A princesa desacertada (e seu...

By LadysDePemberley

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Essa é uma história com princípios e analogias cristãs. NÃO CONTÉM HOT! Tudo que a princesa Flora queria era... More

Personagens Principais
Prólogo
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Vinte e seis
Vinte e oito
Vinte e nove
Trinta
Trinta e um
Trinta e dois
Trinta e três
Trinta e quatro
Trinta e cinco
Trinta e seis
Trinta e sete
Trinta e oito
Trinta e nove
Quarenta
Quarenta e um
Quarenta e dois
Epílogo
Agradecimentos
Pedido Especial

Vinte e sete

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By LadysDePemberley

Aquilo que Flora imaginou sendo o alívio de um confronto desnecessário, tornou-se uma verdadeira batalha. Em questão de segundos, após ouvirem a voz da princesa e ela se deixar ser reconhecida ao descer da carruagem, os homens de Adrey agiram e, num piscar de olhos, Phil estava ao chão, imobilizado, Jasper tinha uma espada encostada em seu pescoço e um dos soldados puxava ela para longe da confusão.

— Por mil pastos — ela gritou quando braços firmes e ágeis a carregaram para trás do veículo. — Solte-me, agora mesmo!

— Perdão, alteza, mas sua segurança em primeiro lugar.

Irritada e sem opção, Flora passou a gritar por Adrey, desesperada, forçando o homem que comandava a rendição de Phil e Jasper e fazia um pequeno interrogatório com eles, a voltar sua atenção a ela.

— Adrey! — ela esbravejou. — O que você pensa que está fazendo?

Conseguindo se desvencilhar, enfim, dos braços do soldado após o líder dar uma ordem, claramente insatisfeita, ela caminhou até onde Philip e Jasper estavam sentados ao chão, humilhados,  com mãos e pés amarrados. Porém, uma mão firme a impediu de chegar até eles.

— Solte-os, agora mesmo! — deu a ordem ao amigo que não moveu um músculo, nem mesmo os de sua face.

— Sinto muito, alteza, mas eu sigo ordens de seu irmão e ele foi muito enfático em me proibir de obedecer qualquer ordenança da senhorita — ele esclareceu sem nenhum rodeio.

— Adrey! — A raiva de Flora aumentava a cada segundo em que via seus dois amigos sendo tratados injustamente. — Eles não são bandidos! Pelo contrário, estavam me levando em segurança para o palácio.

As sobrancelhas de Adrey se ergueram e ele encarou os dois antes de levar Flora para um lugar reservado onde poderia falar com ela sem expor as peripécias da desacertada princesa.

— Onde você esteve esse tempo todo, Flora? Sabe como o rei se encontra? Ele está muito irritado!

Embora a menção sobre seu pai — e pior, sobre seu humor — lhe fosse de grande interesse, Flora cruzou os braços em frente ao peito e sem esconder sua petulância, encarou o rapaz.

— Amelie já deve ter te contado sobre minha aventura, já que está aqui.

— Sim, mas ela deveria ter durado apenas um dia. A senhorita não retornou, minha irmã entrou em pânico. — Num tom de repreensão quase paternal, Adrey balançou a cabeça em negativa. — Ela precisou contar tudo ao príncipe Fergie.

— Digamos que as coisas saíram um pouco do controle — Flora disse com naturalidade e deu de ombros. — Agora, por favor, solte-os!

— De maneira nenhuma! Não sem antes me certificar de que eles não estão envolvidos no seu sequestro.

— Sequestro? Pelos raios da alvorada! — Flora ergueu as duas mãos ao céus. — Não vê que estou bem?

Adrey analisou atentamente a princesa e respirou aliviado ao constatar que de fato ela não parecia ferida, embora, quando contemplou seu rosto, percebeu marcas escuras ao redor dos olhos que denunciavam exaustão.

— Você não foi sequestrada? Interceptamos uma mensagem com um pedido de resgate há alguns dias.

Flora ia dizer que não, mas lembrou-se do primeiro dia fora dos portões do palácio.

— Sim, mas...

Com a expressão vitoriosa, Adrey quem cruzou os braços dessa vez.

— Fergie me mandou levar os responsáveis de seu sumiço até ele e é isso que farei. Até ser provado que eles são inocentes, ficarão sobre nossa custódia até chegarmos ao palácio.

— Adrey! Philip e Jasper me auxiliaram, me livraram das mãos dos homens realmente maus e desde então tem feito minha segurança. Como você pode duvidar de minha palavra? — Flora sentia a fúria dominá-la.

Adrey, pensativo, tentando juntar as peças, questionou:

— Quando eles a encontraram?

— Na manhã seguinte do dia que eu parti. Por que a pergunta?

— Não acha estranho que, querendo o seu bem, esses dois guers não a tenham levado diretamente até Gadol?

— Adrey, fui eu quem...

— Sinto muito, princesa, porém, essa história está muito suspeita e o príncipe poderá interrogá-los a fim de saber a verdade. Não posso fazer o que me pediu — ele respondeu dando o assunto como encerrado.

Flora apontou o dedo indicador para o rosto dele.

— Você está cometendo um grande erro! Se não fosse por Philip, aí sim eu estaria correndo perigo, se é que estaria viva. Ele me livrou da mão dos meus sequestradores e o senhor quer culpá-lo?

Adrey avaliou o rosto furioso da princesa e no fundo se divertiu com a postura dela. Porém, ele conhecia Flora o suficiente para saber da facilidade com que era enganada. Ele mesmo já havia conseguido, na adolescência, tirar proveito da pureza da bela princesa e conseguido se livrar de algumas enrascadas que envolviam atividades "ilegais" no jardim do Palácio, pedindo-a que encobrisse suas peripécias, sem se dar conta de que ele não era inocente.

— Essa história está muito estranha, princesa. Quem nos garante que eles não estão envolvidos e enganaram a senhorita esse tempo todo para pensar que eles são os heróis? Precisamos investigar!

— Pois investigue, agora mesmo! — ela ordenou mais uma vez avançando de forma ameaçadora até o rapaz. — Faça perguntas, descubra quem são! Mas solte-os!

— Faremos isso quando chegarmos ao palácio de Gadol — replicou sem se deixar intimidar pela princesa.

Conhecendo bem a inflexibilidade de Adrey, Flora voltou-se a um dos subordinados do rapaz e ordenou:

— Você, solte-os!

O homem, embora tenso por precisar desrespeitar as ordens da princesa, recebeu um olhar ameaçador de Adrey e temendo negar o pedido dela, apenas se afastou. Jasper não foi capaz de esconder toda a diversão com a cena, muito menos preocupado com seu destino do que Philip.

Flora estava pronta a tomar atitude com as próprias mãos, quando ouviu a conversa dos soldados a respeito da carruagem e do condutor. Percebeu o olhar amedrontado do jovem cocheiro e sentiu pena. Caminhou com passos duros até a carruagem, retirou de lá seus pertences e a cesta de comida, depois deu ordem para que o rapaz desse meia volta e retornasse pelo caminho de onde veio, tranquilizando-o e pedindo que não levasse preocupações a Ana e Simon, uma vez que a situação "estava sob controle".

— São amigos — ela disse baixinho. — É apenas um grande mal entendido.

O rapaz assentiu e preparou-se para partir.

— Ele foi apenas designado para conduzir a carruagem, deixe-o ir em paz — ela disse impedindo que Adrey intrometesse em suas ordens. — E tenho certeza que quanto a isso você não ousaria se opor, Adrey.

O olhar duro da princesa foi suficiente para ele entender que ela estava falando a verdade. Permitiu que o desejo dela fosse cumprido e voltou-se aos prisioneiros.

Flora queria muito fazer algo por Philip. Percebia, em seu rosto, a humilhação a qual fora submetido. Sabia que ele havia se privado de lutar, reagir e até mesmo se defender, em respeito a ela e isso a deixava ainda mais chateada. Entregou seus pertences a um dos soldados e protestou, horrorizada, quando amarraram os dois homens, cada um em seu cavalo, as mãos na sela e os pés no estribo, em seguida prenderam os animais nos da cavalaria do palácio.

Furiosa, Flora marchou com autoridade até o lado do animal mais belo de todos. O cavalo marrom de pelo reluzente era enorme, muito mais alto do que os dois últimos que ela havia montado. Mas seria um golpe justo. Com determinação, montou, sob os olhares surpresos de todos. Ajustou a saia e tentou a todo custo esconder a tremedeira das mãos que denunciavam seu medo.

— Escolhi minha montaria — ela afirmou com segurança e manteve a cabeça erguida. — Viajarei nesse.

Todos os soldados precisaram manter a compostura, embora o desejo de rir da situação constrangedora que Flora colocara seu líder tivesse um grande efeito no humor dos homens presentes. Jasper foi o único que não temeu rir. Adrey controlou todo o seu desejo de retirar a princesa de seu cavalo a força, descontando sua ira em um dos seus subordinados. Philip, embora surpreendido com a atitude dela, não conseguiu se divertir, temendo pela segurança da frágil mulher guiando um cavalo forte treinado para batalhas.

Será que ela tinha um pouco de noção do que estava fazendo? Ela demonstrou que não, quando partiu na frente de todos conduzindo o enorme Garanhão, forçando Adrey a escolher um cavalo indigno da sua posição, obrigando o dono a montar no lombo de algum companheiro.

Flora estava tão furiosa que mal conseguia raciocinar. Passou vários minutos pensando em como tiraria seus dois amigos daquela situação e não conseguia clarear sua mente. Embora ela estivesse com grande anseio de saber notícias sobre seus amados, fez questão de ignorar toda vez que Adrey procurava falar com ela. Ele, por fim, desistiu de tentar comunicação, mas manteve-se ao lado da princesa o tempo todo. A raiva inicial já tinha passado e o soldado estava pronto para cuidar de todos os interesses de sua protegida.

A demorada viagem não estava sendo nada agradável para a princesa. Quando o sol começou a se esconder no horizonte, ela sentiu o peso da noite mal dormida aliado aos infortúnios do inesperado encontro e sua cabeça voltou a doer. Sentiu o cansaço sobre seu corpo, os braços pesados e as pontadas no pescoço.

— Você está bem, Flora? — Adrey questionou baixinho. — Estamos quase chegando. Mais duas horas de viagem e estaremos no palácio.

Duas horas! Seria impossível aguentar tanto tempo, embora seu desejo fosse chegar em casa e desfazer toda a confusão sobre o sequestro e devolver a Philip a dignidade que ele merecia.

— Não suportaria nem mais meia hora, Adrey — ela murmurou massageando a nuca.

O homem percebeu os sinais de exaustão da princesa, então, deu ordens para montarem acampamento assim que encontrassem um lugar seguro para passarem a noite. Cinco minutos depois, todos estavam descendo de suas montarias, inclusive os dois prisioneiros, embaixo de frondosas árvores que ofereciam proteção do orvalho da noite.

Uma barraca improvisada foi montada para que Flora pudesse descansar perto do fogo. Adrey pediu muitas desculpas pelo péssimo alojamento, lamentando expor a princesa àquele infortúnio, mas ela mal considerou suas palavras. Viu Philip e Jasper serem acomodados perto de outra fogueira, um pouco mais distante, e seus cavalos levados para junto dos oficiais.

— Não pode soltá-los? — ela perguntou pela centésima vez ao contemplar tristemente como mantiveram os dois amarrados, despojados de suas armas e dignidade.

Adrey não respondeu, apenas entregou a ela um olhar incrédulo devido a insistência quase infantil da princesa.

Flora entrou na pequena cabana e pediu que Adrey providenciasse chá com a dipigina que entregou a ele. Quando pronto, tomou tudo e deitou-se, adormecendo quase que imediatamente. Contudo, seu sono foi agitado, habitado por sonhos atormentadores onde Phil encontrava-se em perigo.

Flora despertou assustada. A escuridão ao redor era rompida apenas pela luz da fogueira, que iluminava fracamente o ambiente. Três homens estavam dormindo, entre eles, Adrey, ao lado de sua cabana. Sentiu fome e ao olhar para a cesta de comida, recordou-se de Phil e Jasper. Olhou em direção onde estavam e só pode visualizar a sombra de ambos.

Determinada, após certificar-se de que Adrey dormia, ergueu-se, segurou a cesta de comidas e caminhou bravamente até seus amigos. Lá estava um soldado de guarda, vigiando também os prisioneiros. Ele fez menção de impedi-la de se aproximar, mas a mão direita dela e o olhar furioso o proibiu de continuar com sua intenção.

Jasper dormia encostado a uma árvore, mas Phil, para surpresa dela, estava acordado. Ele ergueu a cabeça quando a viu e seus lábios se curvaram num leve sorriso.

— Sinto muito por isso — Flora lamentou sentando-se ao lado deles. — Odeio o modo como eles tem tratado vocês. Quando chegar ao palácio, eu mesma farei com que todos sejam punidos — ela disse olhando ríspida para o soldado ao lado.

— Eles estão apenas cumprindo com o dever — Phil disse um tanto melancólico. — Assim como eu estou cumprindo o meu.

Flora suspirou e deixou a cesta no chão.

— Eu a levarei até o seu pai, como prometi, ainda que seja amarrado como um prisioneiro.

Ela observou o guerreiro baixar mais uma vez a cabeça, muito cansado. Estranhou tal comportamento e pensou quanto um homem poderia ser abatido quando seu orgulho fosse ferido. Não aceitaria mais tal situação. Levantou-se e encarando o soldado com toda indignação de sua alma, ordenou que ele fosse fazer sua ronda em outro lugar. Ele lamentou mas disse que ficaria, cumpriria as ordens de Adrey.

— Sabe o que aconteceu a última vez que um guarda desobedeceu a ordem de uma princesa? — Ela fez uma pausa, mas não esperou ele responder. — Foi enviado para servir nas docas. Cinco anos dentro de um navio, sem voltar para rever sua família.

— Adrey...

— Adrey tem a proteção de Fergie para fazer o que quer, mas ele é uma proteção segura para você, soldado? Diga-me, o rei ouvirá a súplica de sua filha ou de apenas um de seus homens sem nenhuma patente?

O homem não quis ceder de imediato, mas o semblante pálido denunciou a compreensão do recado. Cinco minutos depois ele estava longe.

A intenção inicial de Flora era apenas alimentá-los, contudo, não suportou mais vê-los sendo humilhados daquela maneira, então, sem avisar, ergueu as mãos de Philip para desamarrar as cordas. Percebeu a expressão de dor no rosto do guerreiro e quando sua mão encostou na pele da dele, ela constatou que algo estava muito errado.

— Está com febre, Philip? — perguntou retoricamente, levando a mão até a testa dele. — Está muito quente.

Ela dedicou-se com afinco para livrá-lo da corda e quando conseguiu, ele massageou o braço esquerdo, expressando sua dor. Flora, sem nenhum pudor, puxou a manga da camisa para checar o motivo de tanto desconforto.

— Por mil pastos! — ela exclamou estarrecida.

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