outro. – Eu te chamei aqui porque queria conversar com você. Sente-se, por favor – ele aponta para o espaço ao seu lado, e eu me sento. Estou gostando cada vez menos disso.

- Aconteceu alguma coisa? – pergunto, preocupada.

David respira fundo antes de responder. – Eu tomei uma decisão, Crystal, uma decisão que eu acredito ser o melhor para nós dois.

Meu coração para de bater por dois segundos. Não, não pode ser.

- O que você decidiu?

- Eu decidi que é melhor encerrarmos nossos encontros – ele responde, olhando fixamente para mim e o azul em seus olhos é de um tom tão gélido que faz o meu coração estremecer de dor em meu peito. – Isso não está fazendo bem para nenhum de nós, não vamos conseguir superar o nosso término e seguir em frente se continuarmos nos vendo desse jeito. Precisamos aprender a seguir as nossas vidas individualmente. Nós terminamos, não faz sentido que a gente continue transando como se nada tivesse acontecido.

Sinto meu coração estremecer e doer mais a cada palavra que sai da sua boca. Eu não quero seguir a minha vida sem você, você não percebe? Não é fácil para mim também, e ainda vou perder o único contato me restava com você.

- É... Você tem razão – concordo a contragosto porque sei que não vai adiantar querer fazê-lo mudar de ideia.

- Além disso, meu coração ainda está quebrado, Crystal, eu ainda estou tentando te perdoar, e ficar me encontrando com você não está ajudando em nada – ele confessa com dor em seu tom de voz. – Eu preciso ficar longe de você para tentar organizar a bagunça que está no meu peito e na minha mente. Me desculpe.

- Tudo bem, David, eu entendo – digo sinceramente, pois realmente entendo. Se não está sendo fácil para mim ter que fingir que não sinto nada por ele e tê-lo apenas como um parceiro de sexo, para ele, que está com o coração dolorido, deve ser ainda pior.

- Sinto muito, Crystal, mas é melhor desse jeito – ele respira fundo e volta a olhar para mim. – Apesar de tudo, eu torço muito por você e espero que você seja feliz.

- Eu digo o mesmo – respiro fundo, tentando me preparar para o fim da conversa. – Espero que você consiga se curar.

O loiro abaixa a cabeça para desviar o olhar do meu.

- É, eu também – ele responde e se levanta. – Espero que você encontre alguém que te satisfaça da forma que eu não fui capaz.

Impossível! Queria tanto que você entendesse que a questão não foi você... nunca foi.

- Fique bem – David diz ao perceber que eu não tenho uma resposta para lhe dar e se aproxima de mim para dar um beijo de despedida no meu rosto. Um beijo tão singelo que por pouco não me faz chorar.

- Adeus, David – me despeço, segurando para não derramar uma lágrima.

- Adeus, Crystal. – Ele dá uma última olhada nos meus olhos antes de se virar e ir embora.

Assisto ao meu grande amor se afastar e sair da minha vida enquanto continuo sentada por alguns minutos tentando digerir o que acabou de acontecer. Eu estava tentando me contentar em ter apenas uma parte dele e agora não terei mais nada. No entanto, eu não o julgo, pois consegui ver no fundo dos seus olhos azuis de oceano que esses momentos comigo estavam o machucando ainda mais, pelo mesmo motivo que eu: não poder me ter por completo. Não porque ele de fato não possa, pois é tudo o que eu mais queria, mas por ainda não estar pronto para me perdoar.

Estou chateada com a sua decisão, mas entendo seus motivos. Resolvi não insistir, embirrar ou espernear – pelo menos, não na sua frente; em casa, eu já não garanto – para mostrar que estou mudando e tentando amadurecer e melhorar por ele. Sei que nunca vou conseguir compensar a cagada que fiz, porém quero me esforçar para mostrar que ao menos estou tentando e, sendo toda torta, louca e errada como sou, me exige mais esforço do que as pessoas imaginam, mas David vale a pena.

***

A semana do spring break passou, com isso, acabei de chegar da viagem que fiz com Jasmine para Holland, Michigan, para curtirmos um pouco de sol e praia e fazer uns passeios pela natureza. Esses dias foram ótimos para recarregar as energias e eu até conheci um cara legal que me ajudou a me distrair da minha tristeza pelo fato de eu e David termos rompido o último vínculo que ainda tínhamos definitivamente. Não me apeguei nem me apaixonei nem nada do tipo, ele só foi uma boa companhia e fez com que eu conseguisse me divertir, apenas isso.

Acabei de estacionar o carro na garagem e estou carregando minhas malas para dentro de casa, que está silenciosa; não há ninguém por aqui. A viagem foi incrível, mas também foi cansativa pelas horas de estrada, portanto mal jogo as malas no quarto e me esparramo em cima da cama.

Ao fazer isso, percebo que a minha blusa está manchada de ketchup do lanche do almoço, o que me faz lembrar de um dia com David, quando ainda estávamos namorando, em que eu estava usando essa mesma blusa e que, de alguma forma, tem a ver com ketchup também.


FLASHBACK: Final de outubro do ano passado.

Faz quase duas semanas desde que David voltou a andar sozinho depois que ele saiu do coma e tinha perdido temporariamente o movimento das pernas. Eu sempre soube o quanto ele é forte e resiliente, porém, mesmo assim, fiquei impressionada, e os médicos mais ainda, com a velocidade com que ele voltou a andar.

Por conta de tudo que aconteceu nos últimos tempos, David tem dado ainda mais valor às pequenas coisas, os pequenos gestos e os pequenos momentos que, na realidade, são grandes e são eles que fazem toda a diferença.

Hoje viemos dar uma volta pelo centro, apenas pelo prazer de andarmos juntos de mãos dadas, ver os outros casais e famílias passeando pelas ruas, e como a cidade vai ganhando uma vida diferente quando a noite cai.

David se animou como uma criança quando viu uma barraquinha de cachorro-quente e disse que essa seria a nossa "janta" de hoje e que há tempos não comia um, por isso toda a empolgação.

- O que é isso? Maionese no cachorro-quente? – indago, franzindo o cenho, ao vê-lo lambuzar o seu lanche com o molho.

- Mas é claro! – ele responde com um sorriso tão puro quanto o de uma criança. – Vai me dizer que nunca fez isso?

- Não? – respondo ironicamente. – Cachorro-quente se come apenas com ketchup e mostarda, é esse o conceito.

- O conceito não importa quando se tem sabor – replica.

- Essa é a coisa mais não-americana que já vi você fazer – provoco.

O loiro dá de ombros. – Não julgue antes de provar.

- Tudo bem – me dou por convencida.

David paga os nossos lanches e, em seguida, vamos em direção ao seu carro que está estacionado não muito longe daqui, perto do Lago.

Sentamos em cima do capô do carro como dois adolescentes despretensiosos e desembrulhamos nossos cachorros-quentes para comer. David está se lambuzando todo de molho e não dá a mínima para isso. Ele come com tanto gosto que me deixa intrigada.

- Ok, você venceu. Quero ver se a tal da maionese no cachorro-quente é boa mesmo – declaro, solicitando indiretamente uma mordida do lanche dele.

- Preciso deixar avisado que é um caminho sem volta – ele diz enquanto passa o seu cachorro-quente para mim.

- Eu vou correr o risco – respondo, pegando da mão dele. Dou uma mordida no seu lanche e imediatamente arregalo os olhos com o sabor. David tem razão. A maionese melhora tudo.

- Uau! – exclamo. – Isso é muito bom.

- Não queria bancar o chato, mas eu te avisei. – Ele ergue as sobrancelhas num tom levemente convencido.

Dou risada e devolvo o cachorro-quente dele. Terminamos de comer pouco tempo depois e David sugere que fiquemos um pouco na praia do Lago, e eu concordo. Adoro passar momentos íntimos e singelos assim com ele.

- Está um pouco frio aqui – comento quando um vento gelado sopra forte em nossa direção.

- Não se preocupe, eu estou sempre preparado – meu namorado responde e abre o porta-malas do carro, tirando um lençol e uma manta de lá de dentro.

- Que tipo de pessoa anda com isso dentro do carro? – pergunto.

- Eu sou um aventureiro, esqueceu? – ele ri, fazendo com que eu ria também.

Apesar do movimento no centro, não há muitas pessoas na praia, o que eu gosto, porque dá mais sensação de privacidade. David estica o lençol para nos deitarmos em cima em um canto que eu escolho e depois abre a manta sobre nós enquanto nos enrolamos em um abraço quentinho. Ficamos observando as estrelas por um tempo até que o meu namorado resolve quebrar o silêncio.

- Estou curioso – ele começa a dizer. – Você nunca me falou muito sobre a sua infância. Como foi?

- Foi muito boa. Na verdade, foi ótima – respondo sinceramente. – Eu não tinha muita noção de que a minha avó paterna não gostava muito de mim e da minha mãe, não tinha os traumas ou a arrogância que eu tenho hoje, me dava muito bem com os meus irmãos e, apesar da minha mãe estar sempre muito ocupada por conta do seu trabalho, que estava despontando naquela época, ela sempre arrumava tempo para nós. Eu costumava chamá-la de Supermãe devido ao tanto de coisas que ela dava conta de fazer – rio com a lembrança. – Eu tive uma infância feliz. – Viro o rosto e o corpo para vê-lo melhor. – E você?

- Eu também tive uma infância feliz, apesar dos pesares. É a época que eu tenho as lembranças mais vívidas da minha mãe, obviamente – ele respira fundo. – Minha mãe me ensinando a tocar as primeiras notas no piano e eu me apaixonando por aquele instrumento mágico quase que instantaneamente. Eu e minha irmã brincando juntos, dançando juntos. Ela colocava uma sinfonia qualquer no toca-discos e começava a dançar balé pela sala, me chamando para dançar com ela. Eu era todo desengonçado, pois nunca levei jeito para dança, e nem fazia aulas de balé como ela, mas tentava apenas pelo prazer de passar aqueles momentos com a minha irmã. Até que um dia meu pai chegou em casa e nos pegou no flagra em uma dessas cenas. – David muda o seu tom, que agora é mais triste. – Ele me deu algumas bofetadas na cara dizendo que dançar balé não era coisa de homem e que eu tinha que parar de ser tão "florzinha" e virar macho. Tirou o cinto da calça e me bateu até eu prometer que nunca mais faria aquilo de novo – percebo-o engolindo em seco. – Mas, tudo bem, isso já passou – ele finge não se importar.

- Eu sinto muito, muito mesmo – lamento, passando a mão pelo seu rosto, sem saber algo melhor a dizer. – E a sua mãe, não fez nada?

- Ela não estava em casa naquele dia, estava dando um plantão no hospital. Quando chegou em casa e me viu naquele estado, ela brigou com o meu pai, é claro, mas o estrago já tinha sido feito – ele responde, relutante com suas lágrimas.

Quase solto mais um "sinto muito", mas consigo impedir e penso em algo melhor a ser dito.

Levanto-me um pouco, porém apenas o suficiente para me posicionar por cima de David.

- Promete uma coisa para mim? – indago, olhando firme em seus olhos brilhantes e mexendo em seu cabelo macio.

- O quê?

- Que você nunca vai deixar de ser quem você é ou vai reprimir algo que você queira por medo do seu pai. Ou de qualquer outra pessoa – peço, firme. Vejo-o hesitar e desviar o olhar do meu, portanto insisto. – Promete. Por favor.

David hesita por mais alguns segundos, mas concorda. – Eu prometo.

- Obrigada. – Sorrio e me inclino para beijá-lo. Meus lábios se amortecem sobre os seus e logo nossas línguas bailam em um compasso singular e único, só nosso, que combina desejo e sutileza na mesma intensidade.

Perco a noção de quanto tempo passamos nos beijando, poderiam ser horas que eu não me importaria.

- Eu não sou de me gabar, mas eu sou muito sortudo por poder ver o lado gentil do coração da garota mais turrona e linda dos Estados Unidos da América. Privilegiado até, eu diria – David declara, olhando cada detalhe do meu rosto como se eu fosse a pintura mais magnificente do Louvre, enquanto a luz brilhante da lua reflete nos fios dourados do seu cabelo.

- Privilegiada sou eu por ter conquistado o coração mais valioso que eu poderia encontrar na vida mesmo sendo essa garota tão cheia de defeitos que sou – declaro de volta, passando as mãos pelo seu rosto, ao redor do seu maxilar e pelos seus lábios.

- Se esse é o conceito de almas gêmeas, então nós definitivamente nos encaixamos nele – o loiro ri e me beija, me empurrando de volta para o meu lado do lençol e me fazendo transbordar de tanto amor e alegria.

Depois disso, passamos algumas horas olhando para as estrelas, imaginando as histórias das pessoas que estarão as observando em algum outro lugar do mundo ao mesmo tempo que nós.


DE VOLTA AO PRESENTE

Que saudades. Aquele dia foi tão mágico e tão simples ao mesmo tempo, e momentos como esse é que faziam tudo valer a pena. Não consigo entender qual foi o surto que me fez jogar na lata do lixo esse relacionamento tão puro e precioso. Na verdade, até entendo. A calmaria me fez pensar que estávamos monótonos, mas isso foi consequência de uma mente conturbada, refém de anos de um relacionamento abusivo e depois, até mesmo o meu relacionamento com David, o qual era uma montanha-russa constante, que, quando tudo se estabilizou, eu tive as impressões erradas. Porém, ainda não me conformo e jamais irei me conformar com o tamanho da minha estupidez.

- Ei, desmaiou aí em cima? – ouço a voz de Jasmine gritar do corredor e logo a vejo na porta do meu quarto.

- Quase isso – respondo e solto um longo suspiro.

- No que estava pensando? – minha amiga pergunta arqueando as sobrancelhas enquanto caminha até a beira da minha cama para sentar-se sobre ela.

- No David – dou a resposta mais óbvia de todas.

Jasmine faz uma expressão de incredulidade.

- O gato que você pegou essa semana não te fez esquecer ele?

- Jamais – respondo com obviedade. – Ninguém nunca vai me fazer esquecer o David.

- Você parecia que estava se divertindo – minha amiga argumenta.

- E estava – concordo. – Ele ocupou a minha cabeça durante esses dias.

- Mas não o seu coração – ela acrescenta.

- Exatamente.

Passam-se alguns segundos de silêncio até que Jasmine resolve se aproximar mais para conversarmos.

- Enfim, me conta mais sobre o tal Jordan – ela pede empolgada. – Nós quase não conversamos sobre isso durante a viagem.

- Ok, vamos ser sinceras aqui. Ele era lindo como você pôde bem observar com aquela pele negra e brilhante beijada pelo sol, os cachos bem definidos e um sorriso embriagante, mas... ele não era o David – abaixo os olhos por um instante. – Foi um ótimo amor de férias, no entanto – rio para descontrair.

- Você sabe que não é exatamente isso que eu quero saber – ela arqueia as sobrancelhas.

- Eu sei, eu sei... – balanço a cabeça. – Você quer saber se foi bom transar com ele. Até que foi, não vou negar. Foi um pouco estranho também, não vou mentir, transar pela primeira vez com alguém que não fosse o David – confesso enquanto minha amiga ouve atentamente. – E por mais que ele fosse até bom, mais uma vez, ele não era o David. Sabe, David e eu temos mais do que apenas química, nós explodimos juntos como dois corpos entrando em combustão completa. Fora que, ao mesmo tempo que ele consegue ser desejo e paixão, ele consegue ser doçura e delicadeza na mesma intensidade. Além de que ele tem uma dedicação em dar prazer muito mais do que receber que não é inerente à maioria dos homens – percebo que acabei ficando muito empolgada com o assunto e me contenho.

- Veredito final: apenas ok? – Jasmine indaga com um certo sarcasmo.

Dou uma risada incontrolável com a sua resposta. – Isso. Mesmo que ele tenha sido bem bom, eu estava acostumada com um padrão de sexo muito alto.

- Padrão David Allen de qualidade – minha amiga pirraça.

Solto uma gargalhada alta e apenas balanço a cabeça, um pouco envergonhada de certa forma, mas não é como se fosse mentira.

- Já que estamos no assunto sexo, – ergo uma sobrancelha – quando rola entre você e a Novalee? Estou doida para saber como é o sexo sapatão – rio mais um pouco.

É a vez dela de ficar envergonhada. – Estamos longe disso, ainda estamos apenas nos conhecendo.

- E, se eu te conheço bem, você tem um receio, um certo medo até eu diria, por ela ser mulher, estou certa?

- Bingo! – a loira confessa. – Acho que eu não saberia muito bem como agir...

- Você seria ativa ou passiva? – questiono, fazendo o rosto todo da minha amiga corar no mesmo instante.

- Crystal! – Jasmine tapa o rosto com as mãos de vergonha. – Isso é pergunta que se faça?

- Foi você que entrou no assunto de safadezas. – Dou de ombros.

- Às vezes, eu esqueço que você é escorpiana e não posso te dar corda nesses assuntos. – Ela ainda ela está vermelha como um pimentão, e eu me seguro para não rir.

- Pois é. – Ergo os ombros e curvo as mãos para cima.

- De qualquer forma, – Jasmine muda o tom – eu espero que você tenha se divertido essa semana comigo, mesmo que eu não seja festeira e loucona como a Victoria.

- Não se preocupe, você é muito melhor do que a Victoria – afirmo, apertando a mão da minha melhor amiga. Nem gosto de me lembrar que aquela talarica já foi minha amiga. – E eu com certeza me diverti bastante, obrigada por tudo.

Jasmine abre um sorriso sincero e me dá um abraço apertado e reconfortante, um abraço como aquela talarica jamais seria capaz de me dar, pois é de uma amizade sincera, coisa que eu nunca tive com aquela falsa.

Passamos o restante da tarde de molho na cama assistindo a filmes, comendo besteiras e fazendo as unhas. Liam chega quase à noite em casa da sua viagem de spring break com Anneliese, e eu corro até o seu quarto para saber como foi. Sei que eles não estavam nos seus melhores dias ultimamente por conta de divergências sobre a faculdade, e meu irmão queria aproveitar esses dias de férias para tentar acertar as coisas entre eles.

- Liam? Posso entrar? – indago enquanto bato na sua porta levemente aberta.

- Pode, entra – ele responde com um tom meio sério e não está com a expressão das mais felizes, ou seja, o objetivo da viagem não deve ter dado muito certo.

- Como foi a viagem com a Anneliese? Vocês se entenderam? – pergunto com cautela, me sentando na beirada da cama.

- Não muito – ele responde tirando as roupas de dentro das malas. – Quer dizer, a maior parte da semana foi incrível, passamos dias maravilhosos e noites melhores ainda...

- Mas... – prossigo, tentando encorajá-lo a falar.

- Nos desentendemos desde ontem. – Meu irmão bufa e joga uma das malas no chão.

- Ainda sobre o lance da faculdade? – questiono.

- É – ele se senta na cama próximo a mim. – Anneliese me disse com todas as letras que não vai abrir mão de Princeton não importa o quanto ela me ama. Chego a pensar que ela nem me ama tanto assim – resmunga.

- Lee, eu sei que é difícil para você entender, mas eu concordo com ela. Eu também não trocaria a minha faculdade dos sonhos por um romance – argumento.

- Claro que não, você não ama ninguém além do seu próprio umbigo – ele rebate. Essa doeu.

- Ah, é? Se um amor é mais importante do que uma faculdade para você, então por que não vai você atrás dela em Princeton? – retruco, arqueando uma sobrancelha.

- Porque a Universidade de Chicago também é o meu sonho. – Que resposta hipócrita. – E eu amo a minha família, não quero deixar vocês para trás para atravessar pro outro lado do país. – Ok, talvez não seja tão hipócrita assim.

- Então vocês são dois teimosos que não são capazes de abrir mão dos seus sonhos pelo que sentem um pelo outro – declaro, me alterando um pouco. – Vocês me chamam de egoísta, mas no fundo também são. E querem saber? Vocês não são tão diferentes assim de mim e do David como gostam de gabar que são. – Me levanto nervosa e saio do quarto, batendo a porta atrás de mim.

***

Dois dias se passam, o que significa que é segunda-feira, dia de aula de novo. Estou um pouco nervosa sobre como vai ser rever David depois dele ter terminado definitivamente tudo entre nós. Vou manter minha palavra em respeitar sua decisão e manter distância, mas isso não quer dizer que vá ser algo fácil.

Estamos no último trimestre do ensino médio e agora, mais do que nunca, preciso focar na minha faculdade e no meu futuro, tanto que hoje já passaram o calendário do último SAT, das visitas pelas universidades da região e até uma palestra sobre cartas de recomendação, aulas extracurriculares e todas essas coisas que precisamos fazer e ter para garantir a nossa vaga na faculdade. Agora é cada vez mais real e está a cada dia mais perto, não tem para onde fugir, mas estou confiante. Há anos que estou certa sobre querer a FIT e as minhas notas são ótimas. Se eu continuar nesse caminho, tudo indica que em breve eu estarei fazendo as malas para ir para Nova York realizar o meu sonho.

Na hora do almoço, estou conversando com Jasmine quando vejo, bem ao longe, David passar. Ele voltou a usar moletons pretos com capuz – um hábito que ele havia melhorado quando estávamos ficando –, o que me deixa preocupada. Ele voltou para o seu abismo de escuridão. Eu só espero que ele não deixe isso prejudicar o seu futuro. David precisa sair da sombra tóxica do seu pai e construir a sua vida ao seu próprio modo. Ele me prometeu.

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